Uma série sobre
música. Sobre músicos, melhor. Aqui jazz, em primeiro lugar, porque é aqui. E não que aqui só possam
jazer notas de jazz, mas notas de jazz marcam o padrão do que merece estar
jazido aqui. Em terceiro, porque já jazem a maior parte dos que me jazzem.
(Por último, porque
é o melhor bar da Guarda).
Vamos inaugurar
com Eugênio Avelino (nem jaz nem jazz). Mais conhecido por Xangai, que era o
nome da gelataria do pai dele em sua cidade natal, em Vitória da Conquista,
interior da Bahia, Brasil. No sertão. Parece que todos os discos dele moram na
estante lá de casa. Como desconfio sempre de capas a preto e branco, nunca
ouvi. Mas devia ter ouvido.
Como quase sempre
acho chatas as críticas de musicólogos (muitas palavras), vou tentar deixar
apenas a essência. Sim, esta até poderia ser uma série de essências, de dar uma
picada para ver se faz reacção. Três músicas, três picadas. Vamos lá.
A primeira coisa
que me impressiona em Xangai é a sua aparente imortalidade. Parece que os
últimos 20 anos contornaram a sua cara, voz e energia. Um concerto dele é uma
experiência brilhante.
E embora Xangai seja
mais intérprete do que compositor, parece trazer nas letras da sua voz uma herança
de tal forma autêntica que lhe confere uma propriedade histórica arrepiante.
E claro que
também escolhe aquela poesia bela e inocente (que imagino cantada com um
sorriso no canto da boca) que canta o encanto daquela mulher.
"Um passo formoso é a moça
Uma árvore frondosa
É o seu dorso"
Uma árvore frondosa
É o seu dorso"
Confesso que começar
com música regional brasileira é um movimento egoísta. É também uma picada para
ver se outros Mentirosos me brindam com seus jazigos. Seria uma delícia. Na
falta de tema ficcional ou construção sobre a realidade, vou-vos apresentando
notas que talvez gostem um dia. Ou não.
Até jazz
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