quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

pai natal esotérico


Feliz Natal a todos. Faço sempre isto, aposto que o atraso das palavras chateia o palhaço de barbas brancas. Já gostei dele, já sim, mas foi à muito tempo. Não vou esquecer a tarde amarga em que o apanhei no berço com a minha joaninha, sacana. Sempre dormia a sesta das três ás cinco, mas quis o destino acordar-me por volta das quatro, nesse dezembro sem igual. Lá estava ele, nos braços da pura, inocente, apesar de minha, joana. Antes tudo bem, não era uma relação muito chegada mas pintávamos uns desenhos juntos, lanchávamos na mesma mesa, olá boa tarde, até amanha pá, indiferente. Depois disso nunca mais. Vi-o anos mais tarde, na tasca por baixo do meu apartamento, provocador, com fato vermelho, barba ainda por fazer, óculos redondos, barriga avantajada. Tentei ignorá-lo mas não esquecia as imagens adulteras... Ao primeiro soco respondeu-me com um pontapé na canela direita... Arranquei-lhe barba (ah, desculpa, pensava não ser verdadeira) e gritou que nem uma menina. Foi bonito sim, soube bem, mas rápido puxei da minha dignidade, mal entendi o cheiro da sua avançada embriaguez. Pediu desculpa três vezes e fiz jus à clemência. Ficamos a falar um bocado, chegou mesmo a chorar-me no ombro. Queixava-se que coca cola lhe ameaçou tirar o patrocínio, caso não conseguisse largar o álcool. Tive pena, mas entendi as razões, onze meses por ano a ser ignorado era um bom chamariz para a pinga. A curiosidade levou a não largar a conversa dessa noite, até ver despedaçada a intriga do porquê de ter chegado a um tão insólito posto na vida: foi na festa de anos de uma amiga, em dezembro, a jogar verdade ou consequência, perto da meia noite, escolheu consequência e teve que ir de pijama vermelho, pelas ruas da baixa, despejar o saco do lixo e gritar o que lhe viesse à pouca cabeça que tinha. Ás palavras tantas, apareceu um idiota sem espaço no telemóvel para mais que um vídeo de 3 segundos, que o filmou a dizer qualquer coisa parecida com “n'tal”. Rapidamente os jornais e telejornais se encheram com a polémica “Filho de primeiro ministro preso enquanto fazia desacatos na rua, únicas imagens gravadas são vídeo de 3 segundos bla bla bla a gritar natal.” O pai, após ter falhado a tentativa de fechar o youtube e acabar com a imprensa livre, decidiu reunir o conselho de ministros e impor que se criasse qualquer coisa festejável, de nome natal e com qualquer personagem vermelha. Isso ou outra coisa que elevasse o filho de ridículo a moderno, de moderno a mainstream. Um ministro democrata-cristão logo “tudo bem, podíamos era aproveitar para dinamizar uma tradição cristã”. O director da confederação da indústria portuguesa a ordenar “tudo bem, mas tem que haver prendas”. Um ex-ministro do estado novo, e ordenou “tudo bem, visto que a nação já não tem pai, pelo menos que o tenha essa coisa”. Ai o primeiro ministro “tudo bem, mas tem que ser o meu filho, que o rapaz não se anda a safar nos estudos e já tenho a matilha de assessores mais que completa” Aí veio um militante de esquerda “tudo bem, mas não pode ter trabalhadores precários” o mesmo que ouviu: “Eeeeelaaa, para lá com os radicalismos, o tipo vai ter duendes não sindicalizados a trabalhar todo o ano, e se algum espertalhão da direcção-geral do emprego e das relações de trabalho perguntar onde é sediada a empresa, dizemos que é na Lapónia”.
Dei-lhe boleia até ao metro e só lhe pus os olhos à coisa de dias, quando estava a passear as renas no parque eduardo vii.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

Lugares Comuns (2)

Adoro histórias de lugares comuns, inevitáveis, cinematográficos. Cenários absolutamente previsíveis - cliché, sabem?

No Sofá

- Foda-se o raio do comando!
- Pedro!?
- Sim, mulher.
- O Joãozinho Pedro. Está ao teu lado, a olhar para ti, Pedro.
- Ele só tem 16 meses, mulher.
- Tem 34 meses, Pedro. Ele começa a aprender as coisas, Pedro. Ontem disse-me para eu sentar o rabinho gordo no sofá, já viste? Não sei como também não pediu uma cerveja.
- E sentaste?
- Foda-se! É impossível ter uma conversa séria contigo!
- Mulher! O Joãozinho, mulher!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

momentos lúcidos (I)

"Em Copenhaga estão apenas a discutir como salvar a economia da extinção da espécie humana."
Iván Lira

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Caim


A história dos homens é a história dos seus desentendimentos com deus, nem ele nos entende a nós , nem nós o entendemos a ele."

Depois de tão grande expectativa, depois de tão grande espera, depois de tanto se falar do mais recente livro do já consagrado Saramago, hoje parece que o livro se encostou às prateleiras das livrarias, à espera de sair em massa nesta época natalícia.
De grande noticia polémica passará a grande alternativa para as prendas do Natal.
É só entrar numa das habituais Fnacs ou Bertrands que somos engolidos por essa mancha amarela e rosa avermelhado e com a palavra repetida dezenas, centenas de vezes, como aqueles pensamentos que nao se apagam da memória...Caim....Caim....Caim....Caim.
Nele, diz-se sentir a contestação do autor à Igreja. Na sociedade, pessoalmente, sinto mais o rancor ao autor que ao livro em si.
Nunca percebi qual o mal da obra de Saramago conotar a crítica à religião.
Não se pode olhar Saramago como obra crítica mas como obra...hum...digamos, literária superior!
Poderíamos encontrar inúmeros livros polémicos mas a obra deste escritor não vive da polémica mas da consagração dos anos e do auge da qualidade.
Quanto a mim, eu pouparia os meus esforços para apontar os dedos a tantos livros de uma escrita horrenda que continuam nas prateleiras e que nunca impressos deveriam ter sido.
Quanto a Caim, deixem o livro vender em paz...
Olhem o Nobel, gente! Olhem o Nobel!

domingo, 13 de dezembro de 2009

um fim ao mundo






Na tarde em que o céu, de tão carregado quase podia descolar-se do papel de cenário e matar o mar, sem avisar nem os peixes nem o sal, via-me a correr numa sala branca de luz, por uma passadeira vermelha sem fim, chamar aqui e ali deuses, avisar aqui e ali homens, sem eco nem resposta. Sentir o mundo na ponta de uma varinha mágica pesa nos pulsos, acreditem, e na realidade não era era magia, tão pouco varinha, e do mundo apenas o fim. Podia ser já no dia seguinte, uma terça-feira aquecida pelo último setembro, e a sê-lo, espero que nunca antes das sete da tarde. De manhã nem pensar, seria cruel roubar o acordar, ou o pequeno-almoço a dois, ou a três, ou sozinho, ou nem pequeno-almoço, ou nem acordar. Há hora de almoço só em último caso, jamais de ânimo leve correr o risco de interromper a última refeição e deixar para a poesia futura uma mal sonante meia-última-refeição, na dúvida, deixem os bichos acabar a sobremesa antes de lhe lavarem para sempre a loiça. Nunca antes das sete da tarde. Nunca antes do último banho no mar, da última música, da última bala, do último delírio, do último passeio, do último beijo, do último murro, do último tiro, da última esmola, da última morte, da última mão cheia de areia contra o tanque, do último grito, do último ranger de dentes, da última folha riscada e no lixo, do último fechar de olhos. Deixem chegar a casa o corpo cansado, poisar as chaves na mesa, gritar o nome de alguém, abraçar o nome de alguém, tirar da caixa dos bolos da cozinha um bolo da caixa de bolos da cozinha e comer tudo menos as migalhas do chão ou chegar a casa e os olhos comidos não verem casa, as palmas da mão na terra queimada, chorar o nome de alguém, abraçar o sangue de alguém, tirar da caixa da raiva uma lágrima e limpa-la antes do bater no chão. Na sala branca o tempo foge por debaixo dos passos, e do branco-luz começam a aparecer vidros com rostos pálidos, fotografias ou reais, é tudo igual (antes fotografias, essas não passam fome), e cada vez mais rostos pálidos. A mesma passadeira vermelha por debaixo dos passos, o mesmo tempo a correr. Rostos, tirar-me-iam o remorso de premir o gatilho e alvejar para sempre os segundos, os minutos e as horas. Pela derradeira vez cheirar os eucaliptos lá longe, esperar que as garças aterrem e o vento se cale. Encher os pulmões e mesmo antes de os ter vazios, ouvir dos rostos um terço de agora não e dos rostos dois terços de finalmente.


@fotografia: odeceixe, novembro 2009

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Três Cantos




Já por aí está à venda o DVD, CD e Livro do espectáculo que juntou José Mário Branco, Sérgio Godinho e Fausto Dias.
Traz 2 cd's com as musicas gravadas ao vivo no Campo Pequeno, um DVD com o filme do concerto e um documentário feito durante os ensaios.

Eu já o tenho e posso dizer que está fantástico. Têm-se uma melhor percepção do som como não se tem ao vivo. Uma boa prenda de Natal por acaso.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

MAXXI





Eis o novo titã de Zaha Hadid. MAXXI é o seu ultimo projecto, um Museu de Arte do séc. XXI.
A sua forma faz justiça ao que a arquitecta já nos habituou. As formas livres, os espaços dominados pela curva, o estilo simples e ao mesmo tempo solto e diferente.
Odiada por muitos, admirada por outros, Zaha continua a mostrar que o seu trabalho ainda vinga e que continua a trazer o novo a tantos sítios. Desta vez foi Roma a premiada.


terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Alberto Korda











A partir de 2 de Dezembro, na Cordoaria Nacional, exposição de Alberto Korda, autor da fotografia de «Che» Guevara.
Primeira exposição individual do fotografo.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A mentira no Futebol (2)

Se há alguém no futebol que mereça ser elogiado pelo seu trabalho, para além do craque Thierry Henry, é o actual presidente da FIFA Joseph Blatter.

Eis a notícia que esclarece a dúvida de muitos: “Ficou decidido que para o Campeonato do Mundo de 2010 não haverá espaço para mais árbitros. Em 2010, haverá em campo 1 árbitro e 2 assistentes”. (http://dn.sapo.pt/desporto/interior.aspx?content_id=1437281)

Depois da polémica mão de Thierry Henry (http://www.youtube.com/watch?v=jxw1-Id91lQ), é de facto extraordinário que a arbitragem no futebol não evolua. Só mesmo eu para ser apaixonado por isto.



A mentira no Futebol (1)

Antes de mais, quero anunciar a este povo mentiroso que a partir de hoje passa a existir uma nova rubrica neste blog, pois estarmos neste belo espaço virtual a mentir e não existir uma rubrica sobre "a mentira no Futebol" é o mesmo que estarmos a opinar sobre a matéria de marketing sem ler o Mercator. Por outras palavras, é inevitável não pormos o futebol em cima da mesa quando o assunto de que se trata é “a mentira”.

Posto isto, quero remeter a vossa atenção para o espectacular editorial desta semana na revista sábado, que eu passo a citar:

“No inicio do século XXI, o futebol americano tinha praticamente as mesmas regras de controlo do futebol europeu: 1 árbitro e 2 auxiliares, qualquer dúvida era decidida por intuição. Hoje, o futebol americano evoluiu um pouco: desde 1978, há 1 árbitro principal e 6 árbitros auxiliares e, desde 1999, qualquer dúvida é esclarecida com o recurso a imagens de vídeo [a chamada tecnologia “vídeo-árbitro”]. É assim no voleibol, no críquete, no basquetebol ou até no hóquei no gelo.

No râguebi, houve uma preocupação: não retirar ritmo ao jogo. Por isso, limitaram-se as dúvidas e os tempos: cada equipa só pode pedir o esclarecimento de 2 lances duvidosos por cada meio tempo e o árbitro tem 60 segundos para decidir – no total, as novas tecnologias não podem fazer perder mais de 8 minutos por jogo.

No ténis, houve outra preocupação: que o custo das novas tecnologias não acabasse com o desporto. Por isso decidiu-se aplicar o “olho de falcão” – que permite esclarecer se uma bola foi dentro ou fora – só nos torneios principais, e em certos casos, só em alguns courts do mesmo torneio.

No futebol, há uma preocupação mais importante do que todas as outras: manter a tradição. Por isso deixa-se ficar tudo igual há 100 anos. Permitem-se erros inaceitáveis, como o apuramento da França para o próximo Mundial, e destrói-se a credibilidade do desporto mais popular do mundo e um dos que movimentam mais dinheiro. Em compensação, poupa-se algum investimento e mantém-se o campeonato inglês com as mesmas regras do nepalês. Os campos relvados já são uma diferença suficiente.”

Não há dúvidas. Esta é a verdade desportiva que muitos defendem!

domingo, 29 de novembro de 2009

Vai-se Andando


“Tugalhada”, usando as palavras do nosso amigo Raul, “façam o favor de ser felizes”, ou seja, façam o favor de ver este brilhante espectáculo de humor!

Vai-se andando é sobre Portugal e os portugueses, ou melhor, sobre os “tugas”, esse peculiar grupo social que todos conhecem mas a que ninguém pertence, suas manias e preconceitos, seus disparates e artimanhas, seus tiques e poses, sua incompetência, seu conformismo, enfim, sobre o “tássecagandismo” nacional, essa persistente filosofia de vida só ultrapassada pela vontade de comer, ou, como José Pedro Gomes põe as coisas em palco, a “capacidade enfardadora de uma baleia”.

Temas interpretados pelo José Pedro Gomes a não perder:
- A importância e a perda de tempo dos “tugas” a falar sobre o tempo/clima (podem ouvir um cheirinho aqui: http://tv1.rtp.pt/noticias/?headline=46&visual=9&tm=4&t=%93Vai-se-andando%94-com-Jose-Pedro-Gomes.rtp&article=290385)
- A importância das rotundas nas nossas estradas
- A transformação de Portugal numa estância turística dirigida pelo palhaço entretanto eleito (o presidente Bolinha)
- A recente descoberta do clítoris (e não clitóris)
- Os 10 minutos finais dos jogos de futebol
- A comida e a vontade de comer
- A forma como o “tuga” vai à praia
- O "tuga" numa praia de nudistas
- Como o “tuga” origina um incêndio no meio da floresta
- A ineficácia da colonização

Ainda a não perder criticas pessoais sobre:
- A homosexualidade
- Casamento entre pessoas do mesmo sexo
- Caso Face Oculta: o sucateiro que manda no país e o administrador que estava no partido certo no momento exacto;
- A arrogância do nosso actual 1º Ministro
A verdade do nosso país contada em apenas 1hora e meia. Não percam porque é um espectáculo mesmo "porreiro, pá!".

Processo Casa Pia

No dia 25 de Novembro (para alguns véspera do teste de CG) passou uma notícia na SIC à hora do jantar bastante curiosa. Quem não viu tem agora a oportunidade de ver. Quem por qualquer razão não pode estar à frente do ecrã naquele preciso momento, pode espreitar neste instante:


Conclusões a tirar e a registar (porque creio que vale mesmo a pena tomar nota para um dia quem sabe mostrar aos nossos filhos):

- Em 5 anos de julgamento, o Processo Casa Pia já teve 447 sessões de audiência;
- Em 5 anos de julgamento, o Processo Casa Pia conta com 1870 despachos;
- Em 5 anos de julgamento, o Processo Casa Pia soma 990 testemunhas;
- Em 5 anos de julgamento, o Processo Casa Pia tem 63.600 folhas em 266 volumes para além de outros 570 suspensos.

Números um pouco invulgares não? Perante isto eu faço uma pergunta muito simples à qual vou aguardar (quem sabe durante mais 5 anos) pela resposta: Quem são os responsáveis por esta vergonha? Para quem passou pela fogueira como é o caso do Pedro Namora a contestação é evidente e pode ser encontrada no vídeo: “as pressões políticas são responsáveis pelo atraso do processo.”

Será esta a verdade? Onde pára a verdade afinal? Deixo-vos um artigo do Público que consta que, pelo menos para além do Carlos Silvino (para os amigos Bibi), ninguém que considera criminoso.

De facto, todos somos inocentes até prova em contrário, mesmo que essa prova apareça na praça pública 5 ou 6 anos depois! No entanto, a verdade é esta: “Casa Pia: o mais longo julgamento pode durar «bastante mais tempo»!

Para terminar, e como diz o meu amigo André Olaio, “Orgulhosamente Português me despeço.”

sábado, 28 de novembro de 2009

Exclusivo TSF: Uma questão de feeling

"Antes dos jogos decisivos Carlos Queirós dá música aos jogadores. O seleccionador nacional revelou à TSF que os Black Eyed Peas inspiraram a equipa a chegar ao Playoff e agora seguem viagem... até à África do Sul." VEJAM O VÍDEO!

http://tsf.sapo.pt/paginainicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1412611

Veja a homenagem dos Marretas a Freddy Mercury

"Para assinalar os 18 anos da morte do mítico vocalista dos Queen, os Marretas lançaram uma versão de Bohemian Rhapsody, que é já um dos vídeos mais vistos do YouTube. A VISÃO associa-se à homenagem. VEJAM O VÍDEO!"

http://aeiou.visao.pt/veja-a-homenagem-dos-marretas-a-freddy-mercury=f538322

Lindo não é?

A Mentira do séc. XXI (Parte 2)

Eis um depoimento da ex-Ministra da Saúde da Finlândia, Dra. Rauni Kilde.



Ainda há duvidas?

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Momento musical

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Maré Alta


A luta contra o actual modelo de financiamento do ensino superior tende a viver altos e baixos de discussão na praça pública, com ora mais ou ora menos actos de protesto, ora mais ou ora menos isolados, e com ora mais ou ora menos projecção mediática. Aqueles cujo acesso a um nível de ensino superior esbarra contra os muros levantados por este modelo de financiamento não podem, no entanto, ficar à mercê das ondas levantadas por tempos de debate aceso esporádicos, tendencialmente infrutíferos. Aos que se vêem discriminados pelo absurdo da propina, já não é admissível fechar os olhos e não mais tolerável é ficar de consciência tranquilizada pela ideia de que as actuais bolsas de estudo tudo resolvem.

Devemos estar em muito satisfeitos pelo elevar de um período, ao que parece, envolto em potencial para se tornar efectivo no traçar de novos rumos para a universalização do ensino superior público em Portugal. No dia 12 e 13 de Outubro decorreu na reitoria da UL uma conferência internacional, da qual destaco o ponto de vista de Belmiro Cabrito e o lançamento do livro de Luísa Cerdeira. O estudo elaborado pelo primeiro serviu para concluir que um terço dos alunos pobres foram forçados a abandonar os estudos no período de 1995 a 2005. A percentagem de alunos com rendimentos altos ou médios/altos aumentou. Os dados provam que, infelizmente, a frequência numa universidade portuguesa está restrita a elites e, mais, desde 1995 que o panorama tem vindo a vincar-se pela negativa. Os dados de 2005 foram recolhidos por Luísa Cerdeira, tendo a mesma apresentado um estudo acerca dos custos de estudar em Portugal e no estrangeiro. Conclui-se que Portugal é dos países da Europa onde estudar se torna mais caro para as famílias. Podemos afirmar, com algum suporte académico, algo que já se sabia: o ensino superior em Portugal não é acessível a quem possui menos recursos económicos.
É neste contexto - acrescido pela questão do afastamento dos estudantes dos órgãos de gestão e pelo estrangulamento financeiro que põe já em causa a qualidade de ensino em algumas universidades - que surgiu a marcha aprovada pela Associação Académica de Coimbra e que ocorreu a 17 de Novembro. A esta, juntaram-se associações académicas de todo o país, o que resultou numa acção com dimensão nacional, ao que espero suficiente para pesar nas decisões do Ministério da Tecnologia, Ciência e Ensino Superior. Revestiu-se de grande importância a adesão de perto de quatro mil estudantes à iniciativa, um número capaz de demonstrar um movimento estudantil efectivamente forte. O acontecimento deve ser agora o mote para gerar uma onda de discussão acesa em torno de caminhos passíveis de empurrar a Universidade portuguesa no caminho da democracia, qualidade e universalização.
A grande participação que esta iniciativa conseguiu mobilizar não deve ficar-se pela visibilidade alcançada mas transformar-se numa etapa, um degrau importante para elevar a discussão a outros patamares. É assim imperativo que o movimento por ela gerado não morra na Estrada das Laranjeiras. Gostava de estar enganado, mas julgo que a lista de propostas entregue no Ministério não irá ser prontamente concretizada. Daí que o pós-marcha se revista de uma importância vital. É preciso saber capitalizar as energias que a marcha despoletou e reunir esforços em cada faculdade, organizando debates, acções de informação, acções de protesto... Há que fazer tudo para que esta marcha não seja apenas um passeio infrutífero numa estrada de boas intenções, ficando assim o apelo à insistência na luta pela concretização dos objectivos que a justificaram.


no RGA

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

terça-feira, 10 de novembro de 2009

“O «Zé Pagante» paga tudo. Mas tudo!”

Deixo-vos um artigo de opinião de Camilo Lourenço ao Jornal de Negócios publicado no dia 3 de Novembro de 2009 (terça-feira) sobre mais um caso «bicudo» (como diria um professor meu): “O «Zé Pagante» paga tudo. Mas tudo!”

“Fez ontem [2 de Novembro de 2009] um ano que o Governo nacionalizou o Banco Português de Negócios. Vamos deixar de lado a discussão quase académica de saber se deveria ter havido nacionalização: a desconfiança em relação ao sistema financeiro era tanta que, se o Estado não agisse, havia risco de corrida aos depósitos e aí todos os bancos, bons e maus, cairiam no mesmo saco. Mas há uma discussão que não é nada académica: o custo da nacionalização para o erário público.
Na altura Fernando Teixeira dos Santos estimou o buraco do BPN em qualquer coisa como 700 milhões de euros. Também na altura dissemos que dificilmente a «brincadeira» sairia por menos de 1400 milhões de euros. Valor que o tempo se tem encarregado de tornar pequenino…
Mas, se existe uma consciência difusa de que o buraco atinge valores obscenos, continuamos sem saber qual o «preço certo». Teixeira dos Santos mantém-se «prudentemente» silencioso. Francisco Bandeira, a pessoa que a CGD lá colocou para dar a volta ao problema, vai dizendo umas coisas… mas também não arrisca valores. Ontem, em entrevista à TSF (sem gravação), deu a entender que a factura para o contribuinte não vai ser pequena.
O mínimo que se pode dizer sobre este processo é que é uma vergonha. Doze meses é tempo suficiente para se saber qual a dimensão do buraco do BPN. E de informar cada contribuinte sobre quanto vai pagar pelo facto de a supervisão ter falhado. Não é por nada… mas quem paga tem o direito de saber quanto. Mesmo quando não tem hipótese de questionar o preço.”

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A Mentira do sec. XXI

Na 2ª pág. do Económico de dia 26 de Outubro de 2009 (2ª feira), é possível ler-se o seguinte: “Obama decreta estado de emergência sanitária contra a gripe A”
“Desde os primeiros casos confirmados de gripe A no México que os EUA entraram em estado de alerta. No país mais numérico do mundo, as estimativas e projecções sucederam-se. O Conselho Presidencial de Assessores de Ciência e Tecnologia previu em Agosto que os EUA podem registar 1,8 milhões de casos de internamento e até 30mil mortes, caso a taxa de infecção seja de 30%. Em Setembro, um novo estudo apontava que dos mais de 8milhões de habitantes da cidade de Nova York, 10% contraíram a gripe A entre Abril e Junho. Já no inicio de Outubro, agora num relatório do Fundo para a Saúde, se afirmava que 15 estados americanos correm o risco de ficar sem camas e outros 12 podem esgotar 75% de sua capacidade, caso 35% dos cidadãos do país sejam infectados pelo vírus A. Agora, com o número de vítimas mortais a ultrapassar já 1milhar, 95 das quais crianças, o presidente Barack Obama decretou o estado de emergência sanitária em todo o país, com vista a evitar sobrecarga dos recursos de saúde pública e a flexibilizar os procedimentos”

Depois deste bonito texto, apenas sugiro que visionem este magnifico vídeo que pode ser encontrado no Youtube:

Algum comentário?

Caso Armando Vara


No Económico, 7 de Novembro de 2009 (sábado), Armando Vara apareceu como a figura da semana:
“Vara tem comprovado que tem 7 vidas. Há 10 anos foi dado como «acabado» depois de Jorge Sampaio ter forçado Guterres a demiti-lo por causa da polémica Fundação Prevenção e Segurança. Poucos anos depois, regressou em grande como administrador da CGD, passando mais tarde para a vice-presidência do BCP. Esta semana, voltou a sair pela porta traseira: suspendeu funções depois de ter sido constituído arguido por suspeitas de tráfico de influências no caso Face Oculta. Terá «mais vidas»?"

Para compreendermos um pouco melhor este “case study”, contemplemos com esta noticia:
Jornal de Negócios, 30 de Outubro de 2009 (sexta-feira), Armando Vara surge como “o ex-político com capacidade para resolver problemas”:
“…Na altura, Vara [que estudou Filosofia na Universidade Nova de Lisboa, tendo abandonado sem obter o diploma de licenciatura] já tinha sido nomeado para a administração da CGD, onde regressou depois de sair do último Governo de António Guterres, em 2000. Uma saída que o obrigou a renunciar ao lugar de ministro da Juventude e do Desporto, na sequência de suspeitas de irregularidades na Fundação para a Prevenção e Segurança, criada quando era secretário de Estado Adjunto da Administração Interna, no mandato anterior. O processo acabou em 2005, arquivado por falta de provas, tendo a Procuradoria-Geral da República feito saber que o ex-governante não cometera ilegalidades.”
“O regresso à CGD, onde começara como simples caixa no balcão de Mogadouro antes de iniciar carreira política, foi discreto mas honroso. Foi promovido a director, como pelouro da segurança, como será tradição no banco público sempre que um funcionário regressa de uma longa experiência governativa. Durante esse período voltou a estudar. Em 2004 fez uma pós-graduação no ISCTE e em 2005, poucos dias antes de ser nomeado Administrador da CGD, concluiu a licenciatura em Relações Internacionais na Universidade Independente, a mesma onde o amigo José Sócrates se licenciou em engenharia.”

Para concluirmos este brilhante «case study», gostava que alguém me respondesse a estas 5 pequenas questões:
1. Como é que é possível, Armando Vara ter sido nomeado para a Administração da CGD com apenas o 12ºano de escolaridade?
2. Como é que é possível, em 2004, antes de ter qualquer licenciatura, Armando Vara ter obtido um diploma de Pós-Graduação em Gestão Empresarial no ISCTE?
3. Como é que é possível, Armando Vara obter o diploma de licenciatura no Curso de Relações Internacionais na agora defunta Universidade Independente, três dias antes da sua nomeação para a Administração da CGD?
4. Como é que é possível, um mês e meio depois de ter abandonado a CGD para assumir a vice-presidência do BCP, Armando Vara ter sido promovido no banco público ao escalão máximo de vencimento, o nível 18, o que terá reflexos para efeitos de reforma?
5. Depois deste maravilhoso currículo, será possível Armando Vara ter «mais vidas»?

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O amigo do patife

Sim, mesmo desconhecendo muitos destes mentirosos que por aqui escrevem, aceitei com muito agrado o convite que este patife (falso brasileiro comprovado) me fez, esperando que a inteligência, o conhecimento e a mentalidade destes belos escritores se transmita com a partilha da mesma página de internet. Sim, é verdade, para além de pouco ou nada escrever, escrevo mal, bastante mal, e esta pode ser a razão pela qual eu pouco ou nada intervirei com comentários da minha autoria.

No entanto, comprometo-me (sim, estou a considerar isto como um juramento, só numa de tentar transmitir uma boa impressão) a mentir sempre que poder e da melhor forma que conseguir. Empenhar-me-ei, sensatamente, a denunciar mentiras e mentirosos e a descodificar alguns acontecimentos bizarros que ocorrem muito frequentemente nesta sociedade de mentirosos (porque afinal, é nisto que nós, portugueses, somos bons).

Seguindo esta bela tradição tuga, eu apresento-me: chamo-me André, natural de Leiria e uso uma esferográfica azul “uni-ball eye micro” igual à que o nosso 1ºministro utilizou na tomada de posse do XVIII Governo (só para terem a noção do quão importante eu sou).


Prazer.

O espontâneo

No elevador industrial vivia aquela pobre alma cansada do peso da sua gravidade, da gravidade do seu viver. Como lhe atravessava os olhos tão transparentes de lágrimas coaguladas e desmontava e desfigurava aquele sorriso mostarda velha. Como sentia a evaporação lenta e quente do desejo da inspiração carnal. Uma frívola obrigação da besta social plantara seus braços ainda moços e formosos no aço frio e húmido, e quais galhos outonais rangiam de botão em botãozinho, tic tic tuc, um dois quem sabe três, e recebia este meu mundo de esguelha:

- Olá muito boa tarde senhores, qual o andar? Com certeza. Belo dia hoje não? Esperemos que continue assim mais uns dias. Muito obrigado e voltem sempre.

E descia, e lavava-se a roupa da multidão, e subia.

- Olá muito boa tarde senhores, qual o andar? Com certeza. Belo dia hoje não? Esperemos que continue assim mais uns dias. Muito obrigado e voltem sempre.

Continuei observante, ave de rapina. Ai, a vontade de sugar sua evaporação e soprá-la violentamente aos olhos. Pensei vestir o traje de ser humano, como eu adoro disfarces, e dar-lhe um pontapé no traseiro, pobre donzela. Roubar-lhe a dor, apresentar-lhe a luz e introduzi-la ao bater do coração. Umas palavras, dizem-me jeitoso com palavras. Era na chegada que a interpolaria. Descíamos portanto a enésima sétima vez e eu preparava a bota e a boca para ajudar minha mendiga de espírito.

- Olá muito boa tarde senhores, qual o andar? Com certeza. Belo dia hoje não? Esperemos que continue assim mais uns dias. Muito obrigado e voltem sempre.

Apenas no vazio do meu pensamento ecoaram as palavras que não disse. Alguém respondeu espontaneamente à senhora amarga, e do fundo dos confins sei lá de onde dos cinco por cinco metros do elevador gritou, assim, como se grita respondendo ao que nunca tem resposta:

- É QUERERES!

E apostaria todos os meus tostões que esta meia página idiota que nunca aconteceu poderia naturalmente ter ocorrido, não fosse haver senhoras tristes no mundo, pessoas que sobem e descem e pensam e sentem e não falam e marmanjos espontâneos. Hoje arranjei um marmanjo espontâneo para nós. Aproveitem que vale a pena.

Seja bem vindo, meu caríssimo André.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

O PS apresentou programa de governo...

CDS diz-se desiludido. PCP acha-o incompleto e com lacunas. PSD não concorda com orçamento. Verdes estão desiludidos. Bloco econtra-lhe fio de continuidade com as políticas passadas, e assim, como é óbvio, não lhe passa um visto. Que não haveria palmas, não é ideia nova... Os apelos de estabilidade , até agora, valeram o que valeram. Para bem ou para mal, há por aí um governozeco empoleirado numa corda bamba que se adivinha fina...

Alguem me pode dizer onde fica esta linha?

terça-feira, 27 de outubro de 2009

DURA PRAXIS SED PRAXIS


e vem isto a propósito de um grande escândalo a que eu mesma assisti num outro blog...
foi esta mesma a imagem com que eu me deparei na primeira semana de aulas da minha faculdade, a FAUP.
este grande cartaz (impresso em papel de muito boa qualidade diga-se de passagem), pendurado nem mais nem menos que num gabinete de Prof. Por aqui se vê a ideologia da coisa não é?

A FAUP é assim anti-não-assumida. mandam-se umas bocas, houvem-se umas coisas, mas a coisa passa minimamente ao lado. vive-se um confronto assim...em banho maria!

Pessoalmente, acho ridículo. E mais ridículo ainda tudo o que se diz e se critica, tudo o que se fala sem saber, tudo o que se houve por aí e se toma por verdade. A praxe não é igual em todo o lado. verdade. Cada um tem o direito de estar ou não em praxe. verdade. Há abusos em praxe. verdade. Mas, isso já não é praxe, lá está, É ABUSO!
e depois havia por aí uma suposta lei a proibir a praxe que tanta gente aclamava...hum, eu bem tentei encontrar.
enfim, acho que se trata só de uma opção como qualquer outra. Há que respeitar.
Eu prefiro andar trajada, não vou impedir ninguém de fazer nudismo...

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Nova Rúbrica: O novo executivo e suas piadas (I)

Por favor Isabel , na educação chega de Aventuras.



(Actualização: Ok, visto bem as coisas, a piada é, de tão inevitável, pouco surpreendente, a tender para o monónoto)

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Momento triste

Três Cantos (Teaser Final)




Não encontrei nenhum filme com o Fausto e um deles juntos. Perdoem-me!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Um sonho, agora real...


Marge revela-se na edição recente da famosa revista de culto

Três Cantos (Teaser III)

sábado, 17 de outubro de 2009

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

Três Cantos (Teaser I)

(clicar para ouvir na íntegra. Compensa)



FMI - José Mario Branco


lá estaremos



Como é que é Possível?

Ok, esta impressionou-me. Como é que isto acontece?

Primeiro a mãe, que ainda estou para saber de onde veio aquela distracção quando o carrinho estava VISIVELMENTE a ir-se embora...E depois a criancinha que fintou a morte assim! Esta não morre tão cedo...

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

E a grande aposta de Portugal nos Olímpicos do Rio de Janeiro é...



Quando todos julgavam que política de verdade era algo trabalhoso, com barreiras pelo caminho e uma meta algo difícil de alcançar, eis que João Deus Pinheiro surpreende os mais optimistas e cala os mais cépticos dizendo: "Hum, em meia-hora eu faço essa me$%# toda."

Uma marca difícil de bater.

(desconhem-se os motivos pessoais a que só a pessoa em causa dizem respeito e que levaram à ocorrência "bizarra")

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

NEW YORK, NEW YORK

O Museu Guggenheim de Nova Iorque está a promover um concurso internacional de design a que chamou shelter competition. De cerca de 600 projectos de 68 países adivinhem quem chegou ao top 10? Isso mesmo, um portuguezito! O arquitecto portugues David mares inspirou-se na tão conhecida cortiça para criar o seu abrigo, e a verdade é que com ela se mantém agora no segundo lugar das votações, só ultrapassado pela solução filipina.

Por isso, e para bem dos produtos nacionais, acedam à página e vejam o trabalhito do nosso arquitecto!
o que é nacional...é bom!


Acedam ao site do concurso - http://www.guggenheim.org/new-york/education/sackler-center/design-it-shelter/vote-for-shelters

terça-feira, 13 de outubro de 2009

Malditos estudos radicais extremistas, quase criminosos

Existe um estudo, da autoria de um grupo de trabalho indicado pelo Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, onde se defende uma tributação de 20% aos ganhos na bolsa. Onde se critica a extinção do imposto sucessório (extinção com créditos para Paulo Portas). Onde, ao invés de se colocar na prateleira do radical, do absurdo e do impensável, se encara a questão do imposto das grandes fortunas como um tema de debate.
E existe um estudo acerca do qual o CDS comenta dizendo que "saúda coincidência entre relatório de peritos com propostas fiscais do partido".
Porquê este post?
É que o estudo é mesmo...
(óbvio que os pontos citados nas coincidências encontradas pelo CDS não se referem às situações que referi... situações essas que, no entanto, estão lá, apesar de terem fugido às avaliações do partido popular.)

Pegando no primeiro comentário da Kay =)


...Catalogar as autarquias de nicho de favorecimentos ou centro de trabalho de chegados aos autarcas, pode ser, um tanto ao quanto generalista e de mau tom. No entanto, o estereótipo sobrevive, e não nego que pese no facto de não gostar de autarquias. Reconheço-lhes o valor. Sei que desempenham um importante papel no que é uma política de proximidade e chego a acreditar que o seu trabalho pareça mais flagrante e visível, no quotidiano, do que é o impacto da própria Assembleia de República... E é este lado-a-lado com a vida de cada dia, que leva também, no meu entender, a que o voto para os órgãos de uma freguesia, de uma assembleia municipal ou uma câmara, seja maioritariamente com base na pessoa e não tanto tendo em conta as ideias, mais na cara do que nos projectos, o que me leva mesmo a questionar a importância do papel do partido político, comparado à simpatia do autarca.
Introdução feita, e contextualizado o feitio com que encaro a coisa, vamos lá ver o que foi este fecho de ano eleitoral.
Mais votos para o PS, mais câmaras para o PSD e se tivesse que levantar um braço ao vencedor, apontaria o PS.
Nem sempre os que eram esperados são vistos de novo no poder... Tive pena de Beja e do que era um bastião comunista desde o 25 de Abril, sendo que, a juntar a três outras câmaras, a CDU derrapou em relação há quatro anos... Depois temos outro tema, que encaro com igual, ou acrescida, pena: a eleição de Isaltino Morais e Valentim Loureiro. Ambos condenados (não arguidos), ambos com recurso pedido, ambos com recurso aceite. Se o povo os escolhe, quem somos nós, estrangeiros, para por em causa a sua vontade democrática? Tudo bem... no entanto tenho pena que indício de corrupção não derrubem os seus actores sendo que, é importante lembrar, estes conseguiram fazer-se rodear de pretextos para serem condenados, apesar de, posteriormente, terem conseguido a artimanha de quebrar a condenação... E saliento o foram condenados...
Em Lisboa, Costa ganhou, com maioria, trespassando o orgulho do menino guerreiro (se é que o tem) e deixando no tapete, por KO, PSD-CDS-PPM-MPT. O Bloco de Esquerda, talvez tenha colhido os frutos do que foi (ou de como foi) o divórcio com Sá Fernandes. Perdeu, sim.
Porto deu PSD-CDS, e Rio riu (eheh, há trocadilhos que um homem sonha toda a vida por num blog).
Na bela Guarda, o PSD saiu dizimado, tendo a última pétala gritado um 'mal-me-quer', a Crespo de Carvalho. Joaquim Valente levou a maioria.
O mapa encontra-se claramente polarizado, entre PSD e PS, com uns condimentos apenas de CDU. No CDS, peca o solitário Paulo Portas por não lhe ser concedida permissão de se candidatar a 300 e tal autarquias simultaneamente e Bloco, não é, ainda, nome a aclamar em termos de autárquicas. A sua juventude não lhe permite imposição. Não lhe dá caras, não lhe dá barões autárquicos, não lhe dá, ainda, os rostos simpáticos e amigáveis entranhados na cultura de café ou barbeiro de um município ou freguesia. Porque, e como disse, tendo a acreditar que em autárquicas se vota mais em pessoas do que em ideias e, se assim não fosse, Salvaterra de Magos possivelmente não seria única.
De resto, destaque amoroso para Teresa Lopes, que com 97 anos foi candidata à Assembleia de Freguesia de Vila Franca da Beira.
Ficamos ainda à espera de um resumo (realmente) oficial...

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Pré Comentário (deixo o oficial para o Fernando)

Posso ser eu primeiro? Sempre se dá prioridade as senhoras...
bem, então as eleições. Aqueles que eram esperados cá estão outra vez no poder. O já esperado Rui Rio, o sempre Mesquita em Braga, António Costa por Lisboa. Nada de novo até aqui. Ah, e claro, Felgueiras fora.
Muito honestamente estava à espera de ver resultados ligeiramente diferentes, talvez uma recaídinha da força do PS, talvez mais um pouco de PSD.
Por outro lado não vejo tanto autarquicas como uma questão de partidos, penso vir mais da boa ou má escolha desses representantes. Veja-se por exemplo o caso das grandes cidades, PSD tentando roubar Lisboa e PS o Porto. Para mim é óbvio que Santana nunca o conseguiria fazer e que Elisa Ferreira também não. Como disse, uma questão da escolha certa que, nestes casos, não foi feita.
Eleições passadas julgo haver poucas conclusões a tirar:
1. Que o PSD precisa de reformular estratégia, SIM
2. Que o PS não pode de todo descansar a sombra da bananeira, SIM
3. Que o Bloco até vingou mas ainda tem muito que lutar, Também

o resto, bem, os próximos 4 anos o dirão.

Comunicado a Fernando Pedro

Pssst! oh Fernando. Visto que tens jeitinho e as eleições passaram agora mesmo... Porque não fazes um comentáriozito?

Depois do Nobel da Paz ter ido para Obama...

... bem que o da Economia podia ter batido à porta da caixa forte do Tio Patinhas ou ás grandes da cela de Bernard Madoff. Mas não, o galardão distinguiu Elinor Ostrom (a primeira mulher a alcançar tal título) e Oliver Williamson. O trabalho da primeira recai sobre, (e cito o Expresso) "perceber como é que os cidadãos podem organizar-se para se auto-gerirem". Não conheço o trabalho da senhora, mas a título de rótulo, o tema da sua investigação adivinha-se promissor.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Psssst psst

Então. agora com esta confusão toda de eleições, do fim de férias, do tempo que começa a ficar uma m$"#@, que tal uma ideiazita pa descontrair, hem?
é assim, há por aí um sitezito na net chamado ONEMILLIONGIRAFFES. ou seja, até 2011 querem-se reunir one million giraffes, fácil né? e o melhor é que nós podemos mandar para lá a nossa girafita!

Uma girafa qualquer, mesmo! Uma com a cara do Louça, outra da Manelita, pronto...outra do Sócrates pa fazer o trio-girafó-política! (se preferir sempre pode escolher o patrão ou aquele amigo tãaaaaaaaaoooooooo chato)

vá lá, não custa nada, e até é engraçado, para variar contribui-se MESMO para algo a nível mundial!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

inocente mas engraçado. o bar escolhido pelo PS de évora

duas da manhã



Ah, estudantes de coimbra, muito fez o vosso fado. De 1907 saiu joão com a lição sabida e a opressão com mais do que a matéria estudada. O país ouviu e com voz vos fez vontade. Lá longe (bang bang) e caí um. (bang bang) e caí outro. Maldito fontismo, bradarão no vale dos caídos. Maldito mapa, porque ficou ele com todo o nosso cor-de-rosa? E vão sete. De setúbal veio a ode revolucionária, o cântico dos que não mais quiseram esperar por um amanhã de mais espera. Em menos de nada já se ouvia, do povo a república. Não de carbonárias, não de relvas. Do povo. Veio o descanso semanal, a assistência social, direito à greve, lei do divórcio, a responsabilidade patronal pelos acidentes de trabalho... Veio do que se merecia, um pouco. Molharam-se os lábio em água, até terem descoberto vinagre. Valeu a pena? Diria que mais ou menos!, (e desculpa pessoa) a alma não foi, nem pequena, nem imortal.

lisboa 09

Com a pertinência que escuso referir e a utilidade que faz inveja a quem não vota por Lisboa. Óptimo trabalho.

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Quem fala assim no es gago, e por mim, estão feitas as revisões dos resultados

"Finalmente, hay que celebrar el crecimiento de los partidos marxistas. Die Linke, un partido creado hace tres años, logra un 12%. El Bloco de Esquerda y el Partido Comunista, sumados superan el 17% y serán claves si Socrates quiere gobernar en mayoría. Estas victorias de los partidos de izquierda han de servir de lección para el resto de partidos europeos. Luchando por objetivos claros como la protección social, peleando contra el precariado y las privatizaciones, sembrando y arando en los terrenos propios de la izquierda (los barrios y las fábricas, no los platós televisivos), unidos en la diversidad, se convence y se gana. Además, ante la incoherencia, los indecisos se apuntan siempre a los discursos más simples: los de la derecha populista. "

Gorka Larrabeiti

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

In the room

No meu quarto, a ouvir lá fora a conversa dos trolhas que aqui trabalham nos andaimes do quarto andar:

_Então ontem votaste?
_eu? eu não!
_Lá ganhou o outro outra vez...
_Quem, o Barroso? (silêncio) O Barroso?
_Não, aquele...
_Quem?
_então aquele... (grande pausa) O sócrates!!
_Oh, já sei...
_Mas assim ao menos fica quem já está. Ladron por ladron (é que aqui no porto não se diz Ladrão)!
_pois é, Ladron por ladron...

e vota esta gente que durante quatro anos não sabe quem está à frente do país. Enfim, a isto se chama a voz do povo....

domingo, 27 de setembro de 2009

Today is the Day!

Ora aí está! Dia de eleições!
Depois de tanta coisa aqui está a decisão final.
Devo dizer que foi a primeira vez que verdadeiramente senti o peso do voto.( muita coisa já que representa 50% das minhas acções directas enquanto eleitor).
Talvez tenha sido pela forma como o senhor das mesas anunciou o meu número e nome como quem canta os numeros na Santa Casa...
Deixemo-nos de coisas. Hoje quase ninguém dá valor ao voto e pasmo com quem fica em casa fazendo frente como voto em nulo pois daí não virá mudança nenhuma. A mesma coisa com o voto em branco. É protesto, OK, mas e daí? acham que se alguém chegar ao poder se vai importar grandemente com isso? só se 90% do país votasse em branco serviria de alguma coisa.!
Sou prática. Ponto. É preciso votar. Ponto. E votar bem, não por remorso ou para tentar fazer frente com partidos da moda. Acham mesmo que meia duzia de pessoas com essas ideias XPTO completamente descabidas fariam Governo....

Enfim, resumindo. Hoje o país vive um grande derby político. Para quê continuar a pensar que a equipazita da aldeiazinha vai ganhar?!?

Realismo gente, realismo.

Momento Concerto



Não podia deixar de partilhar este video. Camp Nou cheio. 72.000 personas aprox.