quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

"Sporting em risco de perder maioria na SAD"

"Sporting tem até 19 de Janeiro para 'arranjar' 12,3 milhões de euros", foi o que afirmou José Eduardo na Abola TV e foi também a manchete do jornal Abola de ontem (18-12-2012)


Ou seja,
- para ficarmos com o que tínhamos antes (90% da SAD) temos que pagar até 19 de Janeiro 55M€ + 5M€ de juros, isto é, 60M€
- para ficarmos com uma maioria qualificada de 2/3 da SAD temos que pagar até 19 de Janeiro 28M€
- para ficarmos com uma maioria simples da SAD (50.1%) temos que pagar até 19 de Janeiro 12.3M€

O Godinho Lopes já disse que "haverá saídas em Janeiro" e hoje (19-12-2012) é o assunto da manchete do Jornal Record, mas conseguirá juntar dinheiro para não perdermos a maioria na SAD?


Sobre este assunto, é bom lembrar que este grande projecto financeiro é da autoria de José Eduardo Bettencourt, como se pode confirmar nesta notícia do Expresso de 18 de Janeiro de 2011.

A alternativa ao exercício da "call option" é o Sporting acompanhar um eventual aumento de capital através da cedência em espécie dos direitos de superfície do Estádio José de Alvalade, que, de acordo com a mesma fonte, "estará avaliado entre os 15 e os 18 milhões de euros"

Contudo, o prospeto da operação faz referência à possibilidade de, "por opção do titular" dos VMOC (os bancos), haver um vencimento antecipado, com a conversão dos valores em ações da Sporting SAD, "a partir do final do segundo ano", hipótese em que não haveria lugar ao pagamento de juros vincendos.

Resumindo, para o Sporting não perder a maioria na SAD, caso não consiga amealhar os 12,3M€ com a venda de jogadores até 19 de Janeiro, pode ceder em espécie os direitos de superfície do Estádio José de Alvalade. Isso só me faz lembrar o "Quem manda é quem paga" e "nós não mandamos nada" da Manuela Ferreira Leite.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Frases que impõem respeito

"O Viagra fez mais pela humanidade do que 200 anos de marxismo" Luiz Felipe Pondé

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Carrega @pontifex

@pontifex será o nome do Papa no Twitter

O Papa Bento XVI vai enviar a primeira mensagem na rede Twitter a 12 de dezembro através da conta @pontifex. Os tweets do Papa serão publicados em oito idiomas, informou hoje o Vaticano.

Deste modo, segue a minha sugestão para a 1ª mensagem:

 

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Da série: "Eu estou falido. A massa falida é que tem que pagar aos credores!" (III)

Mixórdia de Temáticas (13-11-2012): Vale e Azevedo volta a casa

 

Ver também:
"Eu estou falido. A massa falida é que tem que pagar aos credores!"
"Eu estou falido. A massa falida é que tem que pagar aos credores!" (II)

Inovação? Qual inovação?

Bastou Louçã apresentar como solução inovadora a liderança bicéfala de um homem e uma mulher para o BE para tal coisa passar a inovadora. Digamos que esta solução não tem dada de inovador antes representa um regresso às origens da extrema esquerda pois lideranças bicéfalas de um homem e uma mulher não são de modo algum inovação na extrema esquerda portuguesa. E são sobejamento conhecidos os resultados a que essa bicefalia conduziu. Ou já se esqueceram do POUS da Carmelinda Pereira/Aires Rodriges e do PRP de Isabel do Carmo/ Carlos Antunes?



 Isabel do Carmo e Carlos Antunes.

[helenafmatos no Blasfémias]

porque é que essa é uma questão ridícula, André?

















porque pode ser levada ao extremo

Fernando, o BE mudou de imagem?

sábado, 10 de novembro de 2012

sábado, 3 de novembro de 2012

Frases que impõem respeito

“A ANA é o mais longe que Gaspar vai em termos de falar de gajas” Bruno Nogueira, no Tubo de Ensaio da TSF

terça-feira, 23 de outubro de 2012

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

...

Eis o resultado dos últimos 15 anos da SAD do Sporting:
- 5 Presidentes;
- Passivo = 220 milhões de euros (a 30 de junho de 2012) que equivale a cerca de 50% do passivo consolidado do grupo Sporting;
- Acumulado em transferências com jogadores e treinadores = -62.9 milhões de euros (estimativa pelos valores comunicados à CMVM e vindos a público);
- Apenas 2 títulos de campeão nacional (1999/2000 e 2001/2002).

No meio disto tudo, não sei onde ter mais esperança: se no futuro de Sporting, se no futuro do país.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

sobre maior salto em queda livre da história (IV)

Ah cair é atletismo? Então dá aí 3 medalhas de ouro ao meu avô!

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

sobre maior salto em queda livre da história (III)

é impressão minha ou assistir à queda de um homem durante 15 minutos destroí completamente aquela história do RedBull dá-te asas?

sobre maior salto em queda livre da história (II)

dizem os especialistas que Félix Baumgarner conseguiu bater um outro record, sendo que apesar de não haver certeza quanto a ter atingido a velocidade do som, foi o primeiro a cair a uma velocidade superior à da voz do Vítor Gaspar.

sobre maior salto em queda livre da história (I)

ouviu-se por aí dizer que se fosse o FMI a fazer as contas da localização exacta da aterragem, a missão deixaria de ser chamada Rosewell, passando a ser conhecida por Júpiter.

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Porque a Justiça não investiga ganhos de ex-governantes nas PPP?

De facto, não dá para perceber porque é que a Justiça não actua nos casos em que ex-governantes obtêm benefícios das parcerias público-privadas que ajudaram a erguer.

Há 2 meses, num excelente trabalho de investigação, a SIC seguiu o rasto de antigos governantes que ocuparam pastas decisivas nos diversos executivos dos últimos 20 anos numa reportagem intitulada "Profissão: Ex-ministro".

Esta semana no Programa Olhos nos Olhos da TVI, Paulo Morais, ex-vice-presidente da Câmara Municipal do Porto e vice-presidente da ONG “Transparência e Integridade” disse estranhar porque a Justiça não actua nos casos em que ex-governantes obtêm benefícios das parcerias público-privadas que ajudaram a erguer. Ao referir os nomes de ex-ministros, secretários de Estado e de empresas, o convidado da TVI citou os casos da travessia do Tejo e das concessões rodoviárias para apontar os casos que, na sua opinião, o Ministério Público devia investigar. (Vídeo do programa aqui.)

Enquanto a Justiça não funcionar em Portugal, enquanto a Justiça for um dos maiores obstáculos ao crescimento económico e à atracção de IDE, não vale a pena pensar como é que vamos sair deste grande buraco onde estamos metidos: http://blasfemias.net/2012/09/13/o-buraco/

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

enfim...

estamos num labirinto e queremos encontrar a solução. na manifestação estiveram aqueles que já repararam que estamos a seguir numa via sem saída e quanto mais por aqui caminharmos, mais tempo levaremos a retomar o percurso certo, mais nos iremos cansar, mais iremos sofrer. os outros ainda não viram a parede e continuam a ir em frente. 
a miopia não é pecado, mas tem cura.

aparece andré, e traz o amigo camilo: http://www.congressoalternativas.org/

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Discutir alternativas é fudido...

Se mais gente tivesse visto este vídeo antes das manifs, se mais gente tivesse partilhado este vídeo pelas redes sociais antes do fim de semana passado, se mais gente tivesse discutido alternativas nos media em vez de apenas ter criticado as opções do governo, se mais gente perdesse algum tempo a perceber um pouco de economia e de política, não teria havido tanta gente nas ruas! Mas partilhar um vídeo destes, perceber e discutir aquilo que fala o Camilo Lourenço não é "cool". Eu compreendo. Partilhar merdas do "9gag" é mais engraçado e dá menos trabalho.

 

"Os salários (que são despesa corrente) e as prestações sociais pesam 75% da despesa pública. Ora diz-me lá onde é que vais cortar?"

"Há uma alternativa: cortar despesa pública e despedir 100 mil funcionários!"

Despedir 100 mil é melhor? Se calhar é...

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Petição Não a mais impostos

Cá vai uma mão cheia de pontos.

Primeiro ponto, lembrar isto aqui:

Segundo ponto, ouvir as análises de José Gomes Ferreira (a de 6ª feira e a de hoje, 2ª feira) e do Prof. Marcelo no jornal das 8 e de ler alguns posts no blasfémias e n'o insurgente que têm muita qualidade na critica que fazem a este novo aumento de impostos, bem como ler também outras pessoas mais mediáticas como Nicolau Santos e de outros economistas e deputados.

Terceiro ponto: aplaudir a posição da JSD e do seu líder Duarte Marques, que se distancia diametralmente à posição do Passos Coelho. Para ler e ouvir.

Quarto ponto, assinar a Petição do Diário Económico, a qual eu subscrevo na íntegra. Como alguém disse, isto foi um erro económico, um erro financeiro, um erro político e um erro técnico do ponto de vista jurídico.

Quinto e último ponto, termino como comecei, com uma imagem. Um outdoor da JSD que transmite o meu pensamento sobre o estado a que chegámos mais uma vez. Uma frase dita há muitos anos por Sá Carneiro que encaixa perfeitamente nos dias de hoje. Enquanto Passos Coelho confessar que não tem tomates para reduzir a despesa, alguém tem que fazer alguma coisa!

Toni reage à conferência de Passos Coelho

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O velho namoro da maioria da imprensa com o Bloco

A notícia do Público começa assim:
Aos 61 anos, João Semedo será coordenador do Bloco de Esquerda (BE), em paridade com a coordenadora Catarina Martins. A solução ficou fechada segunda-feira em reunião da comissão política com os deputados e os eurodeputados e está formalizada numa adenda à moção de estratégia para a Convenção de Novembro. Aí fica estabelecido que “os dois primeiros nomes para a Mesa Nacional, um homem e uma mulher, são os representantes políticos e institucionais do Bloco e coordenam a sua Comissão Política”.
Imaginem agora por um momento que, em vez de estarmos a falar do Bloco, estávamos a falar do PSD, do PS ou do CDS. Que se escrevia que um órgão de topo de qualquer desses partidos tinha “fechado” a questão da liderança meses antes da realização de um congresso. Que se admitia que essa questão, apesar de dividir um desses partidos, ia ser meramente “formalizada” no Congresso. Não só é impensável que um qualquer jornal português pudesse apresentar tais factos tão pouco naturais com a naturalidade com que está escrito este texto, como já teria caído o Carmo e a Trindade enão faltariam comentadores a verberar a falta de democracia inerente a tais tipos de procedimentos.
O que se está a passar com a sucessão de lideranças no Bloco é pois muito revelador. Por um lado, mostra como esse partido é, estruturalmente, um partido com uma cultura tão anti-democrática como a do PCP, só que disfarçada. Aquilo que seria normal em qualquer partido democrático – uma disputa aberta da liderança entre pessoas e projectos alternativos – continua a ser tabu no Bloco, como é no PCP, como é em todas as formações herdeiras da tradição leninista do “centralismo democrático”. Nestas alturas percebe-se melhor qual a real natureza do Bloco.
Por outro lado, este episódio também revela a forma indulgente, compreensiva, no fundo sempre simpática, como a generalidade de imprensa continua a tratar o Bloco. Nenhum outro partido português, nem o PCP, poderia esperar um parágrafo tão alinhado como o que citei. O que também ajuda a perceber a influência que o Bloco chegou a ter.

[Por José Manuel Fernandes, via Blasfémias]

Estados de alma


[Via O Insurgente]

sábado, 1 de setembro de 2012

Addendum ao Post, ‘Coisas que até fazem sentido…’ — ou o que há de económico nos psicopatas.


Caros,

um amigo comentou comigo o meu post em conversa no facebook. Disse-me que gostou do ‘pena é’ e de eu usar a expressão ‘choca’ numa frase sobre ovos. Disse-me ainda que sentiu a ‘sensaçao crua’ que descrevi no Hostel. Eu não vi o Hostel mas tenho as minhas dúvidas. Pelo que sei, é um filme violento e um pouco sujo. O Funny Games é clean e não é violento (ou pelo menos, não é isso que uma pessoa guarda do filme).

Lamentei-me que o post não era tão bom como eu inicialmente o imaginara (enquanto vinha do talho). Lamentei-me que não estava claro o que havia de económico na diferença entre os psicopatas e os rapazes. Ao lamentar-me, tentei explicar-me — explicar-lhe — melhor. Seguem os frutos dessa conversa.

(Nota: não vale a pena ler este post sem ler o post anterior, que para quem não leu, aviso, é longo.)

Matar para os rapazes é como beber uma frize quando se está mal disposto: ‘Ah, estou tão mal-disposto' — 'Ah, estou na mesma…’

Toda pessoa age segundo o seu interesse próprio. Porém, a partir do momento em que a escolha é indiferente, outros criterios kick-in.

No caso do psicopata, a escolha ‘matar ou não matar’ não é indiferente: existe um cálculo de custos e benefícios, o prazer próprio imediato, pela matança (ganho), e o custo, o seu eventual encarceramento (risco ou custo) e o desgosto do outro e da sua família (custo). No caso dos rapazes, tal escolha é indiferente: não existe cálculo — e a perda do outro é gratuita. (Quer dizer, não é totalmente gratuita mas o ganho marginal é mínimo e facilmente substituível. Para mais se comparado com a perda.)

A perda não corresponde a um ganho significativo dos rapazes, que matam por prazer, mas que podiam comer uma sandwish ao invés. There is no urge to kill in them. O mesmo ganho poderia ser obtido sem perda de outrém. Ceteris paribus,* os rapazes e o resto do pessoal podiam estar better-off. Eles, iguais, a família, melhor: viva! 
*'Ceteris paribus' é, como todos sabem, uma espécie de atum.
Um psicopata se não matasse não teria um standard de living tão bom como se matasse alguém. Os rapazes teriam se comessem uma sandwish ao invés.

Em termos de welfare, só existe uma tentativa de equilibrio com o psicopata.


Ceteris paribus, o psicopata está better-off matando, os rapazes nem por isso. Ou seja, no cômputo geral, a felicidade geral da população mantem-se estável se o psicopata matar o sem-abrigo: é mau para o sem-abrigo, bom para o psicopata. Existe um equilíbrio ou, pelo menos, nem tudo são perdas. A distribuição de welfare altera-se mas não o resultado agregado. Os psicopatas são pois um problema de distribuição do welfare, injusto mas como que equilibrado, e os rapazes um problema de resultado do welfare, que diminui — e que uma alternativa, comer a sandwish, estava mesmo à mão. Especialmente porque eles foram pedir ovos. Podiam comer uma sandes de ovo. Todos ficariam melhor. 'Omeletes for a better world ' — podia ser a mensagem do filme.
(É claro que tudo isto é falso — são loose thoughts.)

And so what? The text to the test.

Expliquei no outro texto a confusão que me fazia. Disse porém não tinha plena consciência da razão que justificava o meu terror pelos rapazes, por oposição ao horror (moderado) dos psicopatas. Disse que tal consciência implicou um raciocínio do tipo económico, que apresentei na altura e ao qual acrescentei aqui algumas notas. O ponto é o mesmo: a irracionalidade absoluta do rapazes. Agem por interesse próprio mas não tem dúvidas, não sentem thrill, a matança é banal — just killing people, as usual. O título diz tudo, não diz: Funny games. Não passe de um jogo, sem objectivo, como todos os jogos. E não são awesome, são funny, como a Powepuf girls do 'Cartoon Network.'

('Os jogos não têm objectivo.' E marcar golos é o quê? Os jogos têm objectivos internos ou intrínsecos, próprios ao jogo. 'Qual é o objectivo do jogo?' — 'Marcar golos!' — 'Mas para quê?' — 'Porque isso é jogar o jogo…' É redundante: o jogo joga-se porque sim. Objectivos extrínsecos não contam…ok, isto vai demorar mais tempo a explicar do que eu pensava, vou deixar a meio, lamento. Boa noite.)

(A quem não entender partes do texto, não se preocupe: foram trechos que provavelmente correspondem a private jokes com eventuais leitores do blog, ou comigo mesmo, ou com futuras pessoas para quem, em retrospectiva, techos do texto parecerão private jokes. Otherwise, just gibberish.)

Universidades de Verão destas vidas

Parece que a Universidade de Verão do PS que servia para formar 100 jovens quadros da JS transformou-se num Programa de Novas Oportunidades para "velhos" quadros desocupados do PS..


Descubra as diferenças...


[Foto da UV do PSD de 2011 em que participei]

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

sábado, 25 de agosto de 2012

Coisas que até fazem sentido mas que eu nunca tinha percebido até agora, e que percebi hoje enquanto ia comprar bifes de frango ao talho

Olá,

desde mais, um teaser de frases giras que podem ser lidas neste post:
[E]u compreendo que existindo tal desejo, seja natural matar. (…) Dos ovos à matança generalizada é um passo. (…) A minha análise tem contornos pensamento económico. (…) Achava que 'saladas de fruta' era um um legume.
Há muitas conversas que eu tenho para mim e que são ready-mades. De tempos a tempos, se apropriado, lá tenho o meu dois minutos de conversa planeado, ensaiada quase, de tantas vezes repetidas. Um desses trechos de conversação refere-se aos ditos 'povos perversos.' Eu finjo ter a opinião que 'existem dois povos perversos no mundo, pata ti pa tatá'.

Não interessa. Interessam sim os exemplos que eu dou, a saber, dois filmes. Um deles (o que iliustra o primeiro povo, perverso) chama-se Funny Games e têm duas versões (1997 e 2007). Deixo aqui abaixo os trailers de uma e outra versão.


A estória do filme é simples. Uma família (casal e filho) está de férias na sua magnífica casa de campo. Chegam dois jovens que lhes pedem ovos. São bem educados e estão bem vestidos (todos de branco, mas com luvas, brancas também — pormenor estranho).

Dos ovos à matança generalizada é um passo. Nunca me aconteceu tal coisa enquanto fazia omeletes, mas a verdade é que não sou chef, se calhar uso os ingredientes errados.

Os dois rapazes fazem uma aposta com a família: eles apostam que a família estará morta dentro de 24h e a família aposta que não estará morta. Não vos digo quem ganha.

E assim se passa o filme. Agora, qual é a motivação daqueles rapazes? A dada altura a Naomi Watts pergunta a um dos jovens qualquer coisa como, 'mas porque é que não nos mata, simplesmente?' O rapaz responde-lhe, 'Não se pode esquecer a importância do entretenimento…' (Esta observação serve não apenas ao uso da violência como diversão — eles quererm divertir-se — como ao uso da violência por parte do cinema, para entreter quem vê.)

Pronto, eles querem divertir-se. Pena é que gente tenha de morrer. Ao que parece, algo de semelhante acontece quando uma pessoa compra coisas feitas por crianças vietnamitas, etc.: contribui para a sua escravidão, etc. Mas o sentimento não é o mesmo, somos cúmplices, não assassinos tais quais. O eventual sofrimento dessas crianças é um efeito colateral de um prazer nosso.

Os rapazes não: eles divertem-se na tortura e na matança. 

Porventura comeram ovos estragados. Não sei. Sei sim que choca. A banalidade do mal parece pior que tudo. Noutra conversa pré-formatada que tenho, falo neste filme como o primeiro filme evil que vi. Para eles não passa de um jogo — Funny Games. E isso é o pior! É um jogo e eles nem parecem divertir-se assim tanto! Eles não são psicopatas tout court. Não existe um prazer imenso de matar, uma pessoa não compreende a sua motivação. Porquê? Esta estória sempre me pareceu infinitamente pior do que qualquer estória de psicopatas. Nunca percebi exactamente porquê. Hoje percebi, creio, enquanto ia ao talho comprar bifes de frango.

Eu compreendo um psicopata. Leia-se, eu entendo que se ele tem um imenso prazer de matar e sente uma necessidade de, então ele tenderá a matar (salvo auto-controlo). Eu não compreendo a origem do desejo nem o prazer que há em matar (como vos disse, eu sou um pobre cozinheiro, que faz omeletes relativamente normais). Agora, eu compreendo que existindo tal desejo, seja natural matar.

A minha análise tem contornos pensamento económico.

Eu não compreendo aqueles rapazes. Ceteris paribus, um psicopata tem de pesar pelo menos se o seu prazer extremo compensa o desconforto que é para a outra pessoa, falecer. (Daí que o Christian Bale no American Psycho, que mata(?) um sem-abrigo, que não faz falta — e não dá cadeia.) Existe aqui um cálculo. Existe um benefício claro para o psicopata. Pena é que dependa da morte alheia. Para os rapazes, não existe cálculo. Eles divertem-se, mas não particularmente! Ou seja, existiriam muitas outras actividades que lhes dariam prazer e que não implicariam a morte da família. A relação custo-benefício não existe aqui, e existe no caso do psicopata. Qualquer outra actividade escolhida não implicaria, ceteris paribus, a morte de alguém. Por isso é que é perverso: não faz sentido, está para lá da nossa compreensão. É o dito 'mal radical' porque não é passível de justificação, vá, racional:
Tenho de escolher entre as opções A e B, e a obtenção de A e B é-me indiferente. Como decidir? Se A=B, para mim, o meu critério deveria ser então: qual o benefício/prejuízo para os outros? (Os outros aqui podem ser quem vocês quiserem: do cão da vizinha à sociedade portuguesa — e todos os bancos de jardim que existem entre os dois).
Os rapazes matam só porque sim — e é isso que não é passível de compreender.

O Stalin terá morto mais gente do que o Hitler mas no primeiro caso parecia haver um cálculo (assim ficou para história vulgar). A morte era um meio para atingir um fim. Eu não concordo nem com um fim nem com o meio nem com o uso do meio para o fim. Ou seja, outros meios haveriam para atingir o fim (menchevequismo); Stalin optou por aquele meio. Uma pessoa condena o Stalin como pessoa que não olhava a meios para atingir os seus fins. E condena-o porque os seus fins eram horríveis: 'o comunisno é uma má ideia', 'estava ébrio de poder', 'os russos são loucos'. Enfim, tudo factos.
O mesmo não acontece com o Hiitler. O fim e o meio parecem confundir-se (pelo menos, na história vulgar como eu a recebi e interpretei em idas a supermercados).

Spoiler alert: eu disse que 'existiriam muitas outras actividades que lhes dariam prazer e que não implicariam a morte da família' e que 'os rapazes matam…'. Evitei os parênteses na que é a passagem central do post. Não interessa se eles de facto matam ou não a família — o ponto não é esse. Eles queriam matar e o prazer, moderado, dos rapazes implicava a morte da família.

P.S.: Fui comprar bifes de frango ao talho (peito de frango fatiado) porque os que estavam cá em casa estavam um pouco morrinhentos. Comprei a 6,46/Kg. Prefiro ir a talhos porque não confio tanto na carne embalada dos supermercados.

[A analogia não é perfeita entre o Stalin e o Hitler  e até me leva a outras especulações, que porém não vou explorar aqui porque o post já vai longo. Deixo aqui apenas a direcção. Há cálculo no Stalin mas não no Hitler tal como existe cálculo no psicopata mas não nos rapazes. Mas o Hitler pode ser interpretado como um psicopata. E nesse caso, o que seria pior, o Hitler ou o seu irmão gémeo, num universo paralelo, que tenha feiro exactamente o mesmo mas sem sentir especial prazer — só porque sim. Quem seria pior? Será que levando os exemplos ao extremo existe uma inversão na nossa intuição sobre a perversidade? Ou seja, se falarmos não na morte de uma família mas se estendermos a morte a milhares e milhões de pessoas, será que a banalidade do mal é percebida de uma forma diferente? Ou seja, entre o psicopata e os rapazes, os rapazes são mais perversos — mas entre o Hitler-psicopata e o Hitler-rapaz, o Hitler-piscopata é mais perverso?]

terça-feira, 7 de agosto de 2012

'Fanáticos dos popós' destas vidas

Como já devem ter reparado, o Económico, anda numa fase de inquéritos. 1º foi a votação para melhor CEO, que ganhou o Mexia. Depois foi a votação para o maior lobby português, que ganhou a Igreja. Agora é a vez dos portugueses votarem no melhor 1º ministro de portugal de sempre. Sócrates, para já, vai à frente. O fdp que arruinou o futuro das próximas gerações, para já, vai à frente. Então mas fdp não quer dizer 'fanático dos popós'? Ok. Então retiro o que disse. Boas férias.


(carregar na imagem para ampliar)

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Bernardo procura emprego

Bernardo tinha na sua carteira uma conselheira fiel. Quando ficou suficientemente vazia por um período de tempo suficiente, Bernardo ouviu dela o parecer: vai arranjar emprego. E foi. Na primeira entrevista vestiu o fato que adaptara do antigo traje académico. Chegou pontualmente à sede da empresa, rejeitou altivo o café que lhe ofereceram e entrou no gabinete que lhe indicaram. Passada meia hora de conversa com a responsável dos recursos humanos, foi alvejado com um “você não tem espírito empreendedor”. 
O Bernardo aprendeu a ser persistente com as folhas do pinheiro bravo que avistava da minúscula janela do seu quarto alugado. Não desistiu. Dias depois, vestiu o mesmo fato e desta feita superou-se. Aguentou quarenta minutos antes de levar com um “desculpe, falta-lhe espírito de sacrifício”. 
Claro que o Bernardo não desistiu por aqui, não vacilou nem perdeu convicção. Era um rapaz duro. Aprendeu-o com o mesmo pinheiro, o qual se mantinha inerte fosse qual fosse a voracidade do vento. Na terça-feira seguinte, voltou a uma entrevista. Aí levou uma lição que faria cair a auto-estima de qualquer um. Disseram-lhe, apenas vinte minutos volvidos, “não tens espírito crítico”. 
Vestiu o mesmo fato e foi à quarta entrevista. Despacharam-no a dizer que não revelava espírito de grupo e entreajuda. Sentiu-se diminuído na sua própria lucidez, por não entender como lhe haviam avaliado o espírito de grupo, se a entrevista era individual. 
Foi a machadada final. Não em si próprio, note-se, machadada final no pinheiro bravo que avistava da minúscula janela do seu quarto alugado. As próximas lições da velha árvore seriam de música, usando o som do seu próprio crepitar numa lareira de Inverno. Bernardo, esse contornou o seu fado. Cobriu-se de latas e pendurou-se num canto do seu quarto. Por ali ficaria a servir de espanta-espíritos.

domingo, 15 de julho de 2012

Retirado do Eixo do Mal

44 países num minuto.

Brutal.

Da série: "Os ricos que paguem a crise!"

Homem mais rico de Portugal com dificuldades de financiamento

"Alguns bancos estrangeiros recusaram financiar a compra de acções da Galp que os italianos da ENI acordaram vender à Amorim Energia, mas Américo Amorim diz que vai comprar estas ações antes do prazo terminar"

sexta-feira, 13 de julho de 2012

Da série: "Portugal não é o Burundi" (III)

Portugal não tinha excedente comercial desde a II Guerra

"Há 70 anos que Portugal não vendia mais ao exterior do que comprava e segundo o Banco de Portugal esta inversão de perfil irá acontecer já este ano: a previsão é ligeira para 2012 (0,4%), mas sobe em 2013 para 2,5%, o que irá permitir que o saldo externo global também chegue a valores positivos, um dado que merece nota sobretudo porque Portugal não regista o sinal «mais» neste capítulo há décadas."

quarta-feira, 11 de julho de 2012

terça-feira, 10 de julho de 2012

Equivalência

Porque é que os funcionários públicos não podem ser despedidos?

Vídeo de Pedro Santos Guerreiro, director do Jornal de Negócios aqui.

Cenas sobre uma cena que nem os cientistas têm a certeza do que realmente é

Sobre o programa de hoje do Prós e Contras, o meu irmão mostrou-me um vídeo de um professor que ele teve no Técnico. O senhor chama-se João Seixas e para além de dar aulas no IST é também um dos cientistas e investigadores do CERN, o Laboratório Europeu de Física de Partículas.

João Seixas fala-nos no vídeo sobre o Bosão de Higgs, sobre o Modelo Padrão, sobre o LHC e sobre mais uma catrefa de nomes estranhos que eu não percebo porra nenhuma. Mas o engraçado do vídeo é o exemplo que ele dá para tentar explicar o facto dos cientistas do CERN terem anunciado ao fim de 50 anos de investigação, a descoberta uma partícula nova que pode ser (ou não porque ainda não há 100% de certezas) o Bosão de Higgs:

“Se eu tivesse coisas do tamanho de um grão de areia, então, o que ia acontecer é que o número de colisões dava para encher uma piscina olímpica e dessa piscina olímpica aquelas que nós tínhamos que encontrar eram os grãos de areia que cobriam a ponta de um dedo. Portanto, isto dá para dar uma indicação da dificuldade que existe em encontrar esta partícula. Mas ela é absolutamente crucial porque sem ela, de facto, o «Modelo Padrão» não estava completo.”

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Há uma linha que separa o que é constitucional e o que é inconstitucional

"Parece-me que em breve será decretado o despedimento de funcionários públicos. Em conformidade com o que o Pedro referiu aqui em baixo, esta decisão do Tribunal Constitucional indicia que os trabalhadores com esse estatuto não possam ter um tratamento de excepção em relação ao sector privado. Aguardo, pacientemente, que a equidade seja reposta também nos vínculos laborais."
[Nuno Gouveia, no Cachimbo de Magritte]

"Agora que o Tribunal de Contas decretou que o corte nos subsídios dos funcionários públicos é inconstitucional, por ferir o princípio da igualdade, é ocasião de nos perguntarmos se a ADSE e a Caixa Geral de Aposentações (CGA) não serão também inconstitucionais. A ADSE discrimina os cidadãos do sector privado nos cuidados de saúde e a CGA dá reformas aos funcionários públicos em condições muitíssimo mais favoráveis do que no sector privado? Não serão estes casos também flagrantes exemplos da violação do princípio da igualdade? Não serão inconstitucionais?"
[Pedro Braz Teixeira, no Cachimbo de Magritte]

Para começar, V. Exa. não enfrenta o fantasma da falência, ao contrário do mero mortal que trabalha lá fora, esse sítio onde se fazem contas à vidinha. (...) Eis, portanto, a primeira inconstitucionalidade, que é a causa da segunda: V. Exa. não enfrenta o espetro do desemprego. (...) Em terceiro lugar, parece que a Caixa Geral de Aposentações de V. Exa. garante reformas num regime privilegiado em relação ao resto da população . E o que dizer da ADSE, a quarta inconstitucionalidade? (...) Quinta inconstitucionalidade? A taxa de absentismo de V. Exa. é seis vezes superior à das empresas normais e essas empresas nunca tiveram a prática das promoções automáticas, outro mistério inconstitucional (o sexto). Sétima? Por que razão a percentagem do PIB português utilizada para pagar salários da função pública é superior à média europeia? Oitava? Bom, poderíamos estar aqui o dia todo, poderíamos chegar até à vigésima, mas por hoje já chega, meu caro amigo. (...)

[Henrique Raposo, Expresso]

Passos Coelho, põe os olhos na Itália!

A Itália é neste momento um case study por ter sido o 1º país europeu a ter um Primeiro Ministro "tecnocrata" a convite do seu presidente (ou seja, não eleito democraticamente pelos seu povo).

Eu acredito no Mário Monti desde o dia em que anunciou o plano de austeridade para a Itália estimado em 24 mil milhões de euros para combater a crise da dívida soberana. Nesse mesmo dia, disse que ia abdicar do seu salário de primeiro-ministro e de ministro das Finanças ao achar que "No momento em que exigimos sacrifícios a todos os cidadãos, parece-me ser meu dever renunciar ao meu salário". Pode parecer populismo, mas a partir desse dia eu acreditei no gajo.

No entanto, não é sobre o plano de austeridade italiano que eu venho aqui escrever, mas sobre o modo como o governo italiano está a fazer a austeridade. Na passada 6ª feira, li que a "Itália aprova cortes de despesa de 26 mil milhões de euros para evitar subida de IVA", ou seja, segundo este tecnocrata, antigo comissário europeu, filho da puta de progressista do caralho da revolução que vos foda a todos, "Uma subida do imposto teria graves consequências na economia", e por isso, este filho da puta de progressista do caralho da revolução que vos foda a todos "optou por medidas como redução do número de funcionários públicos e a diminuição para metade do número de autarquias".

Por cá, a história é outra. Primeiro, o "Tribunal Constitucional vetou o corte nos subsídios", ou seja, considerou que a suspensão dos subsídios de férias e Natal, por ser feita apenas para os funcionários públicos, pensionistas e reformados, viola o princípio da igualdade, consagrado no artigo 13.º da Constituição. Na sequência disso, "Vitor Gaspar prometeu estudar cautelosamente as alternativas ao corte de subsídios chumbado pelo TC" no sentido de cumprir com os limites do programa de ajustamento assinado com a Troika. Até aqui tudo normal... a não ser que essas «alternativas» sejam responsáveis por quase 2/3 da redução do défice como se pode ler aqui: "Passos disse que a carga fiscal já era "insuportável" e agora vai subir mais", ou seja, "Se o Governo avançar com um imposto extraordinário que garanta 2 mil milhões de euros, passa a ser a receita a assegurar quase dois terços da consolidação em 2013".

Resumindo, eu não quero saber quais é que são as opções possíveis que temos porque não sou economista. Eu apenas quero saber porque é que Mário Monti acha que o estado está gordo e a economia está frágil e então “As medidas têm como objectivo reduzir a excessiva despesa pública, enquanto se aumenta a produtividade do governo, sem prejudicar o nível de serviços”, e porque é que Passos Coelho acha que o estado está gordo e a economia está frágil e então "Passos disse que a carga fiscal já era "insuportável" e agora vai subir mais".

Para lembrar que aumentos de impostos são escolhas e não inevitabilidades...

Muito menos o próprio

"John Major, sucedendo a Margaret Thatcher, foi Primeiro-Ministro do Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda do Norte, chefe do governo de Sua Majestade. Não tinha licenciatura. Ninguém achou que precisava de uma para exercer o seu cargo, ninguém lha exigiu, ninguém o achou diminuído. Muito menos o próprio."
[Via 31 da Armada]

sinais dos tempos (II)

Eu não percebo porque é que o Fernando diz que "o mundo está cada vez mais desinteressante", se é possível fazer-se analogias na CNN com o Justin Bieber...

sábado, 7 de julho de 2012

muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o coronel aureliano buendia havia de recordar aquela tarde remota em que o seu pai o levou a conhecer o gelo

os dois únicos livros que li do Gabriel García Márquez são também dois dos meus livros favoritos. dois livros que as notícias acerca do autor me obrigam a recordar. Memórias das minhas putas tristes e Cem anos de solidão. do primeiro conta-se a história de um homem que aos 90 anos tem o discernimento que Gabriel García Márquez não terá quando chegar a essa idade, tornando-se cruelmente a criação mais forte do que o criador. o segundo li-o cativado pelo início bonito, célebre, no qual se brinca com a memória do coronel Aureliano Buendia. 
tempo, memória, lucidez são para mim coisas que gabriel garcia marquez conquistou, por exemplo, com os dois livros anteriores. são traços que se confundem com a sua identidade, traços que só perderá quando José Arcadio Buendía deixar de ser o fundador de Macondo, ou quando Amaranta perder a virgindade.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

sinais dos tempos

é um sinal dos tempos. hoje ouvimos homens (velhos) rabugentos (nostálgicos) gabaram-se que viram o homem ir à lua. imagino que um dia possa ser assim, gabar-me que vi a conferência onde anunciaram a descoberta do bosão de higgs. com as diferenças que tiram romantismo ao gesto. outrora o homem chegou a lua numa televisão minúscula, a preto e branco, num café cheio de pessoas que se juntaram à volta do único aparelho da aldeia. hoje o bosão de higgs chega num stream embebido em html, a uma pessoa solitária que lhe vai dando uma olhada no intervalo do estudo. antes havia um fato de astronauta, frases marcantes e bandeiras. hoje há gráficos, processos estatísticos, umas tretas de monte carlo. nem a porcaria de uma fotografia, do tal bosão. o mundo está cada vez mais desinteressante.

quarta-feira, 4 de julho de 2012

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Re: Fwd: um amigo contou-me que lhe contaram uma conversa que ouviram

como tal, não sei se é verdade mentira.

a estória é de um informático que termina com a namorada. (é preciso imaginar esta conversa com uma certa 'voz')

—querida, como sabes, eu vejo tudo em termos binários, e eu vejo a nossa relação assim: eu sou um, e tu és zero. acabou…

—mas alex, nós os dois somos um!

—querida, nem que fossemos dez.

—o quê?!

—não percebes nada…

(no mundo, só existem 10 tipos de pessoas: aquelas que percebem linguagem binária e aquelas que não percebem)

gosto do ronaldo (II)

Mais do que isso, Vitória no Euro valeria 551 milhões à economia portuguesa!


"Uma eventual vitória de Portugal no Campeonato Europeu de Futebol que começa nesta sexta-feira à tarde terá um impacto positivo de 551 milhões de euros na sua economia, segundo um estudo do IPAM (Instituto Português de Administração e Marketing).
Os países com as maiores economias teriam benefícios bastante superiores, com a Alemanha à cabeça, com um impacto estimado em 3500 milhões, segundo o mesmo documento, divulgado nesta sexta-feira pelo Diário Económico.
Segue-se, em valor, o impacto de uma vitória da França ou da Itália, com cerca de 2700 milhões de euros em ambos os casos. Para o Reino Unido a estimativa é de 2400 milhões, para a Espanha de 2100 milhões e para os Países Baixos de 764 milhões".

quarta-feira, 20 de junho de 2012

gosto do ronaldo

não é cá dissimulado, como os outros. tem a humildade de mostrar que não é preciso perceber política económica para destruir uma economia,

http://www.dutchnews.nl/news/archives/2012/06/oranjes_euro_2012_exit_will_co.php

Sobre o Alemanha x Grécia...

Não deixa de ser engraçado o facto de um dos jogos dos quartos de final do Euro 2012 ser um Alemanha x Grécia.
O Rodrigo Moita de Deus diz que se fosse grego, tentava não ganhar o jogo à Alemanha, referindo-se à renegociação do pacote de auxílio financeiro.
Eu cá aposto na vitória da Grécia, por 1-0, com um golo de Sócrates! Sempre onde estiver Sócrates, contem comigo para apoiar.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

"Esta é uma vitória para toda a Europa"

... disse Antonis Samaras, antes de apelar a um executivo de união.

domingo, 17 de junho de 2012

(fortes) hoje joga-se o futuro n/do euro.


não sei o que será hoje mais importante, o onze de portugal ou os onze milhoes de gregos que vao votar hoje. creio que o segundo onze.


(food for fortes) a grécia pode vir a jogar contra a alemanha. quero ver esse jogo! como jogarao os gregos se ja nao estiverem no euro? pedirao esmola no final? arrebentarao com a alemanha, deixando tudo em campo? we'll see.

(fortes) mas porque é que eu não posso votar hoje nas eleições da grécia?!

TODOS EUROPEUS DEVIAM PODER VOTAR NAS ELEIÇÕES GREGAS!

TODOS EUROPEUS DEVIAM PODER VOTAR NAS ELEIÇÕES ALEMÃS!
(o mais próximo que eu consegui foi não votar na CDU nas últimas eleições portuguesas…nem jerónimo nem merkel!)

quarta-feira, 13 de junho de 2012

momento musical

Os Portico Quartet já são das minhas bandas favoritas. Ouçam bem. Reparem como há momentos em que a musica nos tenta abrir a caixa torácica e encher o peito com coisas que não conseguimos explicar. Como há por ali um saxofone que se transforma em bisturi e como notas musicas nos deixam a um canto qualquer, inebriados por uma mistura de anestesia e bem-estar. É isso. Não sei bem explicar de outra forma, gosto. Sei lá, gosto ao ponto ridículo de ser obrigado a mascarar uma cirurgia cardiovascular de gesto romântico. Ouçam bem, é isso. 



sexta-feira, 8 de junho de 2012

Depois dos Americanos descobrirem que Lisboa não era a capital do Burundi, perceberam que a Música Portuguesa também não é a Música do Burundi


Dead Combo tocam no festival de cinema de Cannes e são os convidados musicais da festa de apresentação de «Cosmopolis», o novo filme de David Cronenberg:

Napoleões destas vidas

O que seria se hoje o Napoleão falasse com a Google?

Imaginem lá uma conversa entre estes 2 gigantes:

Napoleão: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Google, eu acabei de comprar um smartphone, e isto é do caraças! Tou todo maluco com esta merda, no meu tempo não havia nada destas brincadeiras.
Google: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Napoleão, ainda bem que curtes. Agora tens que usar essa merda todos os dias. Tens que utilizar todos os nossos serviços ohhhh ohhh Napoleão. Tens que utilizar o Google como motor de pesquisa, tens que utilizar o Google Analytics, o Google Translator, o Google Earth, o Google Maps, etc.
Napoleão: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Google, sabes o que é que me dava mesmo um jeitaço do caraças? Era eu ver imagens 3D no meu telemóvel.
Google: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Napoleão, isso é canja! A gente mete uma patrulha de aviões e helicópteros aí pelos ares a filmar e já está.
Napoleão: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Google, isso não é bem assim!
Google: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Napoleão, ai não? Ora vê lá isto como é que está o Google Earth agora --> http://youtu.be/N6Douyfa7l8 ...e isto bastou eu estalar os dedos!
Napoleão: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Google, fódio. Vocês são do caralho mesmo. Mas olha lá ohhhhh ohhhh Google, será que não dá para fazerem um investimento para cobrirem sei lá.. praí 50% do planeta?
Google: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Napoleão, tu és mesmo nabo. O Google Earth já está com 75% do planeta coberto por imagens de alta resolução --> http://www.tvi24.iol.pt/tecnologia/google-maps-tvi24/1353588-4069.html
Napoleão: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Google, do caralho! Sim senhor! Vocês querem mesmo ter o mundo todo na palma das mãos. Qualquer dia até vamos poder marcar encontros no Google Street View.
Google: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Napoleão, ainda bem que falas nisso. Vê lá tu que até no outro dia soube que o brasileiro Vagner Basílio não via o pai desde os 11 anos... e o Pai e filho reencontram-se, 9 anos depois, graças ao Google Street View.
Napoleão: Cala-te!! Isso é mentira!!
Google: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Napoleão, foda-se, tu também nunca acreditas em nada do que eu digo. Oh monte de merda, vê lá então: http://visao.sapo.pt/pai-e-filho-reencontram-se-9-anos-depois-gracas-ao-google-street-view=f667039
Napoleão: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Google, cum caralho. Ele há com cada um... essa história não lembra o diabo ohhhh ohhh Google. Mas também não é para menos, quer dizer, vocês usam aviões, helicópteros, carros, motas, bicicletas, só falta usarem máquinas ambulantes. hehehehe
Google: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Napoleão, deste me uma ideia brutal. Vou por mochilas com câmaras às costas dos meus funcionários (sim, eu pago ás pessoas para elas andarem a filmar e a fotografar o mundo)... para chegarmos onde as motas e bicicletas não conseguem chegar.
Napoleão: heheheh, pagar às pessoas para viajar... também quero um emprego desses ohhhh ohhh Google!! Mas Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Google, eu estava aqui a pensar e isso era alta esgalha! E consegues criar umas mochilas com câmaras todas xpto? Sei lá, praí câmaras 180 graus?
Google: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Napoleão, quais 180 quais caralho! Ou é 360 graus ou não é!! Sabes que eu sou como tu.. não brinco em serviço! --> http://tecmundo.com.br/google-street-view/24711-google-apresenta-mochilas-com-cameras-360-para-o-street-view.htm
Napoleão: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Google, fódio. Vocês não papam mesmo de grupos! Qualquer dia, vocês ainda metem os vossos funcionários a esquiar na Serra da Estrela com uma mala ás costas a filmar as montanhas, as arvores, os animais, os lobos, os passaros, ...
Google: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Napoleão, granda ideia. Vou ligar ao Bill e ao Adrien que curtem bué fazer snowboard para fazerem essa merda asap.
Napoleão: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Google, e achas que eles conseguem? Olha que é foda!
Google: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Napoleão, é capaz de ser... mas eu pago-lhes para fazerem o que eu mando... e se eu quero gajos a esquiar a Serra da Estrela com câmaras às costas, eu tenho gajos a esquiar a Serra da Estrela com câmaras às costas!! Tás a perceber? --> http://www.publico.pt/Tecnologia/google-poe-camaras-as-costas-para-continuar-a-fotografar-o-mundo-1549261
Napoleão: Epá, Epá, ohhhhh ohhhh Google, foda-se. Já não te dou mais ideia nenhuma. Vai pó caralho.
Google: témailogo.
Napoleão: ab.

E ninguém vai preso? (II)

- Tribunal de Contas: Sócrates deixa desastre na saúde (TVI)
- Tribunal de Contas chumba ACSS - Administração Central do Sistema de Saúde (Expresso)
- TC encontra irregularidades nas parcerias público-privadas (Jornal Digital)
- Paulo Campos e o inquérito às PPP: "Responsabilidade era de dois ministros" (Publico)
- Tribunal de Contas pode fazer nova auditoria para apurar responsabilidades do anterior Governo (SOL)
- Tribunal de Contas aponta falta de transparência no negócio das ex-SCUT (RTP)
- Tribunal de Contas detetou "benefícios sombra" em contratos das ex-SCUT (Jornal de Notícias)
- DEO : Défice e dívida em risco devido a empresas públicas da Madeira (SOL)
- Madeira: Partidos têm de devolver milhões (SOL)
- PS-Madeira pede intervenção do Presidente da República (Expresso)

[Ver também E ninguém vai preso? (I)]

quinta-feira, 7 de junho de 2012

V for Verity (I)

ver·i·ty, noun (pl. -ties)
a truth principle or belief, esp. one of fundamental importance.
-truth: irrefutable, objective verity.
In Oxford American Dictionary
Para inaugurar a minha participação neste blog, a mentira, nada melhor do que falar sobre Verdade. São três textos e três reflexões para as próximas três semanas. 
When problems overwhelm us and sadness smothers us, where do we find the will and the courage to continue? Well, the answer may come in the caring voice of a friend, a chance encounter with a book or from a personal faith.
For Janet, help came from her faith, but it also came from a squirrel.
Shortly after her divorce, Janet lost her father, then she lost her job. She had mounting money problems. But janet not only survived, she worked her way out of despondency and now she says life is good again.
How could this happen? She told me that late one autumn day when she was at her lowest, she watched a squirrel storing up nuts for the winter one at a time he would take them to the nest. And she thought ‘if that squirrel can take care of himself with the harsh winter coming on so can I. Once I broke my problems into small pieces I was able to carry them, just like those acorns, one at a time.’ [And the song kicks off…]
‘Little Acorns’, The White Stripes, Elephant, 2003

Que estória bonita! E ainda bem, é tempo disso. Acreditam nela? 
Pode alguém mudar de vida por causa de um esquilo? Ou porque leu o livro do António Feio, Aproveitem a Vida — não deixem nada por fazer nem por dizer? Não li o livro, mas adivinho-lhe simultaneamente uma lição de vida e uma mão cheia de banalidades. É muito difícil ensinar um caminho para a vida, e é muito difícil inspirar de um modo geral, para a vida ou para o resto (e o que é que resta?). A estória do esquilo é também uma banalidade, mas porque não, porque não mudar de vida a partir desse momento? Ao ouvir música Little Acorns?! Ou ao ler este texto?!! 

É claro que é bom partir os problemas em problemas mais pequenos, mais fáceis de resolver — be like a squirrel, be like a squirrel, canta Jack White. (Há quem concorde mais com Jack Daniels, 20 anos.) Mas isto, toda a gente sabe. Não aprendemos nada que não soubéssemos já. Existem sim momentos em que frases, conversas, livros e esquilos batem mais. How did you manage to change your life, Janet? — I got high on squirrel.
Janet não descobriu (um)a verdade: ‘ah, se eu partir os meus problemas, etc.’ Ela observou o esquilo, pôs-se a pensar no esquilo e na sua vida. Pôs as coisas em perspectiva. Não interessa, ganhou ânimo. Mas também nessa noite ela jantou, lavou os dentes, viu TV, olhou novamente pela janela, deitou-se (se dormiu melhor ou pior, não sei). Life goes on. E no dia seguinte fez cenas, lembrou-se do esquilo ao longo do dia, e fez mais cenas. Fez coisas que não teria feito se não fosse o esquilo. E a vida de Janet foi melhorando, falou com amigos e confidenciou a alguns a estória do esquilo; alguns acharam-na curiosa; quase todos a ajudaram. And now she says life is good again. Que bom! As coisas podiam ter corrido mal mas não correram. Ela podia ter desistido a meio mas não desistiu. E se calhar, pensou no esquilo algumas vezes. Por isso é verdade que o esquilo mudou a vida de Janet. Mas a verdadeira estória não pode ser contada, nem mesmo por Janet. Eu procurei descrever o que aconteceu — fez isto fez aquilo, lembrou-se da história, falou com amigos — porque descrever é o máximo que se pode fazer. A verdadeira estória teria de ser contada por dentro, do interior, e nem a Janet pode ‘viver para contá-la’. Sometimes it’s better 'making sense' than 'being true.' O esquilo fez sentido. Em todo o caso, foi um erro útil — ‘Falhaste em cheio, Janet!’


Trivia: as late as the 10th-century, a squirrel could’ve travelled, from Paris to Moscow, merely by jumping from tree to tree and never having to touch ground.
In Margaret Anderson, History 5: Spring 2008, Berkeley Podcast, 41m14s-26s, 1.The Boundaries of the West: Endings and Beginnings.

O que a levou a reflectir no esquilo? Como passou ela a noite, como acordou no dia seguinte? E o que se passou durante o sono? O que estava a pensar antes de falar com os seus amigos e familiares? Não conseguimos explicar, com verdade, a nossa motivação interior, nem para nós mesmos nem para os outros: porquê o esquilo e não a música ou este texto? Podia ter sido outra coisa. Da mesma forma, outras pessoas viram o esquilo e não lhes aconteceu nada; não bateu. Não conseguimos perceber a motivação interior dos outros. E essa seria a estória que interessa, e essa não pode ser contada. Tudo pode ser descrito e o essencial fica por dizer. Não podemos imitar Janet quando foi dormir, nem o que sonhou, nem como acordou. Não podemos repetir os seus passos nem a viagem do esquilo, de Paris a Moscovo. E eu não gosto de nozes. Só podemos esperar uma epifania análoga, que quando contada corresponda, com maior ou menor boa vontade, à estória da Janet. Não é mentira, não é verdade, mas é tão importante.

Sometimes it takes a squirrel…a twist in the kaleidoscope, to see things in different colors

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Eurobonds

De tanto ouvir falar e ler sobre os magnificos e salvadores da nação "Eurobonds", ficam aqui alguns registos engraçados:

- As eurobonds não são pozinhos de perlimpimpim
- Eurobonds
- Eurobonds em poucas linhas
- A pergunta proibida: a Europa tem futuro?
- Cuidado com as eurobonds
- O euro, a UE e o pensamento mágico

Para os mais técnicos, fica a explicação:

terça-feira, 5 de junho de 2012

Parcerias Ruinosas – Auditoria acusa Governo de Sócrates de ter agravado a despesa pública

Assino por baixo do que diz José Gomes Ferreira, mais uma vez sobre as PPP:
 
“Esta é a história de um grande conluio entre alguns políticos, bancos, construtoras, consultoras e grandes gabinetes de advogados”

“Se levarem esta investigação até ao fim, não se admirem que muita gente caia”

“Isto vai pesar durante 25, 30, 40 anos nas nossas vidas”

“A conta que vai cair ainda está a subir e vai atingir por ano 2700/2800 milhões de euros a partir de 2014”

“Esta é a história de um conluio que tem coniventes. E podemos citá-los: podemos perceber que havia um secretário de Estado voluntarioso e que está no centro disto tudo [Paulo Campos]… que atravessa os 2 governos de José Sócrates e em que há 2 ministros [Mário Lino e António Mendonça]… e sempre um primeiro ministro”

“Isto foi de tal maneira um conluio que levou a que se favorecessem esses interesses todos”

“E havia ainda um ministro das finanças [Teixeira dos Santos] e um secretário de estado do tesouro [Carlos Costa Pina] que sabiam o que estava a acontecer e que nunca deram o murro na mesa”

“E a Procuradoria já vem tarde, porque já todos percebemos há muito tempo que há aqui indícios de favorecimento de muita gente.”

“É num país que ia entrar numa situação de financiamento muito complicada, com juros a subir, com a dívida externa a pesar, e em que um Presidente da República apercebeu-se muito bem em 2007 que ia ser feito uma loucura com as Estradas de Portugal com o novo modelo de financiamento, foi-lhe levado o diploma, teve dúvidas, pediu esclarecimentos e depois assinou? Assinou uma coisa destas? Ainda hoje estou para perceber porquê e durante muitas décadas os portugueses vão pedir ao nosso presidente Cavaco Silva uma explicação porquê que assinou isto?”

“Aqui em Portugal, juízes, procuradores, investigadores e Ministério Público, todos fazem o seu trabalho e depois chegam ao fim e há sempre por um lado garantias e por outro existe uma coisa que se chama inversão do ónus da prova que é proibida: toda a gente pode ter 30 mansões e desde que não se encontre ligações entre uma assinatura de um contracto e o facto de ter essas 30 mansões ninguém pergunta mais nada a ninguém. Chama-se enriquecimento ilícito que os nossos políticos não quiseram legislar. O mal vem do Parlamento e mais uma vez estes negócios arriscam-se a ficar impunes quando está na evidência de todos que houve aqui favorecimento ”

“O país está em estado de urgência e de emergência. Evoque-se uma coisa que se existe que é um princípio genérico de direito – contrato leonino – para se dizer que não se cumprem… e deve ser evocado urgentemente, porque houve aqui um cinismo tão grande na construção destes contractos. Aquele gráfico que vimos com o impacto financeiro daquelas responsabilidades levou que até 2013 a factura não seja muito alta, andava relativamente baixa e a partir de 2013 aquilo dispara. Quem imaginou isto em 2005? Um governo [Governo de José Sócrates] e um Partido [Partido Socialista] que pensavam que ficavam no governo 2 legislaturas, que acabava no final de 2012. E isto é de um cinismo e de uma frieza atroz, e ficámos todos comprometidos com uma conta que não podemos pagar.”

“Eu arrisco a dizer aqui que se houver razão para nós pedirmos um 2º resgate, esta vai ser a principal razão. Portanto, têm que se cortar já estes contractos.”

“Chega ao desplante de a Troika vir dizer: se não conseguirem cortar nos contractos , chamem a opinião pública para vir pressionar estes senhores. Por amor de deus, onde é que estamos? Nós somos cidadãos! Vamos exigir que sejam responsabilizados! Vamos exigir que se corte! É um dever de todos nós!”

Ainda há por aí algum imbecil com ideias de apelidar esta gente de liberais?


[Via O Insurgente]

O Governo, na prática, acaba por nacionalizar 2 bancos (BCP e BPI) ao injectar 4,3 mil milhões de euros, depois de chegar à conclusão que há uma questão de financiamento à economia portuguesa e que há milhares de PMEs que estão a ser estranguladas financeiramente por não terem acesso ao crédito bancário.

O objectivo é que estes bancos, agora intervencionados, constituam ambos fundos de 30 milhões para recapitalizar as PMEs.

De registar também a opinião de Nicolau Santos sobre a política neoliberal deste governo: "o significado disto é que o governo não confia que o sector financeiro esteja a fazer chegar à economia o dinheiro que lhe tem sido colocado à disposição, e nesse sentido é curioso ver como é que um governo tão liberal passa a intervencionista para tentar atingir os seus objectivos. Veremos se daqui a 5 anos, quando esta intervenção nos bancos estiver acabada, se o balanço final é positivo para os contribuintes ou se estes ainda terão de pagar para salvar bancos e para salvar a economia".