domingo, 16 de janeiro de 2011

Venha o FMI, quanto antes. (X)

1º andamento: O Beco
«Paul Krugman chamou-lhe porém “leilão pírrico” e previu que com “mais alguns sucessos destes a periferia europeia será destruída”. É fácil explicar porquê:com a inflação limitada a dois por cento pelo Banco Central Europeu, Portugal precisaria de crescer a quase cinco por cento ao ano para conseguir, sem alienar património, começar a amortizar as suas dívidas. Isto quando, nos últimos dez anos, praticamente não crescemos e, em 2011, o Banco de Portugal prevê mesmo que encolhamos 1,3 por cento."»

«Ou, como se escrevia na The Economist, “a taxa [de 6,716 por cento] é insustentavelmente alta para um país com tanta dívida pública. Se Portugal quer continuar solvente, o custo dos seus empréstimos tem de descer substancialmente”.»

«Sejamos pois claros: Portugal encontra-se numa situação semelhante à da generalidade dos países do sul da Europa que, esta semana, foi muito bem retratada por Wolfgang Münchau, colunista de assuntos europeus do Financial Times, e por Ambrose Evans-Pritchard, editor de economia internacional do Telegraph de Londres: estes países têm, ao mesmo tempo, de conseguir recuperar a competitividade perdida das suas economias e de controlar as suas dívidas, mas realisticamente só conseguirão, nas actuais condições, enfrentar um desses problemas, nunca os dois ao mesmo tempo.»

2º andamento: O Primeiro Dilema
«Em editorial, o Financial Times defende uma posição semelhante: “ao terem recusado recorrer aos fundos europeus até não terem outra alternativa, Atenas e Dublin tornaram o processo de resgate mais confuso e penoso do que o necessário. Lisboa está a repetir o erro ao encarar como uma desgraça nacional pedir ajuda”.»

Intermezzo: Os Desvairados
«É que, como escrevia a revista The Economist, “para todos aqueles que se deram ao trabalho de observar, tem sido evidente de há bastante tempo que o país estava a viver acima dos seus meios. Mais tarde ou mais cedo era inevitável que acabasse na bancarrota, e foi à bancarrota que Portugal agora chegou”. Na verdade, tecnicamente, ainda não chegámos à bancarrota, mas este artigo daEconomist também não é desta semana, foi publicado a 6 de Fevereiro de 1892.»

3º andamento: O Segundo Dilema
«É que, como se escrevia no Wall Street Journal escrevia que um eventual resgate de Portugal – cada vez mais provável, mesmo que no leilão aparecessem compradores, como apareceram – “não impediria que os problemas europeus com as dívidas soberanas continuassem a alastrar”.»

«Só sei, e não esqueço, que estamos neste buraco por causa de uma gestão política irresponsável. Não foram “os mercados” que nos aprisionaram, fomos nós que nos colocámos na posição de depender da sua boa vontade depois de anos e anos de farra orçamental, pagamentos a clientelas e gastos lunáticos.»

[Isto e muito mais aqui, no Blasfémias, de José Manuel Fernandes]

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