terça-feira, 31 de dezembro de 2013

2013 não foi fácil


Que venha mais um ano vagabundo.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

É Natal, ninguém leva a mal.



Eu sei, eu sei que ando a falhar, e nem vale a pena culpar o frio que me gela ou o nevoeiro que não me deixa ver nada pela janela, o que não é bom para a inspiração. Mas fico a dever-vos duas, uma pela semana passada e outra por esta. Mas pronto, é Natal e ninguém leva a mal (e é por isso que vos deixo a melhor música de Natal de sempre). Boas festas, pessoal!

Bom Natal

Em Novembro a Volvo lançou uma campanha que se tornou viral nas redes sociais. O anúncio da Volvo em que o actor Van Damme faz a espargata entre dois camiões em movimento lançou a "competição" e todos os dias surgem vídeos na Internet onde famosos e menos famosos mostram as suas capacidades físicas.

O video promocional da Volvo, cuja mensagem é “This test was set up to demonstrate the stability and precision of Volvo Dynamic Steering. It was carried out by professionals in a closed-off area” tem mais de 60 milhões de views no youtube:

É provável que os nossos caros leitores tenham ficado impressionados com a espargata que Van Damme fez para a Volvo. O problema é que nos esquecemos das impressionantes capacidades que o grande Chuck Norris dispõe, e daquilo que ele pode fazer para responder às expectativas.

A verdade é que Chuck Norris respondeu à altura ao filme publicitário de Van Damme para a Volvo e não o fez por menos, como já nos habituou. O actor, antigo campeão do Mundo de Karaté, faz uma verdadeira espargata épica não entre dois camiões, mas entre dois aviões... e com 11 soldados norte-americanos em cima dos ombros, a formarem uma árvore de Natal. Uma forma original de desejar as Boas Festas, com a inestimável ajuda da empresa de animação húngara, Delov Digital.

Lembrem-se: nunca subestimem a capacidade de Chuck Norris em superar o que quer que seja!

Bom Natal!

sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Até já ao forró do próximo Sábado...

Isto hoje vai ser curto, porque hoje é Natal... Se o Maduro pode decretar que o Natal é em Novembro, eu também posso decretar no meu mundo que o Natal é hoje, dia 20 de Dezembro. Eu também quero "paz e felicidade para todo o mundo" e "quero derrotar a amargura que se vive no país", mas primeiro deixa lá entrar no avião que me levará a Lisboa por uns dias, ao fim de quase 7 meses entre o Rio de Janeiro e São Paulo.

Quanto ao forró do próximo sábado vai ficar para ser contado noutra sexta. Porque há sempre um forró do próximo Sábado. Assim é o Brasil, mas eu depois explico.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

os filmes e os livros

Anteontem fui ver o Hobbit. Feito pouco extraordinário, sublinhe-se. Gostei do filme. Confesso, não sou muito dado à crítica cinematográfica. Não consigo detalhadamente apontar aquilo de que não gostei. As coisas de que se gostam, gostam-se e o assunto morre. Assumir que não se gostou deixa no ar um dos silêncios constrangedores que aguardam uma justificação, um ou outro detalhe que fundamente a opinião. Gostei do filme, portanto.

À saída pude ouvir uns zunidos 'o livro é melhor'. Também o li nas redes sociais. Sem querer fazer deste espaço um confessionário, confesso algo uma segunda vez, não li o livro. Mas essa batalha entre livro e filme, na qual o primeiro parece sempre sair vitorioso, é um lugar comum. Aconteceu com o Harry Potter. Aconteceu com os anteriores Senhores dos Aneis. Aconteceu até com o Grande Gatsby. Aconteceu com uma infinidade de adaptações. O livro é quase sempre melhor.

Muitas vezes, também dou por mim a achar os livros melhores. E pergunto-me acerca das razões disso acontecer. Talvez se deva a uma ponta de soberba. Se o filme não for um clássico, geralmente de língua francesa, com um fim em aberto e de difícil interpretação, ler o livro é tido como intelectualmente superior. Dizer que o livro é melhor passa então por simplesmente assumir 'eu li o livro'.

Haverá outras razões bem mais interessantes. O livro é subjectivo. Há na neurociência quem assuma que o nosso pensamento se estrutura em termos de imagens. Já o Aristóteles afirmava, 'é impossível pensar sem um phantasma', sendo phantasma a representação que formamos acerca de um objecto. Repito, a imagem que formamos. A imagem que cada um de nós forma. O problema dos livros é terem palavras, e o problema das palavras é não serem imagens. Duas pessoas face ao mesmo excerto irão certamente conceber imagens mentais diferentes. A desilusão acontece quando o cinema rouba a subjectividade às palavras. Quando nos informa que, afinal, o Frodo tem as feições do Elijah Wood. Essas informações são um conflito para todas as imagens em que, cada um de nós, tinha traduzido as palavras que leu. Talvez por isso nos sintamos desiludidos, talvez por isso o livro seja sempre melhor. Afinal, fizemos das palavras aquilo que nos apeteceu e isso foi-nos roubado.

(pior, o cinema suga a criatividade. Por muito Senhor dos Anéis que futuramente venha a ler, o Frodo irá sempre ter a fronha do Elijah Wood.)

Por outro lado, as imagens têm a sua riqueza no detalhe. A sabedoria popular diz que uma imagem vale mais do que mil palavras. Abusando deste significado, façamos as contas. Um filme terá vinte e quatro frames (ou imagens) por segundo (o Hobbit tem quarenta e oito, não é? ainda assim...). Se esse filme durar cento e sessenta minutos, isso dá duzentas e trinta mil e quatrocentas imagens. Claro que não são precisas duas mil palavras para diferenciar duas imagens seguidas, mas como disse, abusemos de significados: um filme iria necessitar mais de duzentas e trinta milhões de palavras para ser completamente traduzido. Juntos, o Antigo e o Novo Testamento possuem perto de oitocentas mil palavras. Apenas um filme seria capaz de ocupar o espaço de quase trezentas Bíblias.

Nestas contas haverá a sua ponta de verdade: aposto que o Tolkien não conhece todos os termos necessários para descrever uma paisagem da Nova Zelândia. Muitas dessas palavras ainda nem foram inventadas.

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Re: Re: Respostas respostas respostas. Borges Borges Borges

Tem sido tema as posições ou as ideias políticas. Começou o P. Marques num comentário fortuito. Continuou o FBC com a possibilidade de vir a estudá-las por outras fontes que a Wikipedia. O Luís comentou e ofereceu uns livros. Completou o Fernando com um mapa de economistas.

Confesso que é um tema que me interessa: a Política e a Economia. E não fosse eu quem eu sou, interessa-me a parte das ideias.

Mais ainda, achei muito curiosa a resposta do Fernando. Porque respondeu ao tema de ideias políticas citando economistas. E esta é uma ideia comum hoje: a política é sobretudo um affaire da economia; vivemos em sociedades de welfare produzidas pela economia. Não é uma ideia descabida ligar os dois temas.

Interessa-me o tema de economia em geral, microeconomia em particular (e macro porque tem de ser). Desde há uns tempos para cá interessa-me o tema da economia enquanto disciplina. Como se tornou ela uma disciplina tão central nas nossas vidas? Como se tornou ela a disciplna (académica) que decide sobre a Política — o Estado, Nós? Interessa-me em síntese o tema da Ascensão da Economia ao lugar central que ocupa hoje nas nossas sociedades ocidentais: enquanto disciplina que descreve os human affairs, enquanto disciplina que regula os human affairs — mais do que qualquer outra.

Isto sim é uma novidade. E data da segunda metade do século. Quem disser o contrário, tenho duas palavra: B**** Plz. Não é o caso. Claro que a ecomomia sempre foi importante, no sentido em que os Reis tinham ou não tinham dinheiro para levar a cabo uma guerra — e pedir dinheiro emprestado e ficar nas mãos de banqueiros. Mas isso é uma outra cena.

Repito. Estou a falar da teoria sobre a sociedade e o ser humano (homo economicus) enquanto central. OAdam Smith vem do Iluminismo Escocês e era um filósofo moral. A economia era um aspeto de uma visão que não era propriamente económica (ou não se pensava como tal). O Marx não era economista de profissão: vinha de história e de filosofia. Até ao início do século XX, pensava-se que para pensar em economia bastava refletir sobre os princípios que se usam no dia-a-dia; o herói era o JS Mill. (Conta de mercearia portanto, como às vezes dizemos em Gestão).

Os grandes temas políticos do século XIX para trás não eram económico. Existem alternativas para trás. As modernas teorias político-económicas não decidem sobre todas essas questões que poderiam ainda ser programa.

Muitas coisas teria a dizer mas este é um texto introdutório. A ver se pega. Se temos um thread.

Para terminar, lembrar que existem outros contenders sobre o que é e como deveria ser a sociedade,  Estado, a política, o je-ne-sais-quoi, assim de cabeça:

  • Sociologia - o rival que perdeu com a economia; surgiu como disciplina na mesma altura mas não atingiu o prestígio da outra
  • Ciência política - a moderna ciência, oh a moderna ciência
  • Filosofia política -  longa tradição que nos trouxe até dada altura até que se dispersou em outras disciplinas mas que manteve algumas contribuições independentes (Rawls) ou misturadas (Hayek, Amartya Sen)
  • Direito - enquanto teoria das instituições, dos direitos e deveres do Estado e do Cidadão (que é afinal uma das unidades 
E é isto que já vai longo. É como eu disse. A ver se pega. Se temos um thread.

PS. Não achei o Mapa de ecomistas tão curioso. Reconheci uma boa parte das linhas por escolas recentes ou por períodos, Mas eu também sou daltónico e posso ter falhado em algumas distinções. Fica para a próxima.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

A Solução

Esta 6ª feira os Gato Fedorento mostraram-nos A Solução para salvar Portugal da crise. Quem ainda não viu, tem a hipótese de ver aqui:

sábado, 14 de dezembro de 2013

Coisas de Época

1º Os meus parabéns ao senhor Thamsanqa Jantjie! Acho que é este o nome correcto do homem que ser fez passar por um intérprete gestual quando na verdade sabe tanto disso como eu de medicina nuclear! Parabéns! porque de facto é um feito digno de medalha conseguir fazer uma coisa daquelas, ou então só uma maneira gloriosa de mostrar o quão bem controladas são estas burocracias cerimoniais.
 Ofensas à parte da comunidade afectada, porque percebo que não seja agradável, é um episódio que no mínimo dá para rir, porque não vou ficar irritada com um maluquinho mas sim com quem o pôs lá em cima! Acho que até uma pessoa inculta no assunto (mas obviamente com um treino mínimo de intérpretes nos programas da RTP1 e RTP2) consegue perceber que o que o homem faz é embrulhar caixas repetidamente….mas sem papel…e sem caixas. Uma bela embrulhada portanto.

2º É Natal, mas isso toda a gente já sabe. É só mergulhar na multidão consumista todos os fins-de-semana e não há como negar. Confesso que chegando esta altura me dá uma certa nostalgia do Magusto. Foi uma coisa que ficou perdida lá atrás, na escola primária, quando o Magusto era para mim uma coisa verdadeiramente importante! Agora é a porcaria de um dia sem significado nenhum! E chega a altura do natal e penso, mas eu nem sequer celebrei Magusto! Depois passa, afinal a mulher das castanhas está na rua todo o ano, para ela, Magusto é quando o Homem quiser!

3º Recentemente conheci um rapazito que depois de dizer que era vegetariano acrescenta “mas odeio que me perguntem o porquê de ser vegetariano!”
Desculpe? Meu amigo, se me disser que odeia que lhe perguntem o porquê de ser algeriano até entendo, agora acho que há toda uma outra legitimidade em perguntar o porquê de ser vegetariano.
É quase curiosidade mórbida, uma espécie de “deixa ver quais são as razões pode ser que também me dê para virar vegetariano!”. E se é uma opção consciente não deve ser assim tão difícil tentar explicar o porquê da escolha, não é que eu traga um bife na carteira para lhe enfiar garganta abaixo depois de uma agitada discussão…

Para mim é um assunto nada-contra-e-nada-a-favor. Faça o que quiser, coma alfaces e cenouras toda a vida, mas tudo o que peço é que se tiver um filho não o ponha logo de pequenino a comer alpista, e é tudo! 

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

André(s) em viagem

Partilhamos o nome, a paixão pelo Basquetebol onde nos defrontámos algumas vezes, pelo empreendedorismo, a licenciatura em gestão no ISCTE como colegas de turma, seis meses de vivência em Erasmus na Suécia, e uma boa amizade que tem perdurado ao longo dos últimos anos. Mas, sobretudo, o espírito de sermos dois viajantes, dois cidadãos do mundo, duas pessoas que querem partir para descobrir o mundo. Eu já descobri uma parte de mochila às costas, agora é a vez dele...

O André lançou-se numa epopeia que vai marcar a sua vida de uma forma fantástica e inesquecível. Meu caro amigo, de mim podes contar como sempre com a maior disponibilidade, amizade, respeito e admiração pelo que vais conseguir em mais esta etapa. Mas desta vez, por favor, perdoa-me, mas conta também com um pouco de inveja desta vez também.

O André viaja com a nobre missão de afirmar Portugal no Mundo. É mais um que se junta a todos aqueles, que como eu, decidiram emigrar, mas que continuam também a afirmar os valores de Portugal e dos portugueses todos os dias nos seus trabalhos, nos seus estudos, nas suas atividades, nos seus projetos pessoais, nas suas empresas, um pouco por todo o mundo.

Não me vou alongar muito, vocês podem saber tudo no link abaixo:

Eu sei que parece mentira, mas não é. Ele vai mesmo fazer isto!

Ele já começou, enquanto eu viajo para a semana, para um par de dias em família e com os amigos de sempre, porque o Natal é secundário. O importante vai ser a cerveja que tomaremos daqui a uns tempos num bar qualquer, em qualquer parte do mundo.

Meu amigo, boa sorte. E como me disseram uma vez: Enjoy the ride of your life!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

um mapa de economistas

Desta vez trago uma coisa um pouco diferente. Um mapa onde as localidades são economistas e nas estradas circulam as suas influências. 

A Internet tem muitas coisas boas, uma delas é a Wikipedia. A Wikipedia é uma coisa mais ou menos bem estruturada. Por exemplo, no que toca a economistas, existe uma página com uma lista chamada curiosamente list of economists. Para cada nome que existe nessa lista, existe, quase sempre, uma página associada. E não raras vezes, nessas páginas existe um separador com as influências e influenciados referentes a cada economista. Todas estas coisas podem ser utilizadas para criar um mapa engraçado (que deixo em baixo). 

Nesse mapa, cada bolinha é um economista (ou uma influência de um economista), identificado pelo seu apelido. As ligações entre as bolinhas representam as ligações de influência entre economistas. Se repararem, existem umas setas nas extremidades das ligações, coisa que dá um sentido à ligação. Uma seta que aponte de Adam Smith para Marx significa que Adam Smith influenciou Marx, ao mesmo tempo que uma seta de Marx para Schumpeter significa que Marx influenciou Schumpeter. As bolinhas maiores significam pessoas mais influentes.

As cores têm um significado que emerge da estrutura criada. Existe um algoritmo que permite detectar comunidades. As cores são colocadas segundo aquilo que esse tal algoritmo acha que é uma comunidade de economistas. Uma corrente de pensamento, talvez. Nem sempre. Shakespeare está na mesma cor de Marx, sem que seja óbvio que os dois pertençam à mesma comunidade.

A imagem ainda tem lixo. E tem coisas que podem parecer estranhas. Tem bolinhas que dizem ‘many’, bolinhas que dizem ‘other’. Desculpem a Wikipedia, ainda tem coisas que não se coadunam com desenhos de bolinhas que um cromo qualquer decide fazer.

Para terminar, duas coisas: uma promessa e um desejo. A promessa de nunca voltar a usar num post tantas vezes as palavras coisas ou bolinhas. O desejo de que, se esta imagem não ajudar a esclarecer ninguém, pelo menos deixe no ar a certeza: a economia é uma coisa complexa. 

Aqui fica, 






PS: a ideia de fazer isto não veio do nada (a forma de obter as listas de influências mais ou menos). Aqui e aqui encontram os mapas peregrinos. Usei o gephi para o desenho! A imagem grande pode ser encontrada aqui.

PPS: talvez isto também funcione como resposta à resposta do Felipe ao Marques. É lixado categorizar posições.


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Da Série Wenn ist das Nunstück git und Slotermeyer? (I) - SMBC’s Hide and Seek



Da Série The Funniest Joke in the World (I) - SMBC’s Hide and Seek

Deste post podem esperar:
1) uma breve introdução à série (conteúdo, razão de ser, pontas soltas para compor um texto);
2) uma piada com comentários on the side

1)a
Mais uma série. Esta é dedicada a things I find funny, sejam vídeos, textos, tiras BD, tiradas, conversas que participei, que assisti de soslaio ou que ouvi dizer. O título vem dos Monty Python, quem mais. É o início da 'The Funniest Joke in the World'. É o último esqueteche do primeiro episódio do Flying Circus, segundo a contra capa do DVD, e é ótimo. Já devem conhecê-lo mas ora bolas, é o video que faz sentido para a série, é um vídeo da Série de humor; tinha de pô-lo.



Quem me conhece, sabe que eu gosto de humor. Mais, que eu penso sobre o assunto e que eu racionalizo sobre what’s funny in the funny. É uma tendência das pessoas de filosofia, perguntarem-se “o que é?” numa variante de ‘Mais Platão, menos Prozac’ — ‘Mais Platão, menos Erva’. Digo isto por duas razões:
a) ouvi dizer que as pessoas ganzadas tendem a achar graça a coisas que de outro modo não achariam.
b) Platão, na personagem se Sócrates, perguntava: o que é a Justiça? (Laques), o que é o Amor? (O Banquete) — mas também perguntas menos conhecidas como: o que é um bom puré? (Hípias Maior). True story. Platão é divertido e lê-se bem e sem porquê, e cito, “só porque dá aquela palha” (Platão, Hípias Maior, 1040b).
c) pela funny quote do Bertrand Russell que dizia que os filósofos respondem a perguntas que surgem naturalmente a crianças (“o que é…?”) com métodos que surgem naturalmente a advogados. (Mas na verdade, diz que parece que é um misquote.)

Terminei a introdução da série, falei dos Monty Python e do Platão. Vamos ao episódio de hoje.

2)
A BD Saturday Morning Breakfeast Cereal (SMBC), web comic de Zach Weiner(smith). Apresentou-ma Alexander Kustov, figura ímpar na IJC, lá no clube (yeah, I know my audience well…). Desde aí ganhei muito tempo a lê-la e a achá-la o máximo. (Hei-de encomendar os livros.) O autor consegue viver do SMBC (publicidade e tal). Tal como os 5aseco de há duas semanas atrás (sim, estive doente e não postei a semana passada), o modelo de negócio depende de passa palavra e promoção online. Esta é uma contribuição minha.

(É curioso notar como soa bem ‘esta é a minha contribuição’ vs. como soa mal ‘esta é uma minha contribuição’, o artigo indefinido junto ao pronome. E isto independentemente desta última soar como ‘…ma_minha’ mas ‘o maminha’ não faz concordar o género do artigo com o substantivo.)

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A strange turn to the game 'Hide and Stab'. Uma pessoas ri-se duas vezes. A primeira, com a possibilidade de alguém confundir ‘tag’ com ‘stab them to death’ e no horror desse jogo. A piada é perfeita. Pega em algo que nos é perfeitamente familiar e do nosso imaginário de criança e torna-o absolutamente inesperado — e macabro (já existe um sentimento estranho pelas personagens n\ao serem, aparentemente, crianças).

E completa com perfeição este climax do jogo que está prestes a acontecer concluindo que sim, alguém confundiu — a very strange turn — mas a confusão é a oposta à esperada — …our game of Hide and Stab. E mais, a consequência é inóqua: a desilusão de quem se deixa apanhar e não é esfaqueada — 'estás a fazer batota! arrebenta a bolha!'

Termino com mais um exemplo do brilhantismo do SMBC. Espero que gostem. (Obrigado Alex.)

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Props

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

O frio faz a noite ficar mais negra.


Ontem vi um carro com pessoas em cima, sentadas numa posição que parecia tudo menos confortável. Era de noite e fazia frio, tanto quanto é possível fazer aqui. Não estavam sentadas no carro, directamente no metal, mas em cima de uma espécie de cadeiras invisíveis. As pessoas também não eram reais, ou deixaram de o ser quando cheguei mais perto, num qualquer efeito à Toy Story. Eram duas, ele e ela. Não deviam caber mais no carro, que era pequeno. Ao longe eram certamente pessoas, a olhar para cima e a ver o céu estrelado pelo frio. As pessoas fazem isso, às vezes, só que não o fazem em Lisboa. Ou no Inverno. O frio faz a noite ficar ainda mais negra, e as estrelas brilham mais fortes no escuro. Enquanto ia andando ao encontro deles, não por bisbilhotice mas visto que permaneciam quietos – eles e o carro – a meio do meu trajecto, fui imaginando que estavam a ver a beleza do céu e da vida e do mundo, a pensar em como somos pequenos e mais pequenos são os nossos problemas, a pensar na sorte que temos em estar vivos, sorte que não parece surgir noutros astros. Cheguei a conceber que ainda havia pessoas que queriam ver as coisas boas, que não se deixavam ofuscar por anúncios governamentais de prosperidade, pessoas que preferiam ver estrelas a ir fazer vigílias alcoólicas aos ministérios da pobreza e da tristeza. Cheguei a imaginar que ainda havia pessoas que namoravam àquela meia-luz do antigamente, que eles preferiam o ar frio ao sofá. Supus, na minha ingenuidade, que talvez fosse uma ocupação mais prazerosa do que alternar entre pessoas fechadas noutra casa e crianças a cantar, na televisão, ele, e ela a fazer chamadas tolas, gastando dinheiro para brincar a Deus. Imaginei muito, porque a minha cabeça corre mais do que as pernas entorpecidas e congeladas, mas eventualmente cheguei perto suficiente. O mundo, afinal, é o mesmo, e só há esperança para as pessoas de faz-de-conta, as únicas que olham o firmamento em Dezembro.

Nelson Mandela, a pessoa mais importante do séc. XX

O mundo chora a morte de Nelson Mandela, a única pessoa cuja morte deixará um sentimento de orfandade pelo mundo inteiro. São poucas as figuras que ficam para a história do mundo. Como Madiba (designação afetiva sul-africana), creio que provavelmente nenhuma.

A biografia de Mandela é deveras impressionante. A sua história; os seus ideais; as suas crenças; os seus valores; os 26 anos de prisão; a atitude e a dignidade com que ele saiu da prisão 26 anos depois; o processo de “Nation Building” que ele fez na África do Sul ao quebrar o Apartheid e evitar as vinganças e os ódios não só dele mas de todo seu povo; a capacidade de perdoar, de esquecer, de ultrapassar o martírio que ele sofreu; emergir um povo que estava nas mãos dos brancos e conseguir conciliar as 2 comunidades (que eram praticamente inconciliável), e conseguir convencer o seu povo a se entender com quem os tinha colonizado... só está ao alcance de um verdadeiro Homem de Estado, portador de uma envergadura moral admirável.

Mandela representa, aos olhos de todos nós, o último dos grandes estadistas do século XX e, para mim, a pessoa mais importante do séc XX! Martin Luther King não teve poder nas mãos e não esteve 26 anos de prisão, o que me permite afirmar que, olhando para as biografias das grandes figuras mundiais em termos de mensagem política, social, humana, de reconciliação e de paz... só há uma pessoa que eu consigo comparar a Nelson Mandela, que foi Jesus Cristo há 2000 anos.

sábado, 7 de dezembro de 2013

Sobre a psicologia do "vim até aqui aguento a bronca até ao fim!"

O que conto aqui é a história real do quão ridícula e patética a influência dos media se pode tornar. Aqui vai:
Não sei se estão todos informados do fenómeno Tour 13, um velho prédio em Paris que antes de ser demolido foi transformado em obra de arte, ou como quem diz, grande tela para graffiti. Artistas internacionais convidados para subir o gabarito da coisa, e um tempo limitado de abertura ao publico que culminaria com a demolição da mesma. Arte efémera portanto, e quem a queria ver corria, verdadeiramente, contra o tempo.

Confesso que tentei ir lá, uma vez, mas depois de uma hora de espera na fila e a adivinhar outro bom par delas desisti. Mas tenho amigos mais corajosos!
Heron convida-me para ir a Tour 13 numa terça de manhã. “não vai estar ninguém, dia de semana, está tudo a trabalhar! E estamos lá às nove e meia e pela hora de almoço já estamos livres!”.

Nove e meia da manha estava ele na fila da Tour 13, as dez junta-se o resto do grupo.
E a espera começa:

11h

12h

13h

14h

Quatro horas na fila. “bem, agora já não consigo ir as aulas e não, e depois de quatro horas não pode faltar muito mais. Ficamos!”

15h

16h

Ninguém tem fome?

17h

18h

19h

Agora a coisa está difícil… Mas quem aguenta até aqui aguenta mais um pouco!

20h

21h

22h

23h

Aleluia meu Senhor!

E finalmente entraram. A torre estava lotadíssima, não se via uma parede inteira, completamente tapadas por uma multidão amontoada. O calor era insuportável, casa de banho não havia, o cansaço esgotante. Subiram os nove andares e saíram em dez minutos, e o que viram foi nada.
Foram no dia a seguir ao site ver as imagens porque metade delas ninguém se lembrava!

Agora a Tour 13 está lá, solitária, fechada e pronta a ser demolida um dia destes.
Uma média de 7 horas de espera para uma torre grafitada cuja demolição podia ser muito bem adiada.

Até que ponto as pessoas se deixam estupidificar?



ps. e para quem quiser matar a curiosidade aqui fica o link
http://www.bfmtv.com/diaporama/tour-paris-13-lexpo-ephemere-a-taille-dimmeuble-236/image-13/

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

(Desa)bafo do preço da chuva...

Está quente e custa a respirar... O verão começa-se a aproximar e o calor aperta. Como se não bastasse, tens passado os últimos dias a escarafunchar o nariz no rolo de papel da cozinha e tens gasto pequenas fortunas em lenços de papel. Fizeste “shotgun” aos guardanapos lá de casa e eles dormem ao teu lado na cama. Mais ninguém pode usar, são teus. Só não valem folhas A4 ainda porque arranham p’ra caraças e as ideias têm que ficar eternizadas nesse papel. Estás outra vez com aquela tua sinusite impossível, que te deixa o nariz assado de tanto te assuares, a vista a chorar e te dá um mal estar do caraças, sem paciência para nada... Ah, e está um calor impossível.

Acordaste cedo, ainda meio lerdo, porque aqueles teus anti-histamínicos deixam-te totalmente grogue durante os primeiros instantes do dia. Banho, fato, cereais, a rotina de sempre. Fizeste o percurso habitual até ao escritório, mas hoje já não deu para usares as duas alças da mochila do portátil ás costas... A recompensa de a levar no braço foi uma camisa suada e não totalmente encharcada. O dia passou-se e foi mais um daqueles dias no escritório. Nada de novo.
Sais cansado e agastado depois de mais uma jornada de trabalho, depois de mais uma reunião onde descobres que amanhã vai ser pior que hoje, mas pensas que é sexta-feira e não vai ser assim tão mau (mas vai). Quando ainda vais a pensar no amanhã, deparas-te com o dilúvio de hoje. A chuva cai interrompida e violentamente... Pensas: “Porra, esqueci-me outra vez da porcaria do chapéu. A ver se isto passa...”. Passar passa, porque passa sempre, mas isto é São Paulo e vai inundar rápido... Corres até à estação de comboio, estrategicamente colocada junto ao escritório. Vais no sentido do fluxo dos milhões da cidade e já não é só a chuva que sente que sentes colada ao corpo... A humidade daquele trem equiparava-se a Manaus e a densidade era típica de Sampa.

Sais na tua estação, decidido em comprar mais um chapéu para te esqueceres também desse em casa da próxima vez. Pões a mão ao bolso e tens 10 reais: “Opá boa, deve dar!”. Mas não... No Brasil dão-se aulas de Pricing a cada esquina: “Ah, está a chover. Ah, há mais procura! E o chapéu passou a 20 reais!”. Estás sem dinheiro trocado e o caixa multibanco era só lá no cara... Tentas negociar, mas não dá, hoje enquanto chover custa 20, quando parar volta a 10... Vais ao próximo vendedor, mas o cartel estava montado, e pensas: “Foda-se, vou a pé! É já ali...” Mas o já ali, são 2 km... É o preço de morar perto em Sampa.

Pões o pé fora da estação e o caos estava a dar um concerto. O barulho das buzinas era ensurdecedor, o trânsito estava para lá do caótico habitual, as ruas inundadas e a múvuca munida dos seus chapéus estava a fazer-me pontaria ou então estavam demasiado ocupados em tentar chegar a casa rápido... E a chuva caía agora ainda mais violentamente, mais quente, e tu no meio disto tudo, doente, ensopado dos pés à cabeça e com a água a escorrer-te pela ponta das mãos...  Desistes! A chuva a bater-te na cara até te parecia bem, pena estares doente... Os 2km foram feitos com o pensamento no banho quente e na refeição tranquila com os amigos lá de casa... Mas não, esta era a semana das quedas: primeiro uma ala do estádio do Itaquerão (sede inaugural da Copa, pelo menos, acho que o plano se mantém), depois o prédio de 5 andares em construção que ruiu (?!), e finalmente, a árvore da rua ao lado de casa, que se desiquilibrou para cima de 2 carros e resolveu levar a eletricidade do Bairro toda atrás...


Chegas a casa a pingar, sobes a pé porque o elevador não mexe, os sapatos ficam à porta, trocas de roupa e tens que ir jantar fora, porque não consegues cozinhar porque não vês um palmo à frente dos olhos... E aí pensas: “Foda-se, amanhã levo o chapéu, ou pago o preço da chuva”.

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Uma série de respostas

Resposta para o Costa

Ela: Senhor, não existe nenhum bilhete emitido em seu nome.
Ele: Desculpe?
Ela: Não temos registado em nosso sistema nenhum bilhete emitido em seu nome.
Ele: Isso é impossível Senhora. Eu comprei o bilhete há três dias atrás, estou certo disso.
Ela: Vou confirmar novamente. Pois, é como lhe disse, não temos nenhum registo em seu nome.
Ele: Não estou a perceber… que dia é hoje?
Ela: Cinco de Dezembro de mil novecentos e trinta.
Ele: Sexta-feira?
Ela: Exactamente Senhor, sexta-feira.
Ele: Pois, exactamente. Só para confirmar Senhora, estamos em Lisboa não estamos?
Ela: Desculpe?
Ele: Gostaria apenas de confirmar onde estamos pois por vezes eu ando meio distraído… este é Aeroporto de Lisboa não é?
Ela: Sim Senhor… é o aeroporto de Lisboa.

(Ela começa a achar que Ele é estranho)

Ele: Então eu tenho a certeza que estou certo! Por favor, confirme novamente Senhora. Ainda nada? Não estou mesmo a perceber o que possa ter acontecido.
Ela: Nem eu…

(Ele olha para o telhado do aeroporto)

Ele: Diga-me uma coisa por favor. Que nome está a verificar em seu sistema?
Ela: Como assim? O seu nome!
Ele: Claro, mas qual?
Ela: O nome que está escrito em seu Passaporte. Senhor Fernando Pessoa.
Ela: Xiiii… merda. Ora tente lá por favor Ricardo Reis ou Alberto Caeiro ou… como se chama o outro mesmo? Não se assuste Senhora, somos todos a mesma pessoa.

(Claro que isto é tudo mentira. Em 1930 ainda não existia o Aeroporto de Lisboa. Nem o ‘sistema’. Mas se existissem, Ele certamente teria que pagar uma taxa para alterar o nome).

Resposta para o Luís

Também já pensei porque é que as pessoas escrevem em Blogs. Porém, como mostraste, a multiplicidade de hipóteses torna a análise um tanto vaga de conclusões. No caso destes Mentirosos todos, de quem posso falar com um pouco mais de propriedade, acho que é só mesmo para alimentar o Ego. Embora não tenha sido o primeiro a pensar isso.

Resposta para o Marques

Na verdade também não é resposta nenhuma, mas sim um conjunto de pensamentos consequentes de tua última Mentira.

Achei graça à tua intitulação de liberal (e não ultraliberal) assim com a boca cheia. Não pelo que isso representa em termos da minha compreensão da tua pessoa, mas pelo facto de eu não conseguir categorizar a minha posição política numa palavra. Ou em poucas, vá. Sinto que possuo um conjunto de opiniões e posições face à realidade política, económica e social que podem aproximar-se mais ou menos de uma percepção bastante incompleta que tenho de um número de correntes ideológicas formais. Não estou a falar de bandeiras partidárias. Acredito também que são mutáveis as posições individuais em função de novas experiências que nos confrontam com realidades diferentes de forma constante. No fundo, parece que quanto mais conheço mais difícil fica etiquetar uma dada predisposição de pensamento. Ainda assim mostra-se cada vez mais lógico que a forma mais lógica de ideologia política estará necessariamente entre o neoliberalismo e a social-democracia, com todo o risco que os meios-termos implicam. Mas prefiro o risco do meio-termo ao risco do radicalismo. Uma resolução de ano-novo que já migra na prateleira faz anos é precisamente estudar, de forma estruturada e académica, a história das ideias políticas. Até lá, vou lendo pontas soltas que vão ajudando a ganhar vontade de atacar o todo.

E li esta semana uma ponta solta que me despertou interesse (sim, tudo isto foi para chegar aqui). Chama-se a Terceira Via (ou The Third Way) e é “uma corrente da ideologia social-democrata, (…) promovida por alguns partidários do liberalismo social. Tenta reconciliar a direita e a esquerda, através de uma política económica ortodoxa e de uma política social progressista (…) parece ser uma corrente que apresenta uma conciliação entre capitalismo de livre mercado e socialismo democrático” (direitinho da Wiki). Vocês que são muito mais educados do que eu, já devem saber a história deste movimento que falhou redondo precisamente por estar no meio-termo. Morreu nas mãos dos Clintons e Blairs desta vida. Vale leu um pouco de Anthony Giddens para conhecer melhor. Acho que isto ainda vai dar que falar no futuro.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

pinheiros de Natal

Na escola primária multiplicam-se composições com o tema 'o que é o Natal?'. Eu cá gosto do Natal. O que não interessa para nada, convenhamos, a pergunta quer apenas saber o que é o Natal e não o que eu acho acerca do Natal. Assumo com humildade que não sei nada do que vai nas cabeças das outras pessoas. Objectivamente, o Natal é a soma daquilo que todas as pessoas pensam acerca do Natal. Por isso a resposta à pergunta o que é o Natal é fácil: não sei. Talvez a professora tenha incorrido no erro comum de deixar incompleta uma pergunta que se julga subentendida: em composições vindouras, faça por adequar o enunciado à exequibilidade.

Para mim, Europeu confesso, o Natal é frio, neve, pinheiros, lojas enfeitadas, iluminação, nascimento de Jesus. A um carioca, tirem o frio e a neve. A um etíope, tirem as lojas enfeitadas, a iluminação. A um indígena pagão tirem o nascimento de Jesus e ponham o solstício de Inverno. No meio disto, fica a teimosia do pinheiro. De formas várias, há pinheiros em todos os continentes, a árvore é uma praga. Professora, afinal sei a resposta: o Natal são pinheiros (o Natal pode ser quando um homem quiser somente pela evidência dos pinheiros serem árvores de folha persistente).

No país do pequeno Carlitos, criança reguila, aconteceu pois um episódio curioso. Por volta de Fevereiro, os pinheiros começaram a murchar. Secaram e caíram sem causa aparente. O pânico instalou-se, não por causa dos perigos que a falta de pinheiros podem causar num ecossistema biológico, mas porque nesse país deixaria de haver Natal. O conselho de ministros reuniu-se em torno do ministro líder. Dias de negociação levaram à arquitectura de um plano. Os pinheiros naturais tinham que ser obrigatoriamente substituídos. Um apelo foi feito à nação, só um aumento de impostos extraordinário poderia tornar exequível o resgate do Natal. Foi referendada a pergunta, 'Deseja salvar o Natal?'. O sim ganhou.

Todo o plástico que o país conseguia produzir ou importar foi canalizado para a criação de pinheiros artificiais. Criteriosamente, foram colocados onde antes se erguiam, perdoem-me o abuso de linguagem, pinheiros de carne e osso. Por volta de Novembro, já ninguém se lembrava do que era resina, pinhas a cair ou o chilrear de pássaros em ninhos. O Natal estava salvo, mesmo que agora não houvesse, naquele país, plástico ou dinheiro disponível para as estrelas, bolas, e outros enfeites coloridos.

Por volta de Janeiro, sentado no baloiço do parque da cidade, o pequeno Carlitos, criança reguila, mastigava pastilha elástica enquanto brincava com o indicador dentro do próprio nariz. Viu homens com químicos a aleijar os pinheiros. Não compreendeu porque é que o faziam, sendo as árvores tão bonitas e saudáveis. Meses mais tarde, quando os exemplares a fingir foram plantados, o Carlitos achou prontamente que as pessoas que viu naquele dia eram keynesianos vestidos de fato-de-macaco. Mas eram somente os funcionários da empresa de plástico daquele país, alguns dos quais até ministros.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Porquê escrever em blogues?

Há algum tempo tive esta dúvida, dei por mim a pensar nisto. Claro que entretanto adormeci, ou arranjei algo melhor para fazer. Talvez pura e simplesmente tenha ouvido cair um lápis no andar de cima ou uma buzina na rua, que é o que basta para me fazer alhear das ideias que tenho (felizmente, elas vêm em grande número e com uma periodicidade constante).

Vamos por partes. Em primeiro lugar, porquê escrever? Esta é uma pergunta que surge em quase todas as entrevistas a escritores. Gostando eu de ler entrevistas e interessando-me por literatura, já vi um número ridículo de respostas diferentes. Não é em cada cabeça, sua sentença, mas quase. Para uns é uma necessidade quase fisiológica, para outros um trabalho, para uns a vontade de viver outras vidas, para outros uma forma de expurgar os males que os assolam. Na verdade, não me revejo em qualquer uma destas opções. Mas também não sou um escritor, pode ser disso.

Depois, porque escrever um blogue? Bom, imagino que as hipóteses acima referidas se podem manter, mas há algumas novidades: uns escrevem em blogues com esperanças que isso lhes impulsione a carreira (é giro vê-los a comentar nos blogues mais lidos), outros porque acham que têm algo a dizer, outros porque acham que têm a obrigação de o fazer, para não defraudar os seus leitores.

Acabo de perceber que não me revejo propriamente em nenhuma destas hipóteses. Sei porque escrevi este texto - quando pensei no assunto não cheguei a nenhuma conclusão, e às vezes pensar por escrito torna tudo mais claro - mas isso não me leva a lado nenhum (como este texto não levou a nenhuma conclusão). Ao fim ao cabo, acho que escrevo porque me apetece. Pode ser?

Da série: “Só o excesso de tolerância alimenta a ditadura das minorias!” (II)

Eu queria ter escrito sobre este assunto a semana passada, mas como o meu facebook estava inundado de indignados anti-pepsi, resolvi traze-lo para esta semana.

Ao que parece, no mês passado os Suíços recusaram limitar salários 'milionários' com mais de 65% a ir às urnas votar contra a imposição legal de limites aos salários mais altos, ou seja, quase 2/3 disseram "não" à proposta de referendo que pretendia limitar os salários mais altos de uma empresa a serem no máximo 12 vezes superiores aos salários mais baixos da mesma instituição.


A ideia por detrás desta proporção é que numa empresa ninguém ganhe mais num mês do que outros ganham num ano inteiro. Ao contrário do que o Fernando estaria à espera, os suíços não aprovaram por uma simples razão: perda de competitividade e prosperidade da economia suíça e a atratividade do país.

Aqui em Portugal, a JS quer importar o "Gato Gordo" da Suiça. A proposta dos jovens socialistas tem por base, não só o exemplo suíço, mas também o exemplo francês que já define que um gestor de uma empresa pública só pode ganhar 20 vezes mais do que o trabalhador mais mal pago.

O 1º pensamento a que me vem à cabeça quando penso nisto é que uma coisas destas seria aprovada em Portugal. Em certas partes do mundo, como nos EUA, na Suiça ou em Portugal, há CEOs que ganham 200 vezes o salário do funcionario mais baixo. Eu não tenho os nºs de Portugal, mas tenho este TOP da Suiça:


Eu, como liberal que sou (e aqui não confundir com ultra-liberal), não acho que 1:12 seja uma proporção razoável mas acho que estabelecer-se legalmente um teto para os salários milionários é algo que faz sentido. Isto porque uma proporção de 1:200 é uma imoralidade e uma obscenidade.

É uma medida que pela Europa fora está a ser discutida e eu acho que merece ser discutida. Mas de uma coisa é certa: eu simpatizo imenso com países onde uma medida populista é chumbada em massa.