segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Para ti, Maria

Boa noite. Olá eu sou o João. O teu nome é…?” (Frase 1) Isto é como começam as grandes conversas de quintas, sextas ou sábados à noite em que uns três copos de gin já não te deixam ficar embasbacado, mesmo que arrastes a voz. Começa sempre por ai, e depois segue-se aquela conversa entediante que ninguém gosta realmente e quem fica para a ouvir é só porque quer nada mais que contacto físico (Estritamente físico). Pensei na “One night stand” como o vício do tabaco – Uns fumam porque lhes dá prazer, ou facilmente os relaxa. Outros fumam de vez em quando, quando estão já com os copos, lá para o meio da noite. Outros, simplesmente, não fumam e acham repugnante quem o faz. Mas o normal são aqueles que até querem fumar, mas não conseguem sequer acender o cigarro. Eu acho que sigo a norma. Bem, mas vamos à Maria: A Maria é uma qualquer miúda quase tão bêbeda como o João (Atenção! Utilizo João aqui só por ser um nome tão vulgar quanto Maria) e se passeia sorridente pelas luzes psicadélicas de um espaço qualquer que nos frita os tímpanos com musicas acima dos 100 db. O João vê a “moça” e parte numa heróica jornada. (Frase 1). Resposta: Eu sou a Maria. Entretanto trocam-se meia dúzia de palavras, um quartilho de sorrisos e uns nanogramas de charme (com gin no sistema, não dá mais do que isso) e após o tédio vem a parte boa – O Beijo. O Beijo a uma completa desconhecida é encarado por mim como a 1ª vez que vemos nevar naquele ano. Não é que estejamos pouco habituados à neve, ou nos lembremos durante a vida quando aconteceu, não. É só porque quando está a cair é sempre bonita, mas quando chega ao chão acontecem uma de duas coisas: ou permanece no chão até ficar rígida e húmida, tal e qual o gelo, ou derrete assim que bate no asfalto ou o calcário do passeio (e cada um dorme na sua respectiva cama). E toda a gente sabe que o vulgar é a neve derreter assim que chega ao chão.
Isto é um suponhamos: Então suponham os leitores que a neve pega e até enrijece! Como é que vão tirar o carro amanha de manha quando se levantarem para ir trabalhar? Bom, ou não vão e ficam na cama o dia todo a apreciar a bonita paisagem ou tentam raspar com toda a força o gelo do para brisas e rezar que o carro não deslize naquela subida matreira que vai da central ao hotel. Basicamente se o prazer carnal foi suficiente para os dois desconhecidos há a capacidade para se manter na casa de quem quer que seja a deambular em roupa interior. Se tudo não passou de um fiasco enorme e de um desperdício de látex acho que o que muitos de vocês fariam seria raspar o gelo do para brisas e dizer um até qualquer dia com um beijo na face e esperança que o carro se aguente na subida.

“Isto é para alguém especial!” - Afirmam os leitores. Eu digo que é Mentira. É só mais um texto de estereótipo para uma miúda qualquer que se quer engatar para não nos sentirmos tão sós quando acordarmos lá para às duas da tarde com um hálito horrível a acetona, porque bebemos umas cervejas a mais.

PS: O caso entre o João e a Maria nunca resultou. O sexo até foi bom, e repetiram e lambuzaram-se, mas ele era Moche, 96, Tmn; ela era Extravaganza, 91, Yorn.

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