quinta-feira, 30 de julho de 2009

a história me absolverá

No dia em que nos EUA (onde 45 milhões não têm seguro de saúde), liberais e conservadores acordam um conjunto de medidas que visam reformar o sistema nacional de saúde com o objectivo de alargar a cobertura médica a 95% da população, achei por bem deixar aqui um vídeo feito por um Americano, proíbido na América, a terra da liberdade.

terça-feira, 21 de julho de 2009

sábado, 18 de julho de 2009

momento musical


Um grupo alemão, que juntou uma musica bonia ás paisagens de lisboa dos anos 80 e mais, chamou-lhe white city of lights.

fica aqui, porque deve ser visto e ouvido =)

pimbas, descarga emocional

Daquele banco, vê-se o futuro. É simples, cru, de madeira arranhada e com a tinta vermelha original que o tempo não conseguiu arrancar. Esse que da sua insistência conhecemos os meses, os anos e as rugas que a carne dos bichos não tem como recusar, apesar do chega-para-lá que dura o tamanho da vida, e acaba sempre com os mesmos vencedores e vencidos. Á volta do banco brilhava um relvado, teimoso na sua luta contra o mar de betão. E os ataques das brincadeiras nunca calmas dignas da infância, calunia essa que ao fim ao cabo é a razão da sua existência. Não obstante, fazia brotar de quando em quando um palmo de ortigas sacanas. Nunca acreditou em sinas ou pré-destinos, e não ia começar agora. Do banco vermelho via-se o futuro, num erotismo que sempre levava a si curiosos, mal-dizentes, crentes ou sépticos, intelectuais, analfabetos ou pseudo-qualquecoisa, em peregrinações mais ou menos sazonais. Todos reconheciam no que viam do banco o futuro, mas só alguns nele acreditavam. Alguns, altivos, coçavam o queixo com dois dedos ou puxavam pela barba, e chegavam à conclusão que o banco não precisava de ser confortável para ter valor. Porque dele via-se o futuro. Outros sentavam-se, viam, não acreditavam, levantavam-se, seguiam pela rua calmamente, com o mesmo afecto e sensibilidade que os levou a ali se sentarem. Uns terceiros ainda chicoteavam os primeiros com acusações discriminatórias, invejando-lhes o ar estóico ou temendo as imagens que viram. Certo dia encontrei sentada no banco uma rapariga petrificada, olhos pretos escuro, reluzentes. Duas pérolas que olhavam fixamente o rio, não com um ar de loucura, mas com a aparência de quem saboreava o que assistia. Sei-o pelo sorriso quase imperceptível que lhe escalava poucos milímetros a face. Pensei partilhar o banco com ela, mas não tinha curiosidade em saber o que via. Já ali como ela tinha estado. Olhei-a o tempo que pareceu pouco, ininterruptamente até que um indivíduo de fato preto se lhe colocou à frente. Apenas desviou o rosto, e continuou a sorrir. Outros dois chegaram e teimaram em tapar-lhe a vista. Pôs-se em cima do banco, de pé descalços e calcanhares calejados. Daí continuou a sorrir mais uns instantes. E vieram homens cada vez mais altos. Tentou saltar e ver por cima. E os homens saltaram com ela. Tentou os lados e os homens vinham cada vez mais largos. (E o sorriso caiu no relvado, que o acolheu e com ele regou um sentimento de revolta.) Os homens de preto, não gostaram do seu ar utópico (temiam-no, e porque o faziam se as utopias não saem dos contos?). Acho que não lhe compreendiam a coragem e temeram que a rapariga, também ela, anunciasse o banco ao mundo. Porque do banco vermelho via-se o futuro, e há quem não goste de o partilhar.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

A Viagem

Um passo em frente
sagaz malabarista.
Aquece-me esta vista:
Pinta-te de carmim,
de rosa e violeta,
e tira com cuidado
teu sorriso da gaveta.
Gira essas bolinhas,
Gira para mim!

Carrega o teu armário
tão vazio e tão pesado;
é a tua vida: ao contrário.
Empurra com os pés,
Empurra, palhaço!
Procura o teu caminho
Pega as cartas e baralha;
Quero-te deambulando
no fio da navalha.

E quero o medo sujando
tuas cores de borboleta.
E com um tiro de escopeta
anunciar-te minha mensagem:
Estás pesado e vais incerto,
é o início da viagem.

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Aquela menina que roubava livros

Longa ausência.
Enfrentei necessariamente a pergunta de alguem que se interessava:
- Fui á mentira, mentiroso. Porquê?
- Desculpe, senhor - disse, tremendo o lábio inferior, apenas para o efeito cinematografico. Quero lá saber de vós (só pensei).
Acertei em cheio e fui embora.

Quando começamos esta mentira pensei que seria diferente.
- Nunca quis escrever na primeira pessoa. Sou um vendido.
- Desejaria escrever com mais regularidade. Sou um preguiçoso.
- Tou cheio daquela ânsia de justiça, de igualdade, de crítica, de pro-activismo, de política, e sinto como sendo meu dever de cidadão informar meus pobres mortais da verdade, amigos, da verdade! Sou o Fernando.

Falamos, em certa altura, de cultura, artes, musica, essas mariquices. Em comentar e criticar algo estampado em demais lugares para além daquela deliciosa carinha do Sarkosy, mirando tal proeminente e bonito e chamativo... cabelo pantene.

Pois bem, quis provar precisamente que tal ideia é ridicula e jamais funcionará.

A MENINA (OU RAPARIGA, NESTE PAÍS) QUE ROUBAVA LIVROS - CRÍTICA

Eu nasci num país tropical.
Pois lá, caros, passei bons momentos de passeios e piscinas, pratos e palmeiras, páginas e praias. Eis uma coisa boa nesse país explosivo, a cultura é barata como o dinheiro do Mugabe, e as pessoas, sem a mais pequena dúvida, aproveitam, como é notório. (A propósito: http://work.canneslions.com/outdoor/)
(Jamais me esquecerei daquele rapaz, mulatinho, inocente, que me perguntou se tinha vindo de carro de Portugal. Eu disse que não, claro, que a portagem era cara e custumava haver muita fila em Julho. Sentindo minha ironia efervescente, percebeu a mentira. Envergonhado, não mais perguntou. Curioso, procurou descobrir, afinal, como se viajava para este admirável mundo novo. Queria fugir. Procuraria na internet, se tivesse. Procurou então num atlas mundial. Tou a mentir, também não tinha atlas, livro nenhum. Nem sabia ler. Nem existiu rapaz nenhum, mas podia haver, como ele, milhares.)
Guloso e idiota, gastei meu plafond em livros de autores célebres na minha memória, e, qual bigodinho alemão, naqueles bonitos por fora.
Este, absolutamente maravilhoso. Como tal, ficou dois anos na estante, frio, abandonado. Dava-me boa noite baixinho, chorava quando relia desprezantemente Veríssimo pela vigésima vez (adoro, e daí?). Até que, outro dia, cheio de misericórdia e condescendência quis proferir o golpe fatal.
Este sacana enganou-me. Foi dificil começar, dar o primeiro beijinho: era meio vesgo e mancava de uma perna. Estranho, sabe? Mas tinha aquele perfume (todos os alguens da vida priveligiam um sentido, de forma inexplicavel) que me fez continuar (adoro cheirar), vai-se lá saber. Suave e macia, aquela história embranha-se nos olhos. Dados adquiridos, sempre, são os desenlaces dos trechos da narrativa. Não tem mistério, não tem suspanse. Tem sentimento. E palavras. Este livro está cheio de palavras. Aliás, é quase todo feito de palavras: boas palavras.
Agora que já sabe a história quase toda, leitor, não leia. Tenho certeza que iria estragar a minha opinião com a sua, e já são 4 da manhã, não me quero chatear. Não ia gostar desta história contada pela Morte sobre a rapariguinha Liesel, em plena guerra mundial, a segunda. Anne Frank já lhe serve, não precisa de mais. Vá, se gostar diga. Por favor. Senão vá para o Inferno.

________

A primeira e última.
Depois de uma longa ausência.
Hoje enfrentei, nova e necessariamente, a pergunta de alguem que se interessa:
- Fui á mentira, mentiroso. Porquê?
- Desculpe, senhor - nem tremi, agora, sacana - já escrevi um texto. Uma crítica a um livrito, coisa idiota, coisa pouca. Estava a ser pressionado pelo regime, ameaçado com torturas de extrema esquerda. Vou postar hoje, como já tinha prometido ao chefe, desculpe a demora, Senhor.
- De que estás a falar, lontrinha?

Enganei-me redondamente (dizem as vozes da crítica que tenho essa predisposição em acontecer redondamente) e descobri a verdade. Como sempre, descobri a verdade na Mentira: Ninguem se interessa: estavam era danados por termos deixado o querido Oliveira colaborar. Porquê?

Bem vindo, coçador de tomates. Parabéns.

Layer Cake

"When I was born the world was a far simpler place. It was all just cops and robbers. But it wasn't for me. Then came the Summer of Love. Hasish and LSD arrived on the scene. There were villains locked away for twelve years for robbing a bank of ten grand, doing time with drippy hippies down six months for smuggling two million quid worth of puff. Drugs. Changed everything. Always remember that one day all this drug monkey business will all be legal. They won't leave it to people like me. Not once they figure out how much money is in it. Recreational Drugs PLC: "Giving People What They Want." But this is now. So while prohibition lasts, make hay while the sun shines."


"Years ago scallywags were trying to get money out of banks, now your problem is how to get your ill-gotten gains in it."


Citações do filme, Layer Cake.
Recomenda-se.

domingo, 12 de julho de 2009

sábado, 11 de julho de 2009

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Valdrada

"Os antigos construíram Valdrada à beira de um lago com casas repletas de varandas sobrepostas e com ruas suspensas sobre a água desembocando em parapeitos balaustrados. Deste modo, o viajante ao chegar depara-se com duas cidades: uma perpendicular sobre o lago e a outra refletida de cabeça para baixo. Nada existe e nada acontece na primeira Valdrada sem que se repita na segunda, porque a cidade foi construída de tal modo que cada um de seus pontos fosse refletido por seu espelho, e a Valdrada na água contém não somente todas as acanaladuras e relevos das fachadas que se elevam sobre o lago mas também o interior das salas com os tectos e os pavimentos, a perspectiva dos corredores, os espelhos dos armários. Os habitantes de Valdrada sabem que todos os seus actos são simultaneamente aquele acto e sua imagem especular, que possui a especial dignidade das imagens, e essa consciência impede-os de abandonar-se ao acaso e ao esquecimento mesmo que por um único instante. Quando os amantes com os corpos nus rolam pele contra pele à procura da posição mais prazerosa ou quando os assassinos enfiam a faca nas veias escuras do pescoço e quanto mais a lâmina desliza entre os tendões mais o sangue escorre, o que importa não é tanto o acasalamento ou o degolamento, mas o acasalamento e o degolamento de suas imagens límpidas e frias no espelho. Às vezes o espelho aumenta o valor das coisas, às vezes anula. Nem tudo o que parece valer acima do espelho resiste a si próprio refletido no espelho. As duas cidades gémeas não são iguais, porque nada do que acontece em Valdrada é simétrico: para cada face ou gesto, há uma face ou gesto correspondente invertido ponto por ponto no espelho. As duas Valdradas vivem uma para outra, olhando-se nos olhos continuamente, mas sem se amar."

terça-feira, 7 de julho de 2009

The Crib Sheet

Domingos Isabelinho, meu pessoalmente conhecido, redige um blog: "The Crib Sheet".
Domingos diz ser um semi-retirado critico de BD , e não faz por menos.
No blog coloca imagens, e videos de banda desenhada da mais alta qualidade. Qualidade não falta também nas suas elaboradas descriçoes sobre as mesma.

Visitem.Vale a pena:
The Crib Sheet


Um abraço Domingos.

João Oliveira

Chegou camuflado pela escuridão da noite.
Não lhe notamos a entrada, mas muito nos afaga a inclusão deste mentiroso.

Para descrever as suas características, faltam-me palavras. Daí que me sinta obrigado a seguir o caminho facilitista e recomendar a sua biografia oficial: Querido Oli, de Stephen Foster.

Bem-Vindo

Já não CR7

Ná apresentação aos socios do Real Madrid, Cristiano Ronaldo afirmou: "Os números não jogam… Quem vai jogar sou eu”.

Cá para mim ele mentiu.
Não deve estar lá muito contente por ter de mudar o estampado das suas almofadas.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Homenagem

Louis Armstrong ( 4 de Agosto de 1901 - 6 de Julho de 1971)

sábado, 4 de julho de 2009

diálogo (I)



-Doem-me as costas.
-Cala-te, não és tu quem se queixa, é a vontade que tens em deitar os sacrifícios para o lado contrário ao esforço, no sítio onde podes afogar o empenho em ócio.
-Não me tente confundir com as suas poesias labirínticas, só me doem as costas.
-Sim, doem, da maneira que o camaleão é castanho ao pé do tronco castanho. Não te finjas presa em fuga do lavor.
-Estou a dizer que me doem as costas. E encara esse mal estar com o preconceito de quem acha ser falta de virtude ter características humanas. Desculpe não ser uma máquina.
-Eu sei que não o és. E sei-o melhor, cada vez que te pago um subsídio de alimentação e amargo por não te poder simplesmente trocar o óleo. Ou oiço um cansaço teu.
-Se não tivesse medo de si insultava-o. Rebaixava-o ao seu estado real. É uma peça de um sistema que serve um dado propósito. Eu, sou também uma peça. E no entanto, tenho medo de si.
-Ingénuo, Ingrato. Imbecil! Sou a razão do teu emprego. A minha criatividade, investimento, e conhecimento pagam o teu salário.
-E é a minha mão-de-obra que paga o seu. Não lhe quero roubar as medalhas de criador do sistema. Porque tenta roubar-me importância, escondendo a dignidade de reconhecer em mim o meu papel.
-Insolente. Posso despedir-te, não és insubstituível...
-Sim, eu sei, viva a (sua) liberdade. Entre o forte e o fraco, é a liberdade que oprime e a lei que liberta, disse em tempos o padre Lacordaire. E temo não ser eu o forte.
-Tens razão nos teus receios. Não és o forte.
-Não entendo, porque tem de haver uma peça forte e outra fraca? Somos ambos peças... Nunca te doeram as costas?

sexta-feira, 3 de julho de 2009

(podia ser mas não é o) Parlamento da República Checa

E este carinho, na escala com que se tem condenado o gesto de Manuel Pinho, como se classificaria politicamente? De um lado Ministro da Saúde da República Checa e do outro o Vice Primeiro Ministro do mesmo país.

Maria João Pires já não é portuguesa




Até então, tinha dupla nacionalidade, Brasileira e Portuguesa. Optou definitivamente pela primeira, talvez no seguimento da falta de apoios à casa de Belgais, que culminou com o fecho desse local de ensino artístico idealizado pela pianista. Diz-se farta do país.
PS (brincadeira): Levaram a Maria João, agora queremos o Liédson.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

O Estado da Nação

Será que o vermelho que pinta o partido ao qual o Governo respondia, fez o Manuel Pinho confundir a AR com o Campo Pequeno?

O gesto foi mesmo o ponto alto, de uma tarde onde Sócrates deixou bem clara a sua posição de rei do Portugal-paraíso, em luta inglória pelo afastamento do Mundo-crise.

Conferências de Lisboa

Lição Aberta de Nuno Crato
18h