quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Este Agosto que nunca acaba

Ali eram cinco horas - chiavam as folhas com o vento desgraçado - já era tarde, camarada.

Acolá, sei lá aonde, mergulhado no vinho da cabeça, pensava na pobreza da nossa causa. Na causa da nossa pobreza - na sua índole global, certamente: os tantos quanto nós, geração coca-cola. Da informação global. Da livre comunicação. Da crítica. Do conhecimento - Da mentira. Do vazio do oco do facilitismo da preguiça da burrice da submissão do egoísmo do mecanicismo da falta de identidade da falta de diálogo da falta de idéias dos preconceitos dos defeitos do até tenho medo de pensar no quê - desta verdade que me incomoda e afecta e generaliza.

Fotografando-nos, revelaria-se um desperdício. Que desperdício.

- Que horas são?
- Cinco.
- Cinco!?!?

Parecia tarde, sentia-se o vento cobiçar as nossas folhas.

- Cinco para as seis.

Sim, o sol quase raiava. Mas abriram mais uma garrafa, ainda havia tempo.

Queriam acreditar que ainda havia tempo.

Ainda há tempo, camarada?

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