sexta-feira, 21 de março de 2014

a série Cosmos

Não é comum ver e ouvir o Obama introduzir a estreia de uma série televisiva. No entanto, fê-lo neste mês de Março a propósito da (re-)estreia de Cosmos, por um motivo provável que tento adivinhar: é uma série que faz falta. Como faz falta o seu criador original, Carl Sagan, pela forma peculiar como popularizou a ciência. Notem, não é fácil medir até que ponto se consegue isso de popularizar a ciência, mas criar uma série de divulgação científica com 9.3 no IMDB, à frente dos Sopranos e a meros três lugares do mais-que-pupular Game of Thrones, é uma razoável definição de muito. O Cosmos está de regresso, e como disse, faz falta. Faria em qualquer momento da história, mas talvez mais nesta estranha época em que vivemos, onde as concepções acerca da ciência tendem a resvalar entre um “ó investigador, vai trabalhar, pá” e “a investigação vive no conforto de estar longe da vida real”. 

 Vi com atenção o primeiro episódio. Foi bem engraçado! Um dos produtores-executivos da série é um tal o Seth MacFarlane, o mesmo que é criador do Family Guy e American Dad. Mas foi um engraçado diferente, com a graça não de fazer soltar uma gargalhada mas de colar a atenção nas questões que nos fazem sentir pequenos. Tratou principalmente de duas biografias: de Giordano Bruno e do Universo. A primeira, um hino à força das ideias, faz-nos recordar que as teorias que hoje tomamos como certas são também o fruto de martírios. Giordano Bruno foi condenado à morte pela heresia de propor a existência de outros planetas e por vulgarizar a importância do nosso Sol no universo. E depois, enquanto nos admiramos com ousadia de um só homem e quantdo quase nos convencemos da infinita coragem humana, a grandeza do Universo é-nos apresentada como um tónico contra a arrogância antropocentrista. Somos infinitamente pequenos e são infinitas as questões que temos por responder (e talvez infinitas as que nos faltam perguntar). Demasiadas, portanto, para desprezar a ciência. 

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