sábado, 2 de outubro de 2010

Hug me, Teddy Bear!

Ouvi ontem na rádio uma simpático pseudo-intelectual da Antena 1 dizer, de entre outras coisas, que vivemos na era da ditadura do défice. Engraçada constatação senhor, por ventura bem conhecida pela elite Portuguesa que não tem a televisão estragada já lá vão 3 meses, eu cá nunca tinha ouvido.

O meu nobre Fernando tocou na minha ferida grrr-Keynesiana que teima eu não compreender como pode ser economicamente saudável um país com uma sucessiva roleta de défices - eu cá percebo a necessidade de medidas de austeridade.

A OCDE saúda as medidas, como não poderia deixar de ser - os meninos vieram ao nosso recreio saltar à corda connosco.

"As medidas anunciadas são bem-vindas, na medida em que reforçam a credibilidade das metas para o défice orçamental português (7,3% do PIB em 2010 e 4,6% em 2011). Atingir estas metas é essencial para restaurar a confiança dos investidores e, assim, assegurar que a economia portuguesa continua a ter acesso a financiamento externo"

Estando tão dependentes comercialmente do exterior pelo fraco mercado interno que Portugal detêm, e indo sucessivamente lá fora mendigar uns trocos para comprar leitinho aos filhos da Nação (bem, agora decidimos também ordenhar um pouquinho a PT) parece-me imperativo, acima de qualquer argumento nacionalista e patriótico, que ou vivemos a bem com os senhores lá de fora - que exigem mais de nós, e podem, as vacas são deles - ou teremos que viver muito mal sozinhos. O governo assume, então, a dependência de Portugal em relação aos Mercados externos. Dãããh!

Mais estranhamente mente o senhor doutor Vieira da Silva, que é um homem de esquerda tal como todos os coronéis do PS, defendeu na quinta-feira a importância das medidas de austeridade anunciadas pelo Governo, afirmando inclusive que são fundamentais para o crescimento económico do país. Ai... doce incompreensão do posicionamento da nossa cavalaria - pois se o Paulinho Portas disse-se numa feira agrícola exactamente o mesmo não me surpreenderia.

"Julgo que é indiscutível para a maioria dos economistas, que a médio e longo prazo, estas medidas terão um feito positivo", declarou o governante, que deixou o multiplicador em casa nesse mesmo dia, afundando no jogo de batalha naval dos ministros o TGV do Mendonça.



Por fim, a detalhada técnica que não interessa a ninguém. O spread das obrigações Portuguesas a 10 anos, em relação às bunds alemãs, baixou nas duas sessões consecutivas após o anúncio das medidas de austeridade. Creio até que já estamos novamente abaixo da Irlanda. O que é estranho e incompatível com medidas saudáveis em tempos de crise. Ou será o paradigma económico de cada país, os seus problemas estruturais e condicionamento de contas públicas uma realidade precisa de ser ponderada a cada país? Se a Irlanda entra em default por tomar medidas de austeridade, ok óptimo, deixamos de ser PIGS e poderíamos passar a ser a malta do GPS, não tenho o mínimo conhecimento da realidade Irlandesa. Em Portugal, infelizmente, parece-me necessário fazer uma dieta. Estado balofo. E preguiçoso. Enfim.



Mas nem tudo é triste neste mundo:

"A CGTP já lançou o repto para uma greve geral e a UGT garante que está aberta a discuti-lo. O plano de austeridade anunciado na quarta-feira pelo Governo poderá ser o motivo que levará as duas grandes centrais sindicais à rua, em conjunto. Se assim for, será a primeira vez em 22 anos que CGTP e UGT se unem em greve geral. De acordo com o secretário-geral da UGT, a última vez que isso aconteceu foi em 1988, tendo por base propostas de alteração à legislação laboral."



É óptimo quando velhos amigos se juntam, sentam-se à mesa e conversam sobre velhos tempos, velhas guerras. Espero verdadeiramente que a greve seja violenta: carros da polícia incendiados, cocktail's Molotov e pedras portuguesas da calçada atiradas com força aos defensores dessa capitalismo selvagem e porco. Com muito dano e sangue, como aconteceu em Espanha. Se fizermos barulho com muita muita força, para além que perdermos um dia de produtividade, curamos instantaneamente a ferida das Finanças Portuguesas e todos podem ter aumentos rapidamente.



Eu vou!

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