Que venha mais um ano vagabundo.
terça-feira, 31 de dezembro de 2013
segunda-feira, 23 de dezembro de 2013
É Natal, ninguém leva a mal.
Eu sei, eu sei que ando a falhar, e nem vale a pena culpar o frio que me gela ou o nevoeiro que não me deixa ver nada pela janela, o que não é bom para a inspiração. Mas fico a dever-vos duas, uma pela semana passada e outra por esta. Mas pronto, é Natal e ninguém leva a mal (e é por isso que vos deixo a melhor música de Natal de sempre). Boas festas, pessoal!
Bom Natal
Em Novembro a Volvo lançou uma campanha que se tornou viral nas redes sociais. O anúncio da Volvo em que o actor Van Damme faz a espargata entre dois camiões em movimento lançou a "competição" e todos os dias surgem vídeos na Internet onde famosos e menos famosos mostram as suas capacidades físicas.
O video promocional da Volvo, cuja mensagem é “This test was set up to demonstrate the stability and precision of Volvo Dynamic Steering. It was carried out by professionals in a closed-off area” tem mais de 60 milhões de views no youtube:
É provável que os nossos caros leitores tenham ficado impressionados com a espargata que Van Damme fez para a Volvo. O problema é que nos esquecemos das impressionantes capacidades que o grande Chuck Norris dispõe, e daquilo que ele pode fazer para responder às expectativas.
A verdade é que Chuck Norris respondeu à altura ao filme publicitário de Van Damme para a Volvo e não o fez por menos, como já nos habituou. O actor, antigo campeão do Mundo de Karaté, faz uma verdadeira espargata épica não entre dois camiões, mas entre dois aviões... e com 11 soldados norte-americanos em cima dos ombros, a formarem uma árvore de Natal. Uma forma original de desejar as Boas Festas, com a inestimável ajuda da empresa de animação húngara, Delov Digital.
Lembrem-se: nunca subestimem a capacidade de Chuck Norris em superar o que quer que seja!
Bom Natal!
O video promocional da Volvo, cuja mensagem é “This test was set up to demonstrate the stability and precision of Volvo Dynamic Steering. It was carried out by professionals in a closed-off area” tem mais de 60 milhões de views no youtube:
É provável que os nossos caros leitores tenham ficado impressionados com a espargata que Van Damme fez para a Volvo. O problema é que nos esquecemos das impressionantes capacidades que o grande Chuck Norris dispõe, e daquilo que ele pode fazer para responder às expectativas.
A verdade é que Chuck Norris respondeu à altura ao filme publicitário de Van Damme para a Volvo e não o fez por menos, como já nos habituou. O actor, antigo campeão do Mundo de Karaté, faz uma verdadeira espargata épica não entre dois camiões, mas entre dois aviões... e com 11 soldados norte-americanos em cima dos ombros, a formarem uma árvore de Natal. Uma forma original de desejar as Boas Festas, com a inestimável ajuda da empresa de animação húngara, Delov Digital.
Lembrem-se: nunca subestimem a capacidade de Chuck Norris em superar o que quer que seja!
Bom Natal!
sexta-feira, 20 de dezembro de 2013
Até já ao forró do próximo Sábado...
Isto hoje vai ser curto, porque hoje é Natal... Se o Maduro pode decretar que o Natal é em Novembro, eu também posso decretar no meu mundo que o Natal é hoje, dia 20 de Dezembro. Eu também quero "paz e felicidade para todo o mundo" e "quero derrotar a amargura que se vive no país", mas primeiro deixa lá entrar no avião que me levará a Lisboa por uns dias, ao fim de quase 7 meses entre o Rio de Janeiro e São Paulo.
Quanto ao forró do próximo sábado vai ficar para ser contado noutra sexta. Porque há sempre um forró do próximo Sábado. Assim é o Brasil, mas eu depois explico.
quarta-feira, 18 de dezembro de 2013
os filmes e os livros
À saída pude ouvir uns zunidos 'o
livro é melhor'. Também o li nas redes sociais. Sem querer fazer
deste espaço um confessionário, confesso algo uma segunda vez, não
li o livro. Mas essa batalha entre livro e filme, na qual o primeiro
parece sempre sair vitorioso, é um lugar comum. Aconteceu com o
Harry Potter. Aconteceu com os anteriores Senhores dos Aneis.
Aconteceu até com o Grande Gatsby. Aconteceu com uma infinidade de
adaptações. O livro é quase sempre melhor.
Muitas vezes, também dou por mim a
achar os livros melhores. E pergunto-me acerca das razões disso
acontecer. Talvez se deva a uma ponta de soberba. Se o filme não for
um clássico, geralmente de língua francesa, com um fim em aberto e
de difícil interpretação, ler o livro é tido como
intelectualmente superior. Dizer que o livro é melhor passa então
por simplesmente assumir 'eu li o livro'.
Haverá outras razões bem mais
interessantes. O livro é subjectivo. Há na neurociência quem
assuma que o nosso pensamento se estrutura em termos de imagens. Já
o Aristóteles afirmava, 'é impossível pensar sem um phantasma',
sendo phantasma a representação que formamos acerca de um
objecto. Repito, a imagem que formamos. A imagem que cada um de nós
forma. O problema dos livros é terem palavras, e o problema das
palavras é não serem imagens. Duas pessoas face ao mesmo excerto
irão certamente conceber imagens mentais diferentes. A desilusão
acontece quando o cinema rouba a subjectividade às palavras.
Quando nos informa que, afinal, o Frodo tem as feições do Elijah
Wood. Essas informações são um conflito para todas as imagens em
que, cada um de nós, tinha traduzido as palavras que leu. Talvez por
isso nos sintamos desiludidos, talvez por isso o livro seja sempre
melhor. Afinal, fizemos das palavras aquilo que nos apeteceu e isso
foi-nos roubado.
(pior, o cinema suga a criatividade.
Por muito Senhor dos Anéis que futuramente venha a ler, o Frodo irá
sempre ter a fronha do Elijah Wood.)
Por outro lado, as imagens têm a sua
riqueza no detalhe. A sabedoria popular diz que uma imagem vale mais
do que mil palavras. Abusando deste significado, façamos as contas.
Um filme terá vinte e quatro frames (ou imagens) por segundo (o
Hobbit tem quarenta e oito, não é? ainda assim...). Se esse filme
durar cento e sessenta minutos, isso dá duzentas e trinta mil e
quatrocentas imagens. Claro que não são precisas duas mil palavras
para diferenciar duas imagens seguidas, mas como disse, abusemos de
significados: um filme iria necessitar mais de duzentas e trinta
milhões de palavras para ser completamente traduzido. Juntos, o
Antigo e o Novo Testamento possuem perto de oitocentas mil palavras.
Apenas um filme seria capaz de ocupar o espaço de quase trezentas
Bíblias.
Nestas contas haverá a sua ponta de
verdade: aposto que o Tolkien não conhece todos os termos
necessários para descrever uma paisagem da Nova Zelândia. Muitas
dessas palavras ainda nem foram inventadas.
terça-feira, 17 de dezembro de 2013
Re: Re: Respostas respostas respostas. Borges Borges Borges
Tem sido tema as posições ou as ideias políticas. Começou o P. Marques num comentário fortuito. Continuou o FBC com a possibilidade de vir a estudá-las por outras fontes que a Wikipedia. O Luís comentou e ofereceu uns livros. Completou o Fernando com um mapa de economistas.
Confesso que é um tema que me interessa: a Política e a Economia. E não fosse eu quem eu sou, interessa-me a parte das ideias.
Mais ainda, achei muito curiosa a resposta do Fernando. Porque respondeu ao tema de ideias políticas citando economistas. E esta é uma ideia comum hoje: a política é sobretudo um affaire da economia; vivemos em sociedades de welfare produzidas pela economia. Não é uma ideia descabida ligar os dois temas.
Interessa-me o tema de economia em geral, microeconomia em particular (e macro porque tem de ser). Desde há uns tempos para cá interessa-me o tema da economia enquanto disciplina. Como se tornou ela uma disciplina tão central nas nossas vidas? Como se tornou ela a disciplna (académica) que decide sobre a Política — o Estado, Nós? Interessa-me em síntese o tema da Ascensão da Economia ao lugar central que ocupa hoje nas nossas sociedades ocidentais: enquanto disciplina que descreve os human affairs, enquanto disciplina que regula os human affairs — mais do que qualquer outra.
Isto sim é uma novidade. E data da segunda metade do século. Quem disser o contrário, tenho duas palavra: B**** Plz. Não é o caso. Claro que a ecomomia sempre foi importante, no sentido em que os Reis tinham ou não tinham dinheiro para levar a cabo uma guerra — e pedir dinheiro emprestado e ficar nas mãos de banqueiros. Mas isso é uma outra cena.
Repito. Estou a falar da teoria sobre a sociedade e o ser humano (homo economicus) enquanto central. OAdam Smith vem do Iluminismo Escocês e era um filósofo moral. A economia era um aspeto de uma visão que não era propriamente económica (ou não se pensava como tal). O Marx não era economista de profissão: vinha de história e de filosofia. Até ao início do século XX, pensava-se que para pensar em economia bastava refletir sobre os princípios que se usam no dia-a-dia; o herói era o JS Mill. (Conta de mercearia portanto, como às vezes dizemos em Gestão).
Os grandes temas políticos do século XIX para trás não eram económico. Existem alternativas para trás. As modernas teorias político-económicas não decidem sobre todas essas questões que poderiam ainda ser programa.
Muitas coisas teria a dizer mas este é um texto introdutório. A ver se pega. Se temos um thread.
Para terminar, lembrar que existem outros contenders sobre o que é e como deveria ser a sociedade, Estado, a política, o je-ne-sais-quoi, assim de cabeça:
Confesso que é um tema que me interessa: a Política e a Economia. E não fosse eu quem eu sou, interessa-me a parte das ideias.
Mais ainda, achei muito curiosa a resposta do Fernando. Porque respondeu ao tema de ideias políticas citando economistas. E esta é uma ideia comum hoje: a política é sobretudo um affaire da economia; vivemos em sociedades de welfare produzidas pela economia. Não é uma ideia descabida ligar os dois temas.
Interessa-me o tema de economia em geral, microeconomia em particular (e macro porque tem de ser). Desde há uns tempos para cá interessa-me o tema da economia enquanto disciplina. Como se tornou ela uma disciplina tão central nas nossas vidas? Como se tornou ela a disciplna (académica) que decide sobre a Política — o Estado, Nós? Interessa-me em síntese o tema da Ascensão da Economia ao lugar central que ocupa hoje nas nossas sociedades ocidentais: enquanto disciplina que descreve os human affairs, enquanto disciplina que regula os human affairs — mais do que qualquer outra.
Isto sim é uma novidade. E data da segunda metade do século. Quem disser o contrário, tenho duas palavra: B**** Plz. Não é o caso. Claro que a ecomomia sempre foi importante, no sentido em que os Reis tinham ou não tinham dinheiro para levar a cabo uma guerra — e pedir dinheiro emprestado e ficar nas mãos de banqueiros. Mas isso é uma outra cena.
Repito. Estou a falar da teoria sobre a sociedade e o ser humano (homo economicus) enquanto central. OAdam Smith vem do Iluminismo Escocês e era um filósofo moral. A economia era um aspeto de uma visão que não era propriamente económica (ou não se pensava como tal). O Marx não era economista de profissão: vinha de história e de filosofia. Até ao início do século XX, pensava-se que para pensar em economia bastava refletir sobre os princípios que se usam no dia-a-dia; o herói era o JS Mill. (Conta de mercearia portanto, como às vezes dizemos em Gestão).
Os grandes temas políticos do século XIX para trás não eram económico. Existem alternativas para trás. As modernas teorias político-económicas não decidem sobre todas essas questões que poderiam ainda ser programa.
Muitas coisas teria a dizer mas este é um texto introdutório. A ver se pega. Se temos um thread.
Para terminar, lembrar que existem outros contenders sobre o que é e como deveria ser a sociedade, Estado, a política, o je-ne-sais-quoi, assim de cabeça:
- Sociologia - o rival que perdeu com a economia; surgiu como disciplina na mesma altura mas não atingiu o prestígio da outra
- Ciência política - a moderna ciência, oh a moderna ciência
- Filosofia política - longa tradição que nos trouxe até dada altura até que se dispersou em outras disciplinas mas que manteve algumas contribuições independentes (Rawls) ou misturadas (Hayek, Amartya Sen)
- Direito - enquanto teoria das instituições, dos direitos e deveres do Estado e do Cidadão (que é afinal uma das unidades
E é isto que já vai longo. É como eu disse. A ver se pega. Se temos um thread.
PS. Não achei o Mapa de ecomistas tão curioso. Reconheci uma boa parte das linhas por escolas recentes ou por períodos, Mas eu também sou daltónico e posso ter falhado em algumas distinções. Fica para a próxima.
segunda-feira, 16 de dezembro de 2013
sábado, 14 de dezembro de 2013
Coisas de Época
1º Os meus parabéns
ao senhor Thamsanqa Jantjie! Acho que é
este o nome correcto do homem que ser fez passar por um intérprete gestual
quando na verdade sabe tanto disso como eu de medicina nuclear! Parabéns!
porque de facto é um feito digno de medalha conseguir fazer uma coisa daquelas,
ou então só uma maneira gloriosa de mostrar o quão bem controladas são estas
burocracias cerimoniais.
Ofensas à parte da comunidade afectada, porque percebo
que não seja agradável, é um episódio que no mínimo dá para rir, porque não vou
ficar irritada com um maluquinho mas sim com quem o pôs lá em cima! Acho que
até uma pessoa inculta no assunto (mas obviamente com um treino mínimo de
intérpretes nos programas da RTP1 e RTP2) consegue perceber que o que o homem
faz é embrulhar caixas repetidamente….mas sem papel…e sem caixas. Uma bela
embrulhada portanto.
2º É Natal, mas isso toda a gente já sabe. É só mergulhar na multidão consumista
todos os fins-de-semana e não há como negar. Confesso que chegando esta altura
me dá uma certa nostalgia do Magusto. Foi uma coisa que ficou perdida lá atrás,
na escola primária, quando o Magusto era para mim uma coisa verdadeiramente
importante! Agora é a porcaria de um dia sem significado nenhum! E chega a
altura do natal e penso, mas eu nem sequer celebrei Magusto! Depois passa,
afinal a mulher das castanhas está na rua todo o ano, para ela, Magusto é
quando o Homem quiser!
3º Recentemente conheci um rapazito que depois de dizer que
era vegetariano acrescenta “mas odeio que me perguntem o porquê de ser
vegetariano!”
Desculpe? Meu amigo, se me disser que odeia que lhe perguntem
o porquê de ser algeriano até entendo, agora acho que há toda uma outra
legitimidade em perguntar o porquê de ser vegetariano.
É quase curiosidade mórbida, uma espécie de “deixa
ver quais são as razões pode ser que também me dê para virar vegetariano!”. E
se é uma opção consciente não deve ser assim tão difícil tentar explicar o
porquê da escolha, não é que eu traga um bife na carteira para lhe enfiar
garganta abaixo depois de uma agitada discussão…
Para mim é um assunto nada-contra-e-nada-a-favor. Faça o que
quiser, coma alfaces e cenouras toda a vida, mas tudo o que peço é que se tiver
um filho não o ponha logo de pequenino a comer alpista, e é tudo!
sexta-feira, 13 de dezembro de 2013
André(s) em viagem
Partilhamos o nome, a paixão
pelo Basquetebol onde nos defrontámos algumas vezes, pelo empreendedorismo, a
licenciatura em gestão no ISCTE como colegas de turma, seis meses de vivência
em Erasmus na Suécia, e uma boa amizade que tem perdurado ao longo dos últimos
anos. Mas, sobretudo, o espírito de sermos dois viajantes, dois cidadãos do
mundo, duas pessoas que querem partir para descobrir o mundo. Eu já descobri
uma parte de mochila às costas, agora é a vez dele...
O André lançou-se numa epopeia
que vai marcar a sua vida de uma forma fantástica e inesquecível. Meu caro amigo,
de mim podes contar como sempre com a maior disponibilidade, amizade, respeito
e admiração pelo que vais conseguir em mais esta etapa. Mas desta vez, por
favor, perdoa-me, mas conta também com um pouco de inveja desta vez também.
O André viaja com a nobre
missão de afirmar Portugal no Mundo. É mais um que se junta a todos aqueles,
que como eu, decidiram emigrar, mas que continuam também a afirmar os valores
de Portugal e dos portugueses todos os dias nos seus trabalhos, nos seus
estudos, nas suas atividades, nos seus projetos pessoais, nas suas empresas, um
pouco por todo o mundo.
Não me vou alongar muito, vocês
podem saber tudo no link abaixo:
Eu sei que parece mentira, mas
não é. Ele vai mesmo fazer isto!
Ele já começou, enquanto eu viajo
para a semana, para um par de dias em família e com os amigos de sempre, porque
o Natal é secundário. O importante vai ser a cerveja que tomaremos daqui a uns
tempos num bar qualquer, em qualquer parte do mundo.
Meu amigo, boa sorte. E como me
disseram uma vez: Enjoy the ride of your
life!
quarta-feira, 11 de dezembro de 2013
um mapa de economistas
Desta
vez trago uma coisa um pouco diferente. Um mapa onde as localidades são economistas e nas estradas circulam as suas influências.
A
Internet tem muitas coisas boas, uma delas é a Wikipedia. A
Wikipedia é uma coisa mais ou menos bem estruturada. Por exemplo, no
que toca a economistas, existe uma página com uma lista chamada – curiosamente – list of economists. Para cada nome que existe nessa lista, existe,
quase sempre, uma página associada. E não raras vezes, nessas páginas
existe um separador com as influências e influenciados referentes a
cada economista. Todas estas coisas podem ser utilizadas para criar
um mapa engraçado (que deixo em baixo).
Nesse mapa, cada bolinha é
um economista (ou uma influência de um economista), identificado pelo seu apelido. As ligações entre as
bolinhas representam as ligações de influência entre economistas.
Se repararem, existem umas setas nas extremidades das ligações,
coisa que dá um sentido à ligação. Uma seta que aponte de Adam
Smith para Marx significa que Adam Smith influenciou Marx, ao mesmo
tempo que uma seta de Marx para Schumpeter significa que Marx
influenciou Schumpeter. As bolinhas maiores significam pessoas mais influentes.
As
cores têm um significado que emerge da estrutura criada. Existe um
algoritmo que permite detectar comunidades. As cores são colocadas
segundo aquilo que esse tal algoritmo acha que é uma comunidade de
economistas. Uma corrente de pensamento, talvez. Nem sempre.
Shakespeare está na mesma cor de Marx, sem que seja óbvio que os
dois pertençam à mesma comunidade.
A
imagem ainda tem lixo. E tem coisas que podem parecer estranhas. Tem
bolinhas que dizem ‘many’, bolinhas que dizem ‘other’.
Desculpem a Wikipedia, ainda tem coisas que não se coadunam com
desenhos de bolinhas que um cromo qualquer decide fazer.
Para
terminar, duas coisas: uma promessa e um desejo. A promessa de nunca
voltar a usar num post tantas vezes as palavras coisas ou bolinhas. O desejo de que,
se esta imagem não ajudar a esclarecer ninguém, pelo menos deixe no
ar a certeza: a economia é uma coisa complexa.
Aqui fica,
Aqui fica,
PS:
a ideia de fazer isto não veio do nada (a forma de obter as listas
de influências mais ou menos). Aqui e aqui encontram os mapas
peregrinos. Usei o gephi para o desenho! A imagem grande pode ser encontrada aqui.
PPS: talvez isto também funcione como resposta à resposta do Felipe ao Marques. É lixado categorizar posições.
terça-feira, 10 de dezembro de 2013
Da Série Wenn ist das Nunstück git und Slotermeyer? (I) - SMBC’s Hide and Seek
Da Série The Funniest Joke in the World (I) - SMBC’s Hide and Seek
Deste post podem esperar:
1) uma breve introdução à série (conteúdo, razão de ser, pontas soltas para compor um texto);
2) uma piada com comentários on the side.
1)a
Mais uma série. Esta é dedicada a things I find funny, sejam vídeos, textos, tiras BD, tiradas, conversas que participei, que assisti de soslaio ou que ouvi dizer. O título vem dos Monty Python, quem mais. É o início da 'The Funniest Joke in the World'. É o último esqueteche do primeiro episódio do Flying Circus, segundo a contra capa do DVD, e é ótimo. Já devem conhecê-lo mas ora bolas, é o video que faz sentido para a série, é um vídeo da Série de humor; tinha de pô-lo.
Quem me conhece, sabe que eu gosto de humor. Mais, que eu penso sobre o assunto e que eu racionalizo sobre what’s funny in the funny. É uma tendência das pessoas de filosofia, perguntarem-se “o que é?” numa variante de ‘Mais Platão, menos Prozac’ — ‘Mais Platão, menos Erva’. Digo isto por duas razões:
a) ouvi dizer que as pessoas ganzadas tendem a achar graça a coisas que de outro modo não achariam.
a) ouvi dizer que as pessoas ganzadas tendem a achar graça a coisas que de outro modo não achariam.
b) Platão, na personagem se Sócrates, perguntava: o que é a Justiça? (Laques), o que é o Amor? (O Banquete) — mas também perguntas menos conhecidas como: o que é um bom puré? (Hípias Maior). True story. Platão é divertido e lê-se bem e sem porquê, e cito, “só porque dá aquela palha” (Platão, Hípias Maior, 1040b).
c) pela funny quote do Bertrand Russell que dizia que os filósofos respondem a perguntas que surgem naturalmente a crianças (“o que é…?”) com métodos que surgem naturalmente a advogados. (Mas na verdade, diz que parece que é um misquote.)
Terminei a introdução da série, falei dos Monty Python e do Platão. Vamos ao episódio de hoje.
2)
A BD Saturday Morning Breakfeast Cereal (SMBC), web comic de Zach Weiner(smith). Apresentou-ma Alexander Kustov, figura ímpar na IJC, lá no clube (yeah, I know my audience well…). Desde aí ganhei muito tempo a lê-la e a achá-la o máximo. (Hei-de encomendar os livros.) O autor consegue viver do SMBC (publicidade e tal). Tal como os 5aseco de há duas semanas atrás (sim, estive doente e não postei a semana passada), o modelo de negócio depende de passa palavra e promoção online. Esta é uma contribuição minha.
(É curioso notar como soa bem ‘esta é a minha contribuição’ vs. como soa mal ‘esta é uma minha contribuição’, o artigo indefinido junto ao pronome. E isto independentemente desta última soar como ‘…ma_minha’ mas ‘o maminha’ não faz concordar o género do artigo com o substantivo.)
A strange turn to the game 'Hide and Stab'. Uma pessoas ri-se duas vezes. A primeira, com a possibilidade de alguém confundir ‘tag’ com ‘stab them to death’ e no horror desse jogo. A piada é perfeita. Pega em algo que nos é perfeitamente familiar e do nosso imaginário de criança e torna-o absolutamente inesperado — e macabro (já existe um sentimento estranho pelas personagens n\ao serem, aparentemente, crianças).
E completa com perfeição este climax do jogo que está prestes a acontecer concluindo que sim, alguém confundiu — a very strange turn — mas a confusão é a oposta à esperada — …our game of Hide and Stab. E mais, a consequência é inóqua: a desilusão de quem se deixa apanhar e não é esfaqueada — 'estás a fazer batota! arrebenta a bolha!'
Termino com mais um exemplo do brilhantismo do SMBC. Espero que gostem. (Obrigado Alex.)
Props
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SMBC,
Wenn ist das Nunstück git und Slotermeyer?
segunda-feira, 9 de dezembro de 2013
O frio faz a noite ficar mais negra.
Ontem
vi um carro com pessoas em cima, sentadas numa posição que parecia tudo menos
confortável. Era de noite e fazia frio, tanto quanto é possível fazer aqui. Não
estavam sentadas no carro, directamente no metal, mas em cima de uma espécie de
cadeiras invisíveis. As pessoas também não eram reais, ou deixaram de o ser
quando cheguei mais perto, num qualquer efeito à Toy Story. Eram duas, ele e ela. Não
deviam caber mais no carro, que era pequeno. Ao longe eram certamente pessoas,
a olhar para cima e a ver o céu estrelado pelo frio. As pessoas fazem isso, às
vezes, só que não o fazem em Lisboa. Ou no Inverno. O frio faz a noite ficar
ainda mais negra, e as estrelas brilham mais fortes no escuro. Enquanto ia
andando ao encontro deles, não por bisbilhotice mas visto que permaneciam quietos
– eles e o carro – a meio do meu trajecto, fui imaginando que estavam a ver a
beleza do céu e da vida e do mundo, a pensar em como somos pequenos e mais
pequenos são os nossos problemas, a pensar na sorte que temos em estar vivos,
sorte que não parece surgir noutros astros. Cheguei a conceber que ainda havia
pessoas que queriam ver as coisas boas, que não se deixavam ofuscar por
anúncios governamentais de prosperidade, pessoas que preferiam ver estrelas a
ir fazer vigílias alcoólicas aos ministérios da pobreza e da tristeza. Cheguei
a imaginar que ainda havia pessoas que namoravam àquela meia-luz do
antigamente, que eles preferiam o ar frio ao sofá. Supus, na minha ingenuidade,
que talvez fosse uma ocupação mais prazerosa do que alternar entre pessoas
fechadas noutra casa e crianças a cantar, na televisão, ele, e ela a fazer
chamadas tolas, gastando dinheiro para brincar a Deus. Imaginei muito, porque a
minha cabeça corre mais do que as pernas entorpecidas e congeladas, mas
eventualmente cheguei perto suficiente. O mundo, afinal, é o mesmo, e só há
esperança para as pessoas de faz-de-conta, as únicas que olham o firmamento em
Dezembro.
Nelson Mandela, a pessoa mais importante do séc. XX
O mundo chora a morte de Nelson Mandela, a única pessoa cuja morte deixará um sentimento de orfandade pelo mundo inteiro. São poucas as figuras que ficam para a história do mundo. Como Madiba (designação afetiva sul-africana), creio que provavelmente nenhuma.
A biografia de Mandela é deveras impressionante. A sua história; os seus ideais; as suas crenças; os seus valores; os 26 anos de prisão; a atitude e a dignidade com que ele saiu da prisão 26 anos depois; o processo de “Nation Building” que ele fez na África do Sul ao quebrar o Apartheid e evitar as vinganças e os ódios não só dele mas de todo seu povo; a capacidade de perdoar, de esquecer, de ultrapassar o martírio que ele sofreu; emergir um povo que estava nas mãos dos brancos e conseguir conciliar as 2 comunidades (que eram praticamente inconciliável), e conseguir convencer o seu povo a se entender com quem os tinha colonizado... só está ao alcance de um verdadeiro Homem de Estado, portador de uma envergadura moral admirável.
Mandela representa, aos olhos de todos nós, o último dos grandes estadistas do século XX e, para mim, a pessoa mais importante do séc XX! Martin Luther King não teve poder nas mãos e não esteve 26 anos de prisão, o que me permite afirmar que, olhando para as biografias das grandes figuras mundiais em termos de mensagem política, social, humana, de reconciliação e de paz... só há uma pessoa que eu consigo comparar a Nelson Mandela, que foi Jesus Cristo há 2000 anos.
A biografia de Mandela é deveras impressionante. A sua história; os seus ideais; as suas crenças; os seus valores; os 26 anos de prisão; a atitude e a dignidade com que ele saiu da prisão 26 anos depois; o processo de “Nation Building” que ele fez na África do Sul ao quebrar o Apartheid e evitar as vinganças e os ódios não só dele mas de todo seu povo; a capacidade de perdoar, de esquecer, de ultrapassar o martírio que ele sofreu; emergir um povo que estava nas mãos dos brancos e conseguir conciliar as 2 comunidades (que eram praticamente inconciliável), e conseguir convencer o seu povo a se entender com quem os tinha colonizado... só está ao alcance de um verdadeiro Homem de Estado, portador de uma envergadura moral admirável.
Mandela representa, aos olhos de todos nós, o último dos grandes estadistas do século XX e, para mim, a pessoa mais importante do séc XX! Martin Luther King não teve poder nas mãos e não esteve 26 anos de prisão, o que me permite afirmar que, olhando para as biografias das grandes figuras mundiais em termos de mensagem política, social, humana, de reconciliação e de paz... só há uma pessoa que eu consigo comparar a Nelson Mandela, que foi Jesus Cristo há 2000 anos.
sábado, 7 de dezembro de 2013
Sobre a psicologia do "vim até aqui aguento a bronca até ao fim!"
O que conto
aqui é a história real do quão ridícula e patética a influência dos media se
pode tornar. Aqui vai:
Não sei se
estão todos informados do fenómeno Tour
13, um velho prédio em Paris que antes de ser demolido foi transformado em
obra de arte, ou como quem diz, grande tela para graffiti. Artistas
internacionais convidados para subir o gabarito da coisa, e um tempo limitado
de abertura ao publico que culminaria com a demolição da mesma. Arte efémera
portanto, e quem a queria ver corria, verdadeiramente, contra o tempo.
Confesso
que tentei ir lá, uma vez, mas depois de uma hora de espera na fila e a
adivinhar outro bom par delas desisti. Mas tenho amigos mais corajosos!
Heron
convida-me para ir a Tour 13 numa terça de manhã. “não vai estar ninguém, dia
de semana, está tudo a trabalhar! E estamos lá às nove e meia e pela hora de
almoço já estamos livres!”.
Nove e meia
da manha estava ele na fila da Tour 13, as dez junta-se o resto do grupo.
E a espera
começa:
11h
12h
13h
14h
Quatro horas
na fila. “bem, agora já não consigo ir as aulas e não, e depois de quatro horas
não pode faltar muito mais. Ficamos!”
15h
16h
Ninguém tem
fome?
17h
18h
19h
Agora a
coisa está difícil… Mas quem aguenta até aqui aguenta mais um pouco!
20h
21h
22h
23h
Aleluia meu
Senhor!
E
finalmente entraram. A torre estava lotadíssima, não se via uma parede inteira,
completamente tapadas por uma multidão amontoada. O calor era insuportável,
casa de banho não havia, o cansaço esgotante. Subiram os nove andares e saíram em
dez minutos, e o que viram foi nada.
Foram no
dia a seguir ao site ver as imagens porque metade delas ninguém se lembrava!
Agora a Tour 13 está lá, solitária, fechada e
pronta a ser demolida um dia destes.
Uma média
de 7 horas de espera para uma torre grafitada cuja demolição podia ser muito
bem adiada.
Até que
ponto as pessoas se deixam estupidificar?
ps. e para quem quiser matar a curiosidade aqui fica o link
http://www.bfmtv.com/diaporama/tour-paris-13-lexpo-ephemere-a-taille-dimmeuble-236/image-13/
ps. e para quem quiser matar a curiosidade aqui fica o link
http://www.bfmtv.com/diaporama/tour-paris-13-lexpo-ephemere-a-taille-dimmeuble-236/image-13/
sexta-feira, 6 de dezembro de 2013
(Desa)bafo do preço da chuva...
Está quente e custa a
respirar... O verão começa-se a aproximar e o calor aperta. Como se não
bastasse, tens passado os últimos dias a escarafunchar o nariz no rolo de papel
da cozinha e tens gasto pequenas fortunas em lenços de papel. Fizeste “shotgun”
aos guardanapos lá de casa e eles dormem ao teu lado na cama. Mais ninguém pode
usar, são teus. Só não valem folhas A4 ainda porque arranham p’ra caraças e as
ideias têm que ficar eternizadas nesse papel. Estás outra vez com aquela tua sinusite
impossível, que te deixa o nariz assado de tanto te assuares, a vista a chorar
e te dá um mal estar do caraças, sem paciência para nada... Ah, e está um calor
impossível.
Acordaste cedo, ainda meio
lerdo, porque aqueles teus anti-histamínicos deixam-te totalmente grogue
durante os primeiros instantes do dia. Banho, fato, cereais, a rotina de
sempre. Fizeste o percurso habitual até ao escritório, mas hoje já não deu para
usares as duas alças da mochila do portátil ás costas... A recompensa de a
levar no braço foi uma camisa suada e não totalmente encharcada. O dia
passou-se e foi mais um daqueles dias no escritório. Nada de novo.
Sais cansado e agastado depois
de mais uma jornada de trabalho, depois de mais uma reunião onde descobres que
amanhã vai ser pior que hoje, mas pensas que é sexta-feira e não vai ser assim
tão mau (mas vai). Quando ainda vais a pensar no amanhã, deparas-te com o
dilúvio de hoje. A chuva cai interrompida e violentamente... Pensas: “Porra,
esqueci-me outra vez da porcaria do chapéu. A ver se isto passa...”. Passar
passa, porque passa sempre, mas isto é São Paulo e vai inundar rápido... Corres
até à estação de comboio, estrategicamente colocada junto ao escritório. Vais
no sentido do fluxo dos milhões da cidade e já não é só a chuva que sente que
sentes colada ao corpo... A humidade daquele trem equiparava-se a Manaus e a
densidade era típica de Sampa.
Sais na tua estação, decidido
em comprar mais um chapéu para te esqueceres também desse em casa da próxima
vez. Pões a mão ao bolso e tens 10 reais: “Opá boa, deve dar!”. Mas não... No
Brasil dão-se aulas de Pricing a cada
esquina: “Ah, está a chover. Ah, há mais procura! E o chapéu passou a 20 reais!”.
Estás sem dinheiro trocado e o caixa multibanco era só lá no cara... Tentas
negociar, mas não dá, hoje enquanto chover custa 20, quando parar volta a 10...
Vais ao próximo vendedor, mas o cartel estava montado, e pensas: “Foda-se, vou
a pé! É já ali...” Mas o já ali, são 2 km... É o preço de morar perto em Sampa.
Pões o pé fora da estação e o
caos estava a dar um concerto. O barulho das buzinas era ensurdecedor, o
trânsito estava para lá do caótico habitual, as ruas inundadas e a múvuca munida dos seus chapéus estava a
fazer-me pontaria ou então estavam demasiado ocupados em tentar chegar a casa
rápido... E a chuva caía agora ainda mais violentamente, mais quente, e tu no
meio disto tudo, doente, ensopado dos pés à cabeça e com a água a escorrer-te
pela ponta das mãos... Desistes! A chuva
a bater-te na cara até te parecia bem, pena estares doente... Os 2km foram
feitos com o pensamento no banho quente e na refeição tranquila com os amigos
lá de casa... Mas não, esta era a semana das quedas: primeiro uma ala do
estádio do Itaquerão (sede inaugural da Copa, pelo menos, acho que o plano se
mantém), depois o prédio de 5 andares em construção que ruiu (?!), e
finalmente, a árvore da rua ao lado de casa, que se desiquilibrou para cima de
2 carros e resolveu levar a eletricidade do Bairro toda atrás...
Chegas a casa a pingar, sobes a
pé porque o elevador não mexe, os sapatos ficam à porta, trocas de roupa e tens
que ir jantar fora, porque não consegues cozinhar porque não vês um palmo à
frente dos olhos... E aí pensas: “Foda-se, amanhã levo o chapéu, ou pago o
preço da chuva”.
quinta-feira, 5 de dezembro de 2013
Uma série de respostas
Resposta para
o Costa
Ela: Senhor, não
existe nenhum bilhete emitido em seu nome.
Ele: Desculpe?
Ela: Não temos
registado em nosso sistema nenhum bilhete emitido em seu nome.
Ele: Isso é
impossível Senhora. Eu comprei o bilhete há três dias atrás, estou certo disso.
Ela: Vou
confirmar novamente. Pois, é como lhe disse, não temos nenhum registo em seu
nome.
Ele: Não estou a
perceber… que dia é hoje?
Ela: Cinco de Dezembro
de mil novecentos e trinta.
Ele: Sexta-feira?
Ela: Exactamente
Senhor, sexta-feira.
Ele: Pois, exactamente.
Só para confirmar Senhora, estamos em Lisboa não estamos?
Ela: Desculpe?
Ele: Gostaria
apenas de confirmar onde estamos pois por vezes eu ando meio distraído… este é
Aeroporto de Lisboa não é?
Ela: Sim Senhor…
é o aeroporto de Lisboa.
(Ela começa a
achar que Ele é estranho)
Ele: Então eu tenho
a certeza que estou certo! Por favor, confirme novamente Senhora. Ainda nada?
Não estou mesmo a perceber o que possa ter acontecido.
Ela: Nem eu…
(Ele olha para o
telhado do aeroporto)
Ele: Diga-me uma
coisa por favor. Que nome está a verificar em seu sistema?
Ela: Como assim?
O seu nome!
Ele: Claro, mas
qual?
Ela: O nome que está
escrito em seu Passaporte. Senhor Fernando Pessoa.
Ela: Xiiii…
merda. Ora tente lá por favor Ricardo Reis ou Alberto Caeiro ou… como se chama
o outro mesmo? Não se assuste Senhora, somos todos a mesma pessoa.
(Claro que isto é
tudo mentira. Em 1930 ainda não existia o Aeroporto de Lisboa. Nem o ‘sistema’.
Mas se existissem, Ele certamente teria que pagar uma taxa para alterar o
nome).
Resposta para
o Luís
Também já pensei
porque é que as pessoas escrevem em Blogs. Porém, como mostraste, a
multiplicidade de hipóteses torna a análise um tanto vaga de conclusões. No
caso destes Mentirosos todos, de quem posso falar com um pouco mais de propriedade,
acho que é só mesmo para alimentar o Ego. Embora não tenha sido o primeiro a pensar isso.
Resposta para
o Marques
Na verdade também não é
resposta nenhuma, mas sim um conjunto de pensamentos consequentes de tua última
Mentira.
Achei graça à tua
intitulação de liberal (e não ultraliberal) assim com a boca cheia. Não pelo
que isso representa em termos da minha compreensão da tua pessoa, mas pelo
facto de eu não conseguir categorizar a minha posição política numa palavra. Ou
em poucas, vá. Sinto que possuo um conjunto de opiniões e posições face à
realidade política, económica e social que podem aproximar-se mais ou menos de
uma percepção bastante incompleta que tenho de um número de correntes
ideológicas formais. Não estou a falar de bandeiras partidárias. Acredito
também que são mutáveis as posições individuais em função de novas experiências
que nos confrontam com realidades diferentes de forma constante. No fundo, parece
que quanto mais conheço mais difícil fica etiquetar uma dada predisposição de
pensamento. Ainda assim mostra-se cada vez mais lógico que a forma mais lógica de
ideologia política estará necessariamente entre o neoliberalismo e a
social-democracia, com todo o risco que os meios-termos implicam. Mas prefiro o
risco do meio-termo ao risco do radicalismo. Uma resolução de ano-novo que já
migra na prateleira faz anos é precisamente estudar, de forma estruturada e
académica, a história das ideias políticas. Até lá, vou lendo pontas soltas que
vão ajudando a ganhar vontade de atacar o todo.
E li esta semana
uma ponta solta que me despertou interesse (sim, tudo isto foi para chegar
aqui). Chama-se a Terceira Via (ou The Third Way) e é “uma corrente da
ideologia social-democrata, (…) promovida por alguns partidários do liberalismo
social. Tenta reconciliar a direita e a esquerda, através de uma política económica
ortodoxa e de uma política social progressista (…) parece ser uma corrente que
apresenta uma conciliação entre capitalismo de livre mercado e socialismo
democrático” (direitinho da Wiki). Vocês que são muito mais educados do que eu,
já devem saber a história deste movimento que falhou redondo precisamente por estar
no meio-termo. Morreu nas mãos dos Clintons
e Blairs desta vida. Vale leu um
pouco de Anthony Giddens para
conhecer melhor. Acho que isto ainda vai dar que falar no futuro.
quarta-feira, 4 de dezembro de 2013
pinheiros de Natal
Na escola primária multiplicam-se
composições com o tema 'o que é o Natal?'. Eu cá gosto do Natal.
O que não interessa para nada, convenhamos, a pergunta quer apenas
saber o que é o Natal e não o que eu acho acerca do Natal. Assumo
com humildade que não sei nada do que vai nas cabeças das outras
pessoas. Objectivamente, o Natal é a soma daquilo que todas as
pessoas pensam acerca do Natal. Por isso a resposta à pergunta o que
é o Natal é fácil: não sei. Talvez a professora tenha incorrido
no erro comum de deixar incompleta uma pergunta que se julga
subentendida: em composições vindouras, faça por adequar o
enunciado à exequibilidade.
Para mim, Europeu confesso, o Natal é
frio, neve, pinheiros, lojas enfeitadas, iluminação, nascimento de
Jesus. A um carioca, tirem o frio e a neve. A um etíope, tirem as
lojas enfeitadas, a iluminação. A um indígena pagão tirem o
nascimento de Jesus e ponham o solstício de Inverno. No meio disto,
fica a teimosia do pinheiro. De formas várias, há pinheiros em
todos os continentes, a árvore é uma praga. Professora, afinal sei
a resposta: o Natal são pinheiros (o Natal pode ser quando um homem
quiser somente pela evidência dos pinheiros serem árvores de folha
persistente).
No país do pequeno Carlitos, criança
reguila, aconteceu pois um episódio curioso. Por volta de Fevereiro,
os pinheiros começaram a murchar. Secaram e caíram sem causa
aparente. O pânico instalou-se, não por causa dos perigos que a
falta de pinheiros podem causar num ecossistema biológico, mas
porque nesse país deixaria de haver Natal. O conselho de ministros
reuniu-se em torno do ministro líder. Dias de negociação levaram à
arquitectura de um plano. Os pinheiros naturais tinham que ser
obrigatoriamente substituídos. Um apelo foi feito à nação, só um
aumento de impostos extraordinário poderia tornar exequível o
resgate do Natal. Foi referendada a pergunta, 'Deseja salvar o
Natal?'. O sim ganhou.
Todo o plástico que o país conseguia
produzir ou importar foi canalizado para a criação de pinheiros
artificiais. Criteriosamente, foram colocados onde antes se erguiam,
perdoem-me o abuso de linguagem, pinheiros de carne e osso. Por volta
de Novembro, já ninguém se lembrava do que era resina, pinhas a
cair ou o chilrear de pássaros em ninhos. O Natal estava salvo,
mesmo que agora não houvesse, naquele país, plástico ou dinheiro disponível
para as estrelas, bolas, e outros enfeites coloridos.
Por volta de Janeiro, sentado no
baloiço do parque da cidade, o pequeno Carlitos, criança reguila,
mastigava pastilha elástica enquanto brincava com o indicador dentro
do próprio nariz. Viu homens com químicos a aleijar os pinheiros.
Não compreendeu porque é que o faziam, sendo as árvores tão
bonitas e saudáveis. Meses mais tarde, quando os exemplares a fingir foram plantados, o
Carlitos achou prontamente que as pessoas que viu naquele dia eram
keynesianos vestidos de fato-de-macaco. Mas eram somente os funcionários da empresa de plástico
daquele país, alguns dos quais até ministros.
segunda-feira, 2 de dezembro de 2013
Porquê escrever em blogues?
Há algum tempo tive esta dúvida, dei por mim a pensar nisto. Claro que entretanto adormeci, ou arranjei algo melhor para fazer. Talvez pura e simplesmente tenha ouvido cair um lápis no andar de cima ou uma buzina na rua, que é o que basta para me fazer alhear das ideias que tenho (felizmente, elas vêm em grande número e com uma periodicidade constante).
Vamos por partes. Em primeiro lugar, porquê escrever? Esta é uma pergunta que surge em quase todas as entrevistas a escritores. Gostando eu de ler entrevistas e interessando-me por literatura, já vi um número ridículo de respostas diferentes. Não é em cada cabeça, sua sentença, mas quase. Para uns é uma necessidade quase fisiológica, para outros um trabalho, para uns a vontade de viver outras vidas, para outros uma forma de expurgar os males que os assolam. Na verdade, não me revejo em qualquer uma destas opções. Mas também não sou um escritor, pode ser disso.
Depois, porque escrever um blogue? Bom, imagino que as hipóteses acima referidas se podem manter, mas há algumas novidades: uns escrevem em blogues com esperanças que isso lhes impulsione a carreira (é giro vê-los a comentar nos blogues mais lidos), outros porque acham que têm algo a dizer, outros porque acham que têm a obrigação de o fazer, para não defraudar os seus leitores.
Acabo de perceber que não me revejo propriamente em nenhuma destas hipóteses. Sei porque escrevi este texto - quando pensei no assunto não cheguei a nenhuma conclusão, e às vezes pensar por escrito torna tudo mais claro - mas isso não me leva a lado nenhum (como este texto não levou a nenhuma conclusão). Ao fim ao cabo, acho que escrevo porque me apetece. Pode ser?
Da série: “Só o excesso de tolerância alimenta a ditadura das minorias!” (II)
Eu queria ter escrito sobre este assunto a semana passada, mas como o meu facebook estava inundado de indignados anti-pepsi, resolvi traze-lo para esta semana.
Ao que parece, no mês passado os Suíços recusaram limitar salários 'milionários' com mais de 65% a ir às urnas votar contra a imposição legal de limites aos salários mais altos, ou seja, quase 2/3 disseram "não" à proposta de referendo que pretendia limitar os salários mais altos de uma empresa a serem no máximo 12 vezes superiores aos salários mais baixos da mesma instituição.
A ideia por detrás desta proporção é que numa empresa ninguém ganhe mais num mês do que outros ganham num ano inteiro. Ao contrário do que o Fernando estaria à espera, os suíços não aprovaram por uma simples razão: perda de competitividade e prosperidade da economia suíça e a atratividade do país.
Aqui em Portugal, a JS quer importar o "Gato Gordo" da Suiça. A proposta dos jovens socialistas tem por base, não só o exemplo suíço, mas também o exemplo francês que já define que um gestor de uma empresa pública só pode ganhar 20 vezes mais do que o trabalhador mais mal pago.
O 1º pensamento a que me vem à cabeça quando penso nisto é que uma coisas destas seria aprovada em Portugal. Em certas partes do mundo, como nos EUA, na Suiça ou em Portugal, há CEOs que ganham 200 vezes o salário do funcionario mais baixo. Eu não tenho os nºs de Portugal, mas tenho este TOP da Suiça:
Eu, como liberal que sou (e aqui não confundir com ultra-liberal), não acho que 1:12 seja uma proporção razoável mas acho que estabelecer-se legalmente um teto para os salários milionários é algo que faz sentido. Isto porque uma proporção de 1:200 é uma imoralidade e uma obscenidade.
É uma medida que pela Europa fora está a ser discutida e eu acho que merece ser discutida. Mas de uma coisa é certa: eu simpatizo imenso com países onde uma medida populista é chumbada em massa.
Ao que parece, no mês passado os Suíços recusaram limitar salários 'milionários' com mais de 65% a ir às urnas votar contra a imposição legal de limites aos salários mais altos, ou seja, quase 2/3 disseram "não" à proposta de referendo que pretendia limitar os salários mais altos de uma empresa a serem no máximo 12 vezes superiores aos salários mais baixos da mesma instituição.
A ideia por detrás desta proporção é que numa empresa ninguém ganhe mais num mês do que outros ganham num ano inteiro. Ao contrário do que o Fernando estaria à espera, os suíços não aprovaram por uma simples razão: perda de competitividade e prosperidade da economia suíça e a atratividade do país.
Aqui em Portugal, a JS quer importar o "Gato Gordo" da Suiça. A proposta dos jovens socialistas tem por base, não só o exemplo suíço, mas também o exemplo francês que já define que um gestor de uma empresa pública só pode ganhar 20 vezes mais do que o trabalhador mais mal pago.
O 1º pensamento a que me vem à cabeça quando penso nisto é que uma coisas destas seria aprovada em Portugal. Em certas partes do mundo, como nos EUA, na Suiça ou em Portugal, há CEOs que ganham 200 vezes o salário do funcionario mais baixo. Eu não tenho os nºs de Portugal, mas tenho este TOP da Suiça:
Eu, como liberal que sou (e aqui não confundir com ultra-liberal), não acho que 1:12 seja uma proporção razoável mas acho que estabelecer-se legalmente um teto para os salários milionários é algo que faz sentido. Isto porque uma proporção de 1:200 é uma imoralidade e uma obscenidade.
É uma medida que pela Europa fora está a ser discutida e eu acho que merece ser discutida. Mas de uma coisa é certa: eu simpatizo imenso com países onde uma medida populista é chumbada em massa.
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