Há
coisas que nos ficam na cabeça, curiosas, por parecerem insignificantes
sem o ser. Lembro-me de um debate sobre a Palestina com o Miguel
Portas. Regressava ele de lá. Lembro-me de se falar dos pretextos que os
palestinianos tinham para responder com rockets praticamente
inofensivos às agressões israelitas. Se essas retaliações não seriam
estúpidas, por não terem efeitos práticos, por darem pretextos a Israel
para novos ataques, por retirarem legitimidade à causa palestiniana
junto da comunidade internacional. O Miguel contou que ele mesmo
perguntara isso a um palestiniano. Contou o que esse lhe respondera.
Qualquer coisa assim: quando se encurrala um gato numa jaula, ele não
pode fazer nada além de mostrar as garras. Não podemos fazer mais nada,
estamos a mostrar as garras.
Guardei essa parábola do gato enjaulado. Lembro-me de ficar a pensar que se os palestinianos não mostrassem as garras provavelmente ninguém conheceria as suas causas. Provavelmente aquele debate não estava a acontecer. E aquele debate também não aconteceria se não fosse o Miguel, se não fossem as suas experiências, se não estivesse ele a defender a liberdade de um povo. Falava de uma forma emotiva, também ele mostrava as garras. Vou lembrar-me do Miguel Portas na alegria da noite eleitoral das últimas eleições europeias, entre saltos e sorrisos. Por agora vou estar triste. Triste por haver tantos gatos enjaulados e por haver menos um homem que os tenta libertar. Morreu um dos nossos.
Guardei essa parábola do gato enjaulado. Lembro-me de ficar a pensar que se os palestinianos não mostrassem as garras provavelmente ninguém conheceria as suas causas. Provavelmente aquele debate não estava a acontecer. E aquele debate também não aconteceria se não fosse o Miguel, se não fossem as suas experiências, se não estivesse ele a defender a liberdade de um povo. Falava de uma forma emotiva, também ele mostrava as garras. Vou lembrar-me do Miguel Portas na alegria da noite eleitoral das últimas eleições europeias, entre saltos e sorrisos. Por agora vou estar triste. Triste por haver tantos gatos enjaulados e por haver menos um homem que os tenta libertar. Morreu um dos nossos.
Um dos poucos no BE que falava com calma, inteligência e preparação. Um homem educado e lutador, daqueles que faz falta à política. Fossem todos como ele, e a política não estava como está.
ResponderEliminarSublinho vossas palavras. O Miguel Portas era uma pessoa fácil de ouvir na TV pelo ar simples, não arrogante e tranquilo que demonstrava.
ResponderEliminarUma perda nacional, de facto.
"nasceu no primeiro de maio, a vida é tão fodida que não o deixou morrer a 25 de abril. adeus e um abraço, miguel"
ResponderEliminarhttp://arrastao.org/2514351.html