domingo, 10 de janeiro de 2010

Precariedade (I)

Ana tem 33 anos e licenciou-se em Arquitectura de Interiores pela Faculdade de Arquitectura da Universidade Técnica de Lisboa e, depois, em Arquitectura na Lusíada. Antevia um mercado difícil quando entrou na Ordem dos Arquitectos em 2004, mas tinha uma formação dupla. E bastante experiência. Passou por vários ateliers, mesmo antes de ter concluído a primeira licenciatura. Nunca pensou entrar na casa dos 30 sem sequer saber o que é um contrato de trabalho. Só conhece os recibos verdes."Não sou caso único, mas sei que não devia ser assim. E o pior é que tenho muita dificuldade em ver-me a trabalhar numa situação diferente desta. É aniquilador e chocante e não há perspectiva de as coisas melhorarem quando a Ordem dos Arquitectos compactua com estas situações", assegura. Questionada sobre se esta situação não é pouco comum na geração dos 30, responde: "Não é um problema dos jovens que começam a trabalhar. As pessoas com 30 anos há muito tempo que convivem com a precariedade, mas só agora tiveram visibilidade."
A situação chocou-a. Mas, garante, há casos piores: "Conheci uma rapariga com cancro da mama que continua a trabalhar por medo de perder o lugar. Trabalhamos anos a fio, mas com os recibos não temos direito a subsídio de desemprego. É uma situação de total desapoio social." No seu caso, conta com "um apoio muito forte dos pais" e um marido que lhe permitiram ultrapassar a situação. Sobre o futuro, lamenta que "as pessoas sejam formatadas para a precariedade e para acreditarem que por causa da crise devem deixar de lado os seus direitos".



E não, não é um testemunho arrancado do esquerda.net, se é que há quem julgue que perderia legitimidade caso assim fosse.
No Público, na íntegra: aqui e aqui.
Quando tiver um pedaço de tempo maior que vinte minutos, tento comentar.
Até lá, fica a voz de quem se ergue:

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