segunda-feira, 9 de julho de 2012

Passos Coelho, põe os olhos na Itália!

A Itália é neste momento um case study por ter sido o 1º país europeu a ter um Primeiro Ministro "tecnocrata" a convite do seu presidente (ou seja, não eleito democraticamente pelos seu povo).

Eu acredito no Mário Monti desde o dia em que anunciou o plano de austeridade para a Itália estimado em 24 mil milhões de euros para combater a crise da dívida soberana. Nesse mesmo dia, disse que ia abdicar do seu salário de primeiro-ministro e de ministro das Finanças ao achar que "No momento em que exigimos sacrifícios a todos os cidadãos, parece-me ser meu dever renunciar ao meu salário". Pode parecer populismo, mas a partir desse dia eu acreditei no gajo.

No entanto, não é sobre o plano de austeridade italiano que eu venho aqui escrever, mas sobre o modo como o governo italiano está a fazer a austeridade. Na passada 6ª feira, li que a "Itália aprova cortes de despesa de 26 mil milhões de euros para evitar subida de IVA", ou seja, segundo este tecnocrata, antigo comissário europeu, filho da puta de progressista do caralho da revolução que vos foda a todos, "Uma subida do imposto teria graves consequências na economia", e por isso, este filho da puta de progressista do caralho da revolução que vos foda a todos "optou por medidas como redução do número de funcionários públicos e a diminuição para metade do número de autarquias".

Por cá, a história é outra. Primeiro, o "Tribunal Constitucional vetou o corte nos subsídios", ou seja, considerou que a suspensão dos subsídios de férias e Natal, por ser feita apenas para os funcionários públicos, pensionistas e reformados, viola o princípio da igualdade, consagrado no artigo 13.º da Constituição. Na sequência disso, "Vitor Gaspar prometeu estudar cautelosamente as alternativas ao corte de subsídios chumbado pelo TC" no sentido de cumprir com os limites do programa de ajustamento assinado com a Troika. Até aqui tudo normal... a não ser que essas «alternativas» sejam responsáveis por quase 2/3 da redução do défice como se pode ler aqui: "Passos disse que a carga fiscal já era "insuportável" e agora vai subir mais", ou seja, "Se o Governo avançar com um imposto extraordinário que garanta 2 mil milhões de euros, passa a ser a receita a assegurar quase dois terços da consolidação em 2013".

Resumindo, eu não quero saber quais é que são as opções possíveis que temos porque não sou economista. Eu apenas quero saber porque é que Mário Monti acha que o estado está gordo e a economia está frágil e então “As medidas têm como objectivo reduzir a excessiva despesa pública, enquanto se aumenta a produtividade do governo, sem prejudicar o nível de serviços”, e porque é que Passos Coelho acha que o estado está gordo e a economia está frágil e então "Passos disse que a carga fiscal já era "insuportável" e agora vai subir mais".

Para lembrar que aumentos de impostos são escolhas e não inevitabilidades...

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