quarta-feira, 25 de abril de 2012

donos de portugal, um enorme livro, um enorme documentário, um enorme trabalho: bom para dar uma olhada neste 25 de Abril

foi bonita a festa

miguel portas

Há coisas que nos ficam na cabeça, curiosas, por parecerem insignificantes sem o ser. Lembro-me de um debate sobre a Palestina com o Miguel Portas. Regressava ele de lá. Lembro-me de se falar dos pretextos que os palestinianos tinham para responder com rockets praticamente inofensivos às agressões israelitas. Se essas retaliações não seriam estúpidas, por não terem efeitos práticos, por darem pretextos a Israel para novos ataques, por retirarem legitimidade à causa palestiniana junto da comunidade internacional. O Miguel contou que ele mesmo perguntara isso a um palestiniano. Contou o que esse lhe respondera. Qualquer coisa assim: quando se encurrala um gato numa jaula, ele não pode fazer nada além de mostrar as garras. Não podemos fazer mais nada, estamos a mostrar as garras.
Guardei essa parábola do gato enjaulado. Lembro-me de ficar a pensar que se os palestinianos não mostrassem as garras provavelmente ninguém conheceria as suas causas. Provavelmente aquele debate não estava a acontecer. E aquele debate também não aconteceria se não fosse o Miguel, se não fossem as suas experiências, se não estivesse ele a defender a liberdade de um povo. Falava de uma forma emotiva, também ele mostrava as garras. Vou lembrar-me do Miguel Portas na alegria da noite eleitoral das últimas eleições europeias, entre saltos e sorrisos. Por agora vou estar triste. Triste por haver tantos gatos enjaulados e por haver menos um homem que os tenta libertar. Morreu um dos nossos.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Indicações de voto

Marine Le Pen anunciou que não dará indicações de voto, depois de ter deixado François Hollande e Nicolas Sarkozy, que a 6 de Maio irão disputar a segunda volta das presidenciais francesas, dependentes dos votos dos eleitores da extrema-direita que escolheu Le Pen.

No entanto, os "mercados" já fizeram o seu juizo. Estiveram reunidos nas últimas horas e decidiram, em AG extraordinária, apoiar o candidato da direita:

- Derrota de Sarkozy atira bolsas ao tapete

- Bolsas europeias a cair após eleições francesas

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Homossexuais contestatários

José António Saraiva no jornal SOL:

"À minha frente, no elevador, está um rapaz dos seus 16 ou 17 anos. Pelo modo como coloca os pés no chão, cruza as mãos uma sobre a outra e inclina ligeiramente a cabeça, percebo que é gay.

Estamos no edifício da FNAC do Chiado. Trabalho naquela zona e, pelo menos duas vezes por dia, subo e desço a Rua Garrett. Frequentemente, por comodidade, utilizo o elevador da FNAC: é uma forma prática de ir da Baixa para o Chiado e vice-versa.

Em todas as grandes cidades do mundo há lugares preferidos pelas comunidades gay. Não sei as razões que conduzem a essas escolhas, mas muitos guias turísticos já as referem. O Chiado é, em Lisboa, uma dessas zonas – e, de facto, cruzamo-nos aí constantemente com ‘casais’ de mulheres e sobretudo ‘casais’ de homens de todas as idades.

Julgo ser um facto notório que a comunidade gay está a crescer. Há quem afirme que não é assim – e o que se passa é que os gays têm cada vez menos receio de se assumirem, cada vez menos receio de revelarem as suas inclinações, tendo orgulho (e não vergonha) de serem como são.

Talvez esta explicação seja parcialmente verdadeira.

Mas, se for assim, é natural que o número de gays esteja mesmo a crescer. O assumir da homossexualidade por parte de figuras públicas acabará forçosamente por ter um efeito multiplicador, pois funciona como propaganda.

Até há duas gerações a homossexualidade era reprimida socialmente, pelo que muitos jovens com inclinações homossexuais teriam pejo de se assumir – acabando alguns por constituir família para afastar eventuais suspeitas. Conheço vários exemplos desses: casos de homens e mulheres que se casaram, vindo mais tarde a trocar o parceiro ou a parceira por uma pessoa do mesmo sexo.

Ora hoje passa-se o contrário: alguns jovens que não têm inclinações evidentes acabam por ser atraídos pelo mistério que ainda rodeia a homossexualidade e pelo fenómeno de moda que ela assumiu em determinados sectores. Não duvido de que há gays que nascem gays. Mas também há gays que se tornam gays – por influência de amigos, por pressão do meio em que se movem (no ambiente da moda isso é claro), e por outra razão que explicarei adiante e me levou a escrever este artigo.

Ao olhar esse jovem que ia à minha frente no elevador, pensei: será que há 20 anos ou 30 anos ele teria a mesma atitude, assumiria tão ostensivamente a sua inclinação? E, indo mais longe, se ele tivesse sido jovem nessa altura seria gay?

Tive dúvidas. Ao observar aquele rapaz tive a percepção clara de que a sua forma de estar, assumindo tão evidentemente a homossexualidade, correspondia a uma atitude de revolta.

Durante séculos, os filhos seguiram submissamente as orientações dos pais em matéria de profissão e casamento. Às vezes contrariados, mas seguiam. Havia famílias de diplomatas, de advogados, de arquitectos, de empresários, de comerciantes, de carpinteiros, de padeiros, de trabalhadores rurais.

Mas nos anos 60 dá-se na sociedade ocidental uma revolução que mudaria o mundo. É a geração dos Beatles, de Woodstock, do Maio de 68, da droga, do sexo livre e da contestação à guerra do Vietname – ‘Make love, not war’ –, da contestação em geral.

O termo ‘contestatário’ entrou na linguagem comum. As palavras ‘irreverente’, ‘insubmisso’, ‘rebelde’, etc. deixaram de ter uma conotação negativa e passaram a ser vistas como elogios. E não se tratava apenas de um fenómeno europeu. Uns anos antes, do lado de lá do Atlântico, filmes como Rebel Without a Cause (Fúria de Viver), de Nicholas Ray, faziam furor – e James Dean, o protagonista, tornava-se o ícone de uma geração ‘rebelde’ sem uma ‘causa’ bem definida.

Nessa época, um jovem que não fosse contestatário não estava bem dentro do seu tempo.

Pertenci a essa geração em que muitos jovens da minha idade estavam em guerra aberta com a família. Eu tinha amigos revolucionários, que andavam a pintar paredes com frases contra Salazar e a guerra colonial, ou em reuniões clandestinas contra a ditadura, cujos pais tinham lugares de confiança no regime salazarista.

Houve conflitos tremendos entre pais e filhos. Os pais, funcionários exemplares, presidentes de Câmara, directores-gerais, militares de elevada patente, etc., sofriam horrores com a irreverência dos filhos que andavam em manifestações, entravam em conflito com a Polícia e às vezes eram presos.

Em 1969, era o meu tio José Hermano Saraiva ministro da Educação Nacional, eu estava envolvido na luta académica contra o Governo na Escola de Belas-Artes. E pouco depois o meu irmão mais velho foi preso e julgado por ‘actividades subversivas’ – e quem o defendeu, num acto de grande coragem e dignidade, foi ainda o meu tio José Hermano, que era então deputado.

Acrescente-se que muitos dos políticos que hoje estão no activo andaram envolvidos em lutas estudantis e em movimentos revolucionários. O caso de Durão Barroso, que militou no MRPP, é o mais conhecido mas não é o único.

Nos dias que correm, todas essas ilusões revolucionárias morreram ou estão em vias de extinção. O fim da União Soviética e a queda do Muro de Berlim, a evolução da China para uma economia capitalista, a morte política de Fidel, tudo isso fez com que certos mitos desabassem e nascessem outras formas de recusa do modelo de sociedade em que vivemos.

Ora uma delas é a homossexualidade. Para alguns jovens, a homossexualidade surge como uma forma de mostrar a sua ‘diferença’, de manifestar a sua recusa de uma sociedade convencional, de lutar contra a hipocrisia daqueles que não têm coragem de se mostrar como são, de demonstrar solidariedade com aqueles que são discriminados ou perseguidos pelas suas opções.

Ser homossexual, para muitos jovens, é tudo isto. É uma forma de insubmissão. E, está claro, é um desafio aos pais. Se antes os jovens desafiavam os pais tornando-se ‘de esquerda’, hoje desafiam-nos recusando a ‘família burguesa’ e mostrando-lhes que há outras formas de relacionamento e até de constituir família. Aliás, assumir-se como homossexual talvez seja, por muitas razões, o maior desafio que um filho pode fazer aos pais.

Todas as gerações, desde esses idos de 60, tiveram os seus sinais exteriores de revolta. Foram os cabelos compridos, as drogas, as calças à boca-de-sino, as barbas à Fidel Castro, os posters de Che Guevara colados na parede do quarto.

Ora a exposição da homossexualidade é hoje uma delas. E a opção gay é uma forma de negação radical: porque rejeita a relação homem-mulher, ou seja, o acto que assegura a reprodução da espécie. Nas relações homossexuais há um niilismo assumido, uma ausência de utilidade, uma recusa do futuro. Impera a ideia de que tudo se consome numa geração – e que o amanhã não existe. De resto, o uso de roupas pretas, a fuga da cor, vão no mesmo sentido em direcção ao nada.

O fenómeno da homossexualidade como forma de contestação deste modelo de sociedade em que vivemos, de afirmação radical de uma diferença – enquadrada num fenómeno contestatário iniciado nos anos 60 –, nunca foi abordado.

Mas olhando para aquele adolescente que ia à minha frente no elevador da FNAC, percebi que era isso que o movia quando fazia uma pose ostensivamente feminina. Ele dizia aos companheiros de elevador: «Eu sou diferente, eu não sou como vocês, eu recuso esta sociedade hipócrita, eu assumo-me»."

Como transformar um Sul-Coreano num Norte-Coreano?



[Via O Insurgente]

Da série: "Marketing de Guerrilha é do caralho!"

Corrupção no Sporting??

Tenho apenas 2 comentários a dizer sobre as Buscas da Polícia Judiciária em Alvalade:

1) Segundo a publicação, foi o próprio Sporting, após ter recebido uma denúncia anónima, que informou, na altura, o recém eleito presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Fernando Gomes. A PJ investiga suspeita de corrupção no Sporting-Marítimo porque foi o Sporting que colocou o assunto nas mãos da PJ.

2) A confirmar-se a notícia, constato que foi preciso o sr. Cardinal ficar em casa para o Sporting não ser prejudicado nas arbitragens, porque sempre que esse senhor apitou jogos do Sporting, o Sporting foi sempre prejudicado.

terça-feira, 10 de abril de 2012

domingo, 8 de abril de 2012

fernando pessoa, poema em linha reta

Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.


Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

(...)


Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

sábado, 7 de abril de 2012

complexidade, agentes, economia

As relações sociais são tudo menos lineares. Mais do que complicadas, são complexas. A economia clássica e neo-clássica teima em fechar os olhos a toda essa complexidade: relações de poder e tantas outras que se criam entre os agentes são assuntos marginalizados e que não têm espaço na ilusão de que oferta e procura criam os preços que irão garantir equilíbrios mágicos e felicidade eterna. Os mercados são eficientes e irão atingir um equilíbrio que deixará satisfeitas todas as partes... basta modelar as curvas certas e deixar o tempo passar. A evolução dos preços determinará os comportamentos dos agentes, que passo a passo se encaminharão para um comportamento que coincidirá com o previsto ponto de equilíbrio.


Uma outra perspectiva, centrada no agente, preocupa-se com o oposto. Preocupa-se em modelar as assumpções básicas que determinam o comportamento dos agentes para daí avaliar a evolução das estratégias e a emergência de padrões. Afasta, por exemplo, a ideia de que a evolução dos mercados se pode conhecer à priori. Tenta, em vez disso, prever a estrutura desses mesmos mercados dadas as interacções (não lineares) entre as partes. Essas estruturas resultantes são determinísticas, mas não previsíveis, como nos faria crer a teoria do equilíbrio geral.


Depois da teoria, venha a prática. Comecei à pouco tempo a brincar com esta novidade dos modelos baseados em agentes. Aliás, sintam-se afortunados por estar aqui a partilhar o primeiro modelo que criei, tão simples, tão básico e tão ingénuo. Vou tentar explicá-lo:

Aqui em cima, sobre o fundo preto, estão os agentes, as pessoas. Essas pessoas poderiam fazer muitas coisas. Aqui, apenas se movem no espaço e mudam de cor. As disposições e cores iniciais são aleatórias. Do lado esquerdo estão algumas variáveis que se podem ajustar: o número de pessoas, a personalidade de cada pessoa e a probabilidade de uma pessoa nascer ou morrer.

O modelo é tão simples que quase me envergonha. O resultado é complexo. Apenas existem duas assumpções básicas:

- As pessoas vão ajustar a direcção do seu percurso olhando para a direcção dos seus vizinhos directos

- As pessoas vão mudar de cor consoante a cor dos seus vizinhos directos

Claro que as pessoas são mais ou menos influenciáveis consoante a sua personalidade... uma personalidade muito forte obriga a não tirar os olhos do umbigo e neste caso, a não mudar facilmente a direcção ou a cor. Uma personalidade fraca obriga a que a pessoa seja completamente influenciável por quem a rodeia.

E depois disto, vamos brincar.

Podemos ver o que acontece quando não existe natalidade nem mortalidade, existem 50 pessoas e todas elas têm personalidade fraca, tal como na imagem em cima. Após 50 turnos, este é o resultado:

Reparem que logo após 50 turnos emerge uma estrutura. É visível o conjunto dos verdes e o conjunto, bem mais discreto, dos azuis. As pessoas formam grupos. Os traços que ligam pessoas representam as relações de influência. Quem está próximo está a influenciar-se mutuamente. Como no quotidiano, note-se, não se assume que os agentes possuem informação completa e que conhecem todo o estado de todos os outros agentes. Apenas olham para os vizinhos mais próximos. Mais alguns turnos e:


Toda a gente é verde. A falta de personalidade deu nisto, na homogeneidade. Note-se, não há nenum líder, não há seguidos nem seguidores. Há apenas pessoas iguais a influenciarem-se mutuamente, seguindo exactamente as mesmas regras. Ficaram todos verdes (podiam ter ficado laranja). Ninguém o poderia prever.

Avancemos.


Agora vamos ter natalidade e mortalidade. A personalidade continua fraca. Continuam as primeiras 50 pessoas iniciais:

Passados 200 e tal turnos...



notam-se várias estruturas, de várias cores. Nota-se o grupo dos azuis, o grupo dos bracos e azulados, o grupo dos violeta. Em baixo e à direita, uns avermelhados. Ninguém o poderia prever. Há mais diversidade, por haver morte e nascimento, por haver renovação. E à medida que o tempo passa...


parece que nos encaminhamos para uma maior homegeneidade. A evolução tem destas coisas: os verdes, brancos e violetas desapareceram, mas... o grupo emergente é o dos castanhos. Parece coeso, parece indestrutível, mas...



bastantes turnos depois as estruturas mudam, a ordem establecida altera-se... novos padrões emergem. Voltou a era dos brancos, nasceu a era dos verdes. Ninguém o poderia prever.

Podiamos brincar o dia inteiro, a noite inteira. Podemos arranjar inúmeras traduções para a realidade: os agentes podem ser pessoas, podem ser animais, bactérias. A cor pode ser uma opinião, pode ser uma ideologia, pode ser uma doença infectocontagiosa, pode ser a propensão para consumir, pode ser a confiança económica. A direcção tomada pelos agentes pode ser vista como uma relação afectiva, uma relação de interesse, pode significar a influência exercida. Os turnos podem ser anos, dias, meses.

Se não for o único a chegar acordado a esta parte, fica aqui o desafio de lançarem novas assumpções, de procurar paralelos com a realidade. De tentar interpertar os resultados.

Com regras tamanhamente simples, surgem padrões imprevisíveis e (mais ou menos) estáveis. Emergem comportamentos colectivos. Comportamentos que não cabem na economia neo-clássica, estruturas que não se conhecem à partida, padões que ninguém poderia prever. Sendo uma estrutura complexa, não é no mínimo arrogante afirmar que o produto de um mercado é sempre, previsivelmente, indiscutivelmente, invariavelmente, o melhor para todas as partes? Não é arrogante afirmar que as "imperfeições" são excepção e não são regra?

eduardo galeano e jean ziegler

Aumento de roubos de colmeias preocupa apicultores


Hoje não li muitas notícias, mas valha-me isso, li das mais curiosas que por aí se escrevem. Uma que diz que o aumento do roubo de abelhas preocupa os apicultores. Acho curioso porque logo à partida é de salutar a criatividade crescente no seio da gatunagem. Com mais algum cuidado na análise, há aspectos nesta tendência que emergem e despertam questões. Despertam admiração até. Imagine-se o risco acrescido que é roubar abelhas. Jóias, ouro, notas, obras de arte, roupa, santos de igrejas, moedas, toda essa parafernália de objectos se tornam algo infatil de roubar, por não terem um ferrão para a ser espetado, pronto a por em causa a integridade física do assaltante. Convenhamos também, um anel de rubi não tem asas, ou a agilidade suficiente para poder escapar no acto do furto. Depois o transporte das ditas cujas. Aposto que uma perseguição em alta velocidade é deveras inóspito para a fragilidade de um ser tão cândido como uma abelha. Abelhas mortas não servirão os propósitos de quem as rouba e por isso o transporte tem de envolver um misto de velocidade e delicadeza, de energia e carinho, de vigor e amabilidade. Não será fácil, entenda-se. E não ficamos por aqui. Ultrapassada toda a logística do assalto propriamente dito, terá de vir a rentabilização das abelhas. A menos que as abelhas se destinem ao usufruto do próprio larápio (o que me custa imaginar), os pequenos animais terão de ser vendidos. Para tal e desde logo, as abelhas têm de ser contadas. Admiro a dedicação dos assaltantes, dispostos a algo tão entediante como contar o número de bichos tão minúlculos e irrequietos como o são as abelhas. Depois de contadas, a procura de compradores num mercado tão específico como imagino que seja o mercado das abelhas (e sem querer ferir o valor inestimáel de qualquer ser vivo, digam, quanto custará uma abelha?).
Neste ponto perguntar-se-ão (eu perguntei a mim prório), mas será que as colmeias são roubadas apenas por causa do mel e as pobres abelhas vêm por arrasto? Por causa do mel? Só por causa do mel? Não... para isso assaltava-se o continente, ou pingo doce, um pequeno comércio, uma loja turística que decerto teria um número considerável de potes de mel. Não... roubar abelhas siginifica astúcia, perícia. Significa viver no limite, vestir a camisola de uma profissão. Significa a vanguarda de um conjunto de homens e mulheres que desafiam a fronteira do roubável e fazem avançar os limites do empenho. Ao cuidado da polícia: se apanharem um assaltante de abelhas, não o encarcerem numa prisão. Ponham-no em conferências, ponham-no como orador em universidades de verão da jsd, porque esse indivíduo encerra em sí toda a aura empreendedora de que o país precisa para avançar.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

momento (muito bom e também) musical

Da série: "Qualquer semelhança com a coincidência é pura realidade"

Seguro pediu emprestados ao Governo os polícias do Chiado para repor a ordem no grupo parlamentar

O líder do Partido Socialista pediu este sábado ao Governo que lhe empreste aqueles polícias que estiveram no Chiado, pois é necessário «repor a ordem no grupo parlamentar e o Zorrinho nem dele sabe tomar conta», afirmou Tozé Seguro, numa declaração aos jornalistas que terminou com um abraço apertado a cada repórter. Com efeito, o líder socialista é muito meigo.

Recorde-se que os problemas entre os deputados do PS e o PS complicaram-se nesta última semana, por causa do Código do Trabalho, mas há bastante tempo que uma parte do Partido Socialista fez saber que gosta tanto de António José Seguro como do Mário Crespo ou da Manuela Moura Guedes.

Entretanto, quem se está a chegar à frente é António Costa, que toda a gente pensava que se estava a fazer a Belém, mas parece que, depois de ver o que lá está a queixar-se da miséria que ganha e que nem dá para as despesas, pensou que talvez fosse melhor fazer-se a São Bento.

[Fonte: Imprensa Falsa]

Ó Fernando, é uma pena tu estares fora porque isto está muita bom!

1- Guerra civil socialista, 31 da Armada

"No Domingo iniciou-se a batalha pela conquista do Partido Socialista. Já nessa altura pareceu-me claro que o general em Paris tinha dado ordens para atirar a matar sobre o actual líder. Hoje a artilharia surgiu em força, a propósito do novo código laboral e ainda da revisão estatutária proposta por Seguro. José Lello, Jorge Lacão e Isabel Moreira foram os atiradores de serviço, mas haverá outros disponíveis para disparar umas balas. Por enquanto atacam directamente o líder parlamentar Carlos Zorrinho, mas o alvo principal é outro. E uma coisa é certa: se Seguro não conseguir controlar a rebelião do pelotão socrático, mais tarde ou mais cedo perde a guerra."

2- Guerra civil no PS passa de surda a aberta, n'O Insusgente

"A guerra no interior do PS deixou de ser surda e passou a ser aberta, sendo que cada uma das facções rosas luta com as armas que tem ao seu dispor:

- António Costa critica Seguro por fingir que o passado do PS não existe
- Paulo Pedroso contra lógicas de refundação interna do PS e de fractura face ao passado
- Quebra da disciplina de voto por Isabel Moreira analisada pela direcção da bancada do PS na 3ª feira
- Seguro responde às críticas internas dizendo que será “firme”
- Comissão Nacional do PS aprova revisão dos estatutos na generalidade com 81% dos votos
- Socialistas Renato Sampaio e Isabel Santos abandonam Comissão Nacional em sinal de protesto"

3- Deputado socialista apela ao voto contra o tratado orçamental, Expresso

4- Maioria de vice-presidentes 'salva' Isabel Moreira, Expresso

5- Zorrinho faz ultimato a Isabel Moreira, Expresso

6- Mário Soares: "Não quero intervir nas questões do partido", Expresso

...

As greves são uma maçada!

Louçã retido em Munique devido a uma greve

Líder bloquista já não vai participar no comício da coligação Syriza, em Atenas

[Via 31 da Armada]