segunda-feira, 13 de julho de 2009

Aquela menina que roubava livros

Longa ausência.
Enfrentei necessariamente a pergunta de alguem que se interessava:
- Fui á mentira, mentiroso. Porquê?
- Desculpe, senhor - disse, tremendo o lábio inferior, apenas para o efeito cinematografico. Quero lá saber de vós (só pensei).
Acertei em cheio e fui embora.

Quando começamos esta mentira pensei que seria diferente.
- Nunca quis escrever na primeira pessoa. Sou um vendido.
- Desejaria escrever com mais regularidade. Sou um preguiçoso.
- Tou cheio daquela ânsia de justiça, de igualdade, de crítica, de pro-activismo, de política, e sinto como sendo meu dever de cidadão informar meus pobres mortais da verdade, amigos, da verdade! Sou o Fernando.

Falamos, em certa altura, de cultura, artes, musica, essas mariquices. Em comentar e criticar algo estampado em demais lugares para além daquela deliciosa carinha do Sarkosy, mirando tal proeminente e bonito e chamativo... cabelo pantene.

Pois bem, quis provar precisamente que tal ideia é ridicula e jamais funcionará.

A MENINA (OU RAPARIGA, NESTE PAÍS) QUE ROUBAVA LIVROS - CRÍTICA

Eu nasci num país tropical.
Pois lá, caros, passei bons momentos de passeios e piscinas, pratos e palmeiras, páginas e praias. Eis uma coisa boa nesse país explosivo, a cultura é barata como o dinheiro do Mugabe, e as pessoas, sem a mais pequena dúvida, aproveitam, como é notório. (A propósito: http://work.canneslions.com/outdoor/)
(Jamais me esquecerei daquele rapaz, mulatinho, inocente, que me perguntou se tinha vindo de carro de Portugal. Eu disse que não, claro, que a portagem era cara e custumava haver muita fila em Julho. Sentindo minha ironia efervescente, percebeu a mentira. Envergonhado, não mais perguntou. Curioso, procurou descobrir, afinal, como se viajava para este admirável mundo novo. Queria fugir. Procuraria na internet, se tivesse. Procurou então num atlas mundial. Tou a mentir, também não tinha atlas, livro nenhum. Nem sabia ler. Nem existiu rapaz nenhum, mas podia haver, como ele, milhares.)
Guloso e idiota, gastei meu plafond em livros de autores célebres na minha memória, e, qual bigodinho alemão, naqueles bonitos por fora.
Este, absolutamente maravilhoso. Como tal, ficou dois anos na estante, frio, abandonado. Dava-me boa noite baixinho, chorava quando relia desprezantemente Veríssimo pela vigésima vez (adoro, e daí?). Até que, outro dia, cheio de misericórdia e condescendência quis proferir o golpe fatal.
Este sacana enganou-me. Foi dificil começar, dar o primeiro beijinho: era meio vesgo e mancava de uma perna. Estranho, sabe? Mas tinha aquele perfume (todos os alguens da vida priveligiam um sentido, de forma inexplicavel) que me fez continuar (adoro cheirar), vai-se lá saber. Suave e macia, aquela história embranha-se nos olhos. Dados adquiridos, sempre, são os desenlaces dos trechos da narrativa. Não tem mistério, não tem suspanse. Tem sentimento. E palavras. Este livro está cheio de palavras. Aliás, é quase todo feito de palavras: boas palavras.
Agora que já sabe a história quase toda, leitor, não leia. Tenho certeza que iria estragar a minha opinião com a sua, e já são 4 da manhã, não me quero chatear. Não ia gostar desta história contada pela Morte sobre a rapariguinha Liesel, em plena guerra mundial, a segunda. Anne Frank já lhe serve, não precisa de mais. Vá, se gostar diga. Por favor. Senão vá para o Inferno.

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A primeira e última.
Depois de uma longa ausência.
Hoje enfrentei, nova e necessariamente, a pergunta de alguem que se interessa:
- Fui á mentira, mentiroso. Porquê?
- Desculpe, senhor - nem tremi, agora, sacana - já escrevi um texto. Uma crítica a um livrito, coisa idiota, coisa pouca. Estava a ser pressionado pelo regime, ameaçado com torturas de extrema esquerda. Vou postar hoje, como já tinha prometido ao chefe, desculpe a demora, Senhor.
- De que estás a falar, lontrinha?

Enganei-me redondamente (dizem as vozes da crítica que tenho essa predisposição em acontecer redondamente) e descobri a verdade. Como sempre, descobri a verdade na Mentira: Ninguem se interessa: estavam era danados por termos deixado o querido Oliveira colaborar. Porquê?

Bem vindo, coçador de tomates. Parabéns.

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