sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Porque a Justiça não investiga ganhos de ex-governantes nas PPP?

De facto, não dá para perceber porque é que a Justiça não actua nos casos em que ex-governantes obtêm benefícios das parcerias público-privadas que ajudaram a erguer.

Há 2 meses, num excelente trabalho de investigação, a SIC seguiu o rasto de antigos governantes que ocuparam pastas decisivas nos diversos executivos dos últimos 20 anos numa reportagem intitulada "Profissão: Ex-ministro".

Esta semana no Programa Olhos nos Olhos da TVI, Paulo Morais, ex-vice-presidente da Câmara Municipal do Porto e vice-presidente da ONG “Transparência e Integridade” disse estranhar porque a Justiça não actua nos casos em que ex-governantes obtêm benefícios das parcerias público-privadas que ajudaram a erguer. Ao referir os nomes de ex-ministros, secretários de Estado e de empresas, o convidado da TVI citou os casos da travessia do Tejo e das concessões rodoviárias para apontar os casos que, na sua opinião, o Ministério Público devia investigar. (Vídeo do programa aqui.)

Enquanto a Justiça não funcionar em Portugal, enquanto a Justiça for um dos maiores obstáculos ao crescimento económico e à atracção de IDE, não vale a pena pensar como é que vamos sair deste grande buraco onde estamos metidos: http://blasfemias.net/2012/09/13/o-buraco/

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

enfim...

estamos num labirinto e queremos encontrar a solução. na manifestação estiveram aqueles que já repararam que estamos a seguir numa via sem saída e quanto mais por aqui caminharmos, mais tempo levaremos a retomar o percurso certo, mais nos iremos cansar, mais iremos sofrer. os outros ainda não viram a parede e continuam a ir em frente. 
a miopia não é pecado, mas tem cura.

aparece andré, e traz o amigo camilo: http://www.congressoalternativas.org/

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Discutir alternativas é fudido...

Se mais gente tivesse visto este vídeo antes das manifs, se mais gente tivesse partilhado este vídeo pelas redes sociais antes do fim de semana passado, se mais gente tivesse discutido alternativas nos media em vez de apenas ter criticado as opções do governo, se mais gente perdesse algum tempo a perceber um pouco de economia e de política, não teria havido tanta gente nas ruas! Mas partilhar um vídeo destes, perceber e discutir aquilo que fala o Camilo Lourenço não é "cool". Eu compreendo. Partilhar merdas do "9gag" é mais engraçado e dá menos trabalho.

 

"Os salários (que são despesa corrente) e as prestações sociais pesam 75% da despesa pública. Ora diz-me lá onde é que vais cortar?"

"Há uma alternativa: cortar despesa pública e despedir 100 mil funcionários!"

Despedir 100 mil é melhor? Se calhar é...

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Petição Não a mais impostos

Cá vai uma mão cheia de pontos.

Primeiro ponto, lembrar isto aqui:

Segundo ponto, ouvir as análises de José Gomes Ferreira (a de 6ª feira e a de hoje, 2ª feira) e do Prof. Marcelo no jornal das 8 e de ler alguns posts no blasfémias e n'o insurgente que têm muita qualidade na critica que fazem a este novo aumento de impostos, bem como ler também outras pessoas mais mediáticas como Nicolau Santos e de outros economistas e deputados.

Terceiro ponto: aplaudir a posição da JSD e do seu líder Duarte Marques, que se distancia diametralmente à posição do Passos Coelho. Para ler e ouvir.

Quarto ponto, assinar a Petição do Diário Económico, a qual eu subscrevo na íntegra. Como alguém disse, isto foi um erro económico, um erro financeiro, um erro político e um erro técnico do ponto de vista jurídico.

Quinto e último ponto, termino como comecei, com uma imagem. Um outdoor da JSD que transmite o meu pensamento sobre o estado a que chegámos mais uma vez. Uma frase dita há muitos anos por Sá Carneiro que encaixa perfeitamente nos dias de hoje. Enquanto Passos Coelho confessar que não tem tomates para reduzir a despesa, alguém tem que fazer alguma coisa!

Toni reage à conferência de Passos Coelho

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O velho namoro da maioria da imprensa com o Bloco

A notícia do Público começa assim:
Aos 61 anos, João Semedo será coordenador do Bloco de Esquerda (BE), em paridade com a coordenadora Catarina Martins. A solução ficou fechada segunda-feira em reunião da comissão política com os deputados e os eurodeputados e está formalizada numa adenda à moção de estratégia para a Convenção de Novembro. Aí fica estabelecido que “os dois primeiros nomes para a Mesa Nacional, um homem e uma mulher, são os representantes políticos e institucionais do Bloco e coordenam a sua Comissão Política”.
Imaginem agora por um momento que, em vez de estarmos a falar do Bloco, estávamos a falar do PSD, do PS ou do CDS. Que se escrevia que um órgão de topo de qualquer desses partidos tinha “fechado” a questão da liderança meses antes da realização de um congresso. Que se admitia que essa questão, apesar de dividir um desses partidos, ia ser meramente “formalizada” no Congresso. Não só é impensável que um qualquer jornal português pudesse apresentar tais factos tão pouco naturais com a naturalidade com que está escrito este texto, como já teria caído o Carmo e a Trindade enão faltariam comentadores a verberar a falta de democracia inerente a tais tipos de procedimentos.
O que se está a passar com a sucessão de lideranças no Bloco é pois muito revelador. Por um lado, mostra como esse partido é, estruturalmente, um partido com uma cultura tão anti-democrática como a do PCP, só que disfarçada. Aquilo que seria normal em qualquer partido democrático – uma disputa aberta da liderança entre pessoas e projectos alternativos – continua a ser tabu no Bloco, como é no PCP, como é em todas as formações herdeiras da tradição leninista do “centralismo democrático”. Nestas alturas percebe-se melhor qual a real natureza do Bloco.
Por outro lado, este episódio também revela a forma indulgente, compreensiva, no fundo sempre simpática, como a generalidade de imprensa continua a tratar o Bloco. Nenhum outro partido português, nem o PCP, poderia esperar um parágrafo tão alinhado como o que citei. O que também ajuda a perceber a influência que o Bloco chegou a ter.

[Por José Manuel Fernandes, via Blasfémias]

Estados de alma


[Via O Insurgente]

sábado, 1 de setembro de 2012

Addendum ao Post, ‘Coisas que até fazem sentido…’ — ou o que há de económico nos psicopatas.


Caros,

um amigo comentou comigo o meu post em conversa no facebook. Disse-me que gostou do ‘pena é’ e de eu usar a expressão ‘choca’ numa frase sobre ovos. Disse-me ainda que sentiu a ‘sensaçao crua’ que descrevi no Hostel. Eu não vi o Hostel mas tenho as minhas dúvidas. Pelo que sei, é um filme violento e um pouco sujo. O Funny Games é clean e não é violento (ou pelo menos, não é isso que uma pessoa guarda do filme).

Lamentei-me que o post não era tão bom como eu inicialmente o imaginara (enquanto vinha do talho). Lamentei-me que não estava claro o que havia de económico na diferença entre os psicopatas e os rapazes. Ao lamentar-me, tentei explicar-me — explicar-lhe — melhor. Seguem os frutos dessa conversa.

(Nota: não vale a pena ler este post sem ler o post anterior, que para quem não leu, aviso, é longo.)

Matar para os rapazes é como beber uma frize quando se está mal disposto: ‘Ah, estou tão mal-disposto' — 'Ah, estou na mesma…’

Toda pessoa age segundo o seu interesse próprio. Porém, a partir do momento em que a escolha é indiferente, outros criterios kick-in.

No caso do psicopata, a escolha ‘matar ou não matar’ não é indiferente: existe um cálculo de custos e benefícios, o prazer próprio imediato, pela matança (ganho), e o custo, o seu eventual encarceramento (risco ou custo) e o desgosto do outro e da sua família (custo). No caso dos rapazes, tal escolha é indiferente: não existe cálculo — e a perda do outro é gratuita. (Quer dizer, não é totalmente gratuita mas o ganho marginal é mínimo e facilmente substituível. Para mais se comparado com a perda.)

A perda não corresponde a um ganho significativo dos rapazes, que matam por prazer, mas que podiam comer uma sandwish ao invés. There is no urge to kill in them. O mesmo ganho poderia ser obtido sem perda de outrém. Ceteris paribus,* os rapazes e o resto do pessoal podiam estar better-off. Eles, iguais, a família, melhor: viva! 
*'Ceteris paribus' é, como todos sabem, uma espécie de atum.
Um psicopata se não matasse não teria um standard de living tão bom como se matasse alguém. Os rapazes teriam se comessem uma sandwish ao invés.

Em termos de welfare, só existe uma tentativa de equilibrio com o psicopata.


Ceteris paribus, o psicopata está better-off matando, os rapazes nem por isso. Ou seja, no cômputo geral, a felicidade geral da população mantem-se estável se o psicopata matar o sem-abrigo: é mau para o sem-abrigo, bom para o psicopata. Existe um equilíbrio ou, pelo menos, nem tudo são perdas. A distribuição de welfare altera-se mas não o resultado agregado. Os psicopatas são pois um problema de distribuição do welfare, injusto mas como que equilibrado, e os rapazes um problema de resultado do welfare, que diminui — e que uma alternativa, comer a sandwish, estava mesmo à mão. Especialmente porque eles foram pedir ovos. Podiam comer uma sandes de ovo. Todos ficariam melhor. 'Omeletes for a better world ' — podia ser a mensagem do filme.
(É claro que tudo isto é falso — são loose thoughts.)

And so what? The text to the test.

Expliquei no outro texto a confusão que me fazia. Disse porém não tinha plena consciência da razão que justificava o meu terror pelos rapazes, por oposição ao horror (moderado) dos psicopatas. Disse que tal consciência implicou um raciocínio do tipo económico, que apresentei na altura e ao qual acrescentei aqui algumas notas. O ponto é o mesmo: a irracionalidade absoluta do rapazes. Agem por interesse próprio mas não tem dúvidas, não sentem thrill, a matança é banal — just killing people, as usual. O título diz tudo, não diz: Funny games. Não passe de um jogo, sem objectivo, como todos os jogos. E não são awesome, são funny, como a Powepuf girls do 'Cartoon Network.'

('Os jogos não têm objectivo.' E marcar golos é o quê? Os jogos têm objectivos internos ou intrínsecos, próprios ao jogo. 'Qual é o objectivo do jogo?' — 'Marcar golos!' — 'Mas para quê?' — 'Porque isso é jogar o jogo…' É redundante: o jogo joga-se porque sim. Objectivos extrínsecos não contam…ok, isto vai demorar mais tempo a explicar do que eu pensava, vou deixar a meio, lamento. Boa noite.)

(A quem não entender partes do texto, não se preocupe: foram trechos que provavelmente correspondem a private jokes com eventuais leitores do blog, ou comigo mesmo, ou com futuras pessoas para quem, em retrospectiva, techos do texto parecerão private jokes. Otherwise, just gibberish.)

Universidades de Verão destas vidas

Parece que a Universidade de Verão do PS que servia para formar 100 jovens quadros da JS transformou-se num Programa de Novas Oportunidades para "velhos" quadros desocupados do PS..


Descubra as diferenças...


[Foto da UV do PSD de 2011 em que participei]