Não
é comum ver e ouvir o Obama introduzir a estreia de uma série
televisiva. No entanto, fê-lo neste mês de Março a propósito da
(re-)estreia de Cosmos, por um motivo provável que tento adivinhar:
é uma série que faz falta. Como faz falta o seu criador original,
Carl Sagan, pela forma peculiar como popularizou a ciência. Notem,
não é fácil medir até que ponto se consegue isso de popularizar a
ciência, mas criar uma série de divulgação científica com 9.3 no
IMDB, à frente dos Sopranos e a meros três lugares do
mais-que-pupular Game of Thrones, é uma razoável definição de
muito. O Cosmos está de regresso, e como disse, faz falta. Faria em
qualquer momento da história, mas talvez mais nesta estranha época
em que vivemos, onde as concepções acerca da ciência tendem a
resvalar entre um “ó
investigador, vai trabalhar, pá” e “a
investigação vive no conforto de estar longe da vida real”.
Vi com atenção o primeiro episódio. Foi bem engraçado! Um dos
produtores-executivos da série é um tal o Seth MacFarlane, o mesmo
que é criador do Family Guy e American Dad. Mas foi um engraçado
diferente, com a graça não de fazer soltar uma gargalhada mas de
colar a atenção nas questões que nos fazem sentir pequenos. Tratou
principalmente de duas biografias: de Giordano Bruno e do Universo. A
primeira, um hino à força das ideias, faz-nos recordar que as
teorias que hoje tomamos como certas são também o fruto de
martírios. Giordano Bruno foi condenado à morte pela heresia de
propor a existência de outros planetas e por vulgarizar a
importância do nosso Sol no universo. E depois, enquanto nos
admiramos com ousadia de um só homem e quantdo quase nos convencemos
da infinita coragem humana, a grandeza do Universo é-nos apresentada
como um tónico contra a arrogância antropocentrista. Somos
infinitamente pequenos e são infinitas as questões que temos por
responder (e talvez infinitas as que nos faltam perguntar).
Demasiadas, portanto, para desprezar a ciência.
algures aqui
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