...Catalogar as autarquias de nicho de favorecimentos ou centro de trabalho de chegados aos autarcas, pode ser, um tanto ao quanto generalista e de mau tom. No entanto, o estereótipo sobrevive, e não nego que pese no facto de não gostar de autarquias. Reconheço-lhes o valor. Sei que desempenham um importante papel no que é uma política de proximidade e chego a acreditar que o seu trabalho pareça mais flagrante e visível, no quotidiano, do que é o impacto da própria Assembleia de República... E é este lado-a-lado com a vida de cada dia, que leva também, no meu entender, a que o voto para os órgãos de uma freguesia, de uma assembleia municipal ou uma câmara, seja maioritariamente com base na pessoa e não tanto tendo em conta as ideias, mais na cara do que nos projectos, o que me leva mesmo a questionar a importância do papel do partido político, comparado à simpatia do autarca.
Introdução feita, e contextualizado o feitio com que encaro a coisa, vamos lá ver o que foi este fecho de ano eleitoral.
Mais votos para o PS, mais câmaras para o PSD e se tivesse que levantar um braço ao vencedor, apontaria o PS.
Nem sempre os que eram esperados são vistos de novo no poder... Tive pena de Beja e do que era um bastião comunista desde o 25 de Abril, sendo que, a juntar a três outras câmaras, a CDU derrapou em relação há quatro anos... Depois temos outro tema, que encaro com igual, ou acrescida, pena: a eleição de Isaltino Morais e Valentim Loureiro. Ambos condenados (não arguidos), ambos com recurso pedido, ambos com recurso aceite. Se o povo os escolhe, quem somos nós, estrangeiros, para por em causa a sua vontade democrática? Tudo bem... no entanto tenho pena que indício de corrupção não derrubem os seus actores sendo que, é importante lembrar, estes conseguiram fazer-se rodear de pretextos para serem condenados, apesar de, posteriormente, terem conseguido a artimanha de quebrar a condenação... E saliento o foram condenados...
Em Lisboa, Costa ganhou, com maioria, trespassando o orgulho do menino guerreiro (se é que o tem) e deixando no tapete, por KO, PSD-CDS-PPM-MPT. O Bloco de Esquerda, talvez tenha colhido os frutos do que foi (ou de como foi) o divórcio com Sá Fernandes. Perdeu, sim.
Porto deu PSD-CDS, e Rio riu (eheh, há trocadilhos que um homem sonha toda a vida por num blog).
Na bela Guarda, o PSD saiu dizimado, tendo a última pétala gritado um 'mal-me-quer', a Crespo de Carvalho. Joaquim Valente levou a maioria.
O mapa encontra-se claramente polarizado, entre PSD e PS, com uns condimentos apenas de CDU. No CDS, peca o solitário Paulo Portas por não lhe ser concedida permissão de se candidatar a 300 e tal autarquias simultaneamente e Bloco, não é, ainda, nome a aclamar em termos de autárquicas. A sua juventude não lhe permite imposição. Não lhe dá caras, não lhe dá barões autárquicos, não lhe dá, ainda, os rostos simpáticos e amigáveis entranhados na cultura de café ou barbeiro de um município ou freguesia. Porque, e como disse, tendo a acreditar que em autárquicas se vota mais em pessoas do que em ideias e, se assim não fosse, Salvaterra de Magos possivelmente não seria única.
De resto, destaque amoroso para Teresa Lopes, que com 97 anos foi candidata à Assembleia de Freguesia de Vila Franca da Beira.
Ficamos ainda à espera de um resumo (realmente) oficial...
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