quarta-feira, 19 de março de 2014

Escrever para lembrar

Não é arriscado dizer que a escrita é uma extensão da memória. Nem sequer é original. O Dr. Juvenal Urbino d'O Amor nos Tempos de Cólera encarava o esquecimento que a idade traz com inúmeros apontamentos, perdidos pelos vários bolsos. Contra a decrepitude, uma forma de luta corajosa. Escrever para lembrar. O que não deixa de ser parecido ao acaso dos arqueólogos encontrarem mensagens dos primórdios da humanidade, significados que sobrevivem a qualquer outra lembrança. A escrita como início da história, a estender a própria existência. Escrever para lembrar.

Pode assim falar-se de uma folha em branco como anos perdidos. Em sentido inverso, a esperança média de vida de uma pessoa é um número incompleto, se lhe faltar somar o tempo que demoram as palavras. (Tenho inveja dos escritores, animais pagos para durar mais anos.) Tenho também um problema momentâneo, confesso que comecei a escrever tudo isto com um propósito bem interessante, mas esqueci-me do que ia dizer. Era qualquer coisa relacionada com esse livro, O Amor nos Tempos de Cólera, mas bem, fica para a próxima quarta.

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