domingo, 21 de abril de 2013

o diabo mora entre o fá e o si

As 'Grândolas' da actualidade obrigam a pensar a relação da música e do poder. Não é novidade que a música é comummente usada como arma de razão e emoção no ataque aos problemas da sociedade. Música de intervenção, assim é o nome para a música feita com o propósito de alertar e galvanizar o público para causas sociais, políticas, causas que questionam as estruturas de poder vigentes. E nesta vulgarização da palavra 'música de intervenção', quase nos esquecemos desse papel tão diferente que a música adquire: o da razão e o da emoção. Nesta diferença, talvez sejamos obrigados a distinguir entre letra e melodia. E aí surgem questões: será a música de intervenção apenas sinónimo de letra de intervenção? Apenas equivalente a melodia de intervenção? Como se divide o protagonismo entre razão e emoção, numa música como a 'Grândola Vila Morena'? Nem letra, nem melodia têm significado, apenas a lembrança do momento histórico da sua criação ou uso?

Não respondendo a isso, vou falar da história do trítono, esse barulho tão interessante na análise da convergência entre música, emoção e poder. O trítono é um intervalo entre duas notas musicais. Concretamente, são três tons, entre o Fá e o Sí por exemplo. O que este intervalo tem de interessante é a forma como impele ao movimento. Como cria uma espécie de nervosismo latente. Escutem, por exemplo, uma sirene de ambulância. Provavelmente o som que ouvem é um trítono. Este intervalo cria um claro estado emotivo em quem ouve, totalmente antagónico a um estado calmo. E por aqui estaríamos falados no que toca a música e emoção. A parte do poder vem com a sua história. A Igreja Católica considerou, em tempos, qualquer música que usasse este intervalo como sendo impura. Foi considerado o intervalo do diabo. Foi banido. Assim, qualquer tentativa de incorporar um trítono numa música era um exercício de contra-poder, de desafio das normas. Opiniões dizem que este som apele a uma inquietação pouco divina. Outros dizem que tem um cariz excitante, sexual. Outros afirmam que é apenas um som que não está resolvido, que implora por uma nota que dê a machada final. Eu cá acho um bonito exemplo de como não compreendemos os estados emocionais que a música nos causa. E de como uma música não precisa necessariamente de letra para desafiar o poder.

Ouçam,

terça-feira, 16 de abril de 2013

Sócrates elogia sistema eleitoral da Venezuela. Maduro aparecia 14 vezes no boletim eleitoral.

Económico, 14 de Abril de 2013: O ex-primeiro-ministro português José Sócrates congratulou-se com a evolução das relações bilaterais entre Portugal e a Venezuela, elogiando, em simultâneo, o sistema eleitoral do país, que diz ser um dos "melhores do mundo".

Jornal A Bola, 16 de Abril de 2013: A cara de Nicolás Maduro aparece 14 vezes no boletim eleitoral na Venezuela, em virtude de ser candidato presidencial pelo Partido Socialista Unido de Venezuela (PSUV), uma coligação formada por diversos partidos. Assim, representando cada um, ganhou direito a aparecer por 14 vezes no boletim. Henrique Capriles, maior opositor, apareceu apenas uma vez, no canto inferior esquerdo.

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Da série: "A situação que se vive no Sporting é um espelho da situação que se vive no País" (IV)

Expresso, 12 de Abril de 2013: A reunião de Vítor Gaspar correu bem. Portugal chegou a acordo com o Eurogrupo (ministros das finanças da zona euro). A Troika (FMI, BCE e CE) vai emprestar dinheiro outra vez para Portugal pagar salários.

Expresso, 12 de Abril de 2013: A reunião de Bruno de Carvalho correu bem. O Sporting chegou a acordo com a Banca (BCP e BES). A Banca vai emprestar dinheiro outra vez para o Sporting pagar salários.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Da série: "A situação que se vive no Sporting é um espelho da situação que se vive no País" (III)

"Se as pessoas se derem ao trabalho de ler as contas auditadas, está tudo dado como garantia, por muito dinheiro que entre no Sporting, se as pessoas que quiserem, não há nenhum. As negociações com as entidades bancárias estão a decorrer e nenhuma parte vai ficar satisfeita. Haja bom senso de se perceber que não aceitaremos nada que achemos, logo à partida, põe em causa os interesses do Sporting".

"Primeiro ouço dizer que havia soluções. É bom que não comecem a inventar, mas fomos claros, em tudo o que dissemos na campanha que a primeira coisa a fazer era reestruturação. Isto tem a ver com os últimos 17 anos, onde se foram acumulando os resultados conhecidos e o que não é admissível é que haja bom senso. Não nos podemos crer é que é uma nova direção resolva todos os problemas de 17 anos num par de meses".

Bruno de Carvalho [via Record]

Da série: "A situação que se vive no Sporting é um espelho da situação que se vive no País" (II)

DN, 21 de Setembro de 2012: "Passos Coelho quis mesmo demitir-se"

JN, 28 de Março de 2013: "Passos Coelho admite pedir demissão se Constitucional chumbar Orçamento"

Negócios, 10 de Abril de 2013: "Bruno de Carvalho ameaça banca com demissão"

Da série: "A situação que se vive no Sporting é um espelho da situação que se vive no País" (I)

«Bruno Carvalho sabia que, até Junho, teria 6,3 milhões de euros de receitas e 31,2 milhões de custos, mas a diferença de 24,9 milhões é, afinal, bem maior do que esperado. Por um lado, porque existem mais compromissos por liquidar nos próximos três meses; por outro, porque alguns elementos que deveriam sair do clube no âmbito da reorganização interna têm cláusulas de rescisão 'astronómicas'.»

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Ainda bem que este tema vem à baila outra vez

Pode ler-se no Negócios de hoje que o "Governo rejeita descer TSU para subir salário". Ora ainda bem que este tema vem à baila outra vez.

Diz o Camilo Lourenço que "Baixar a TSU faz sentido (se o tivéssemos feito, o desemprego não teria subido tanto)". Eu também sou a favor de baixar a TSU, mas não sou a favor de baixar a TSU como foi anunciada pelo governo em Setembro do ano passado.

A medida anunciada pelo governo retirava da economia 2800 milhões de euros e só dava 500 milhões para combater o défice como referiu o José Gomes Ferreira. Foi uma medida mal explicada e, como foi anunciada, não era para combater o défice: era retirar das famílias para entregar um cheque a empresas de um sector da economia que trabalha em mercados protegidos (como o da electricidade e das telecomunicações) e para entregar um cheque ao sector financeiro (bancos e seguradoras).

Havia uma solução que nunca chegou a ser discutida: 1º) não aumentar a TSU de 11% para 18%, mas de 11% para 14 ou 15% e com esse dinheiro criava-se um fundo que ajudava as empresas que exportam e que geram emprego; 2º) não seria com a baixa da TSU para essas empresas, mas sim depois de exportarem e criarem emprego, dava-se um prémio a essas empresas.

Infelizmente ninguém a discutiu e, da maneira como foi anunciada em Setembro de 2012, o governo viu-se obrigado a recuar. Agora, infelizmente, já é tarde.