Não é arriscado dizer que a escrita
é uma extensão da memória. Nem sequer é original. O Dr. Juvenal
Urbino d'O Amor nos Tempos de Cólera encarava o esquecimento que a
idade traz com inúmeros apontamentos, perdidos pelos vários bolsos. Contra a
decrepitude, uma forma de luta corajosa. Escrever para lembrar. O que
não deixa de ser parecido ao acaso dos arqueólogos encontrarem
mensagens dos primórdios da humanidade, significados que sobrevivem
a qualquer outra lembrança. A escrita como início da história, a
estender a própria existência. Escrever para lembrar.
Pode assim falar-se de uma folha em
branco como anos perdidos. Em sentido inverso, a esperança média de
vida de uma pessoa é um número incompleto, se lhe faltar somar o
tempo que demoram as palavras. (Tenho inveja dos escritores, animais
pagos para durar mais anos.) Tenho também um problema momentâneo,
confesso que comecei a escrever tudo isto com um propósito bem interessante, mas
esqueci-me do que ia dizer. Era qualquer coisa relacionada com esse livro, O Amor nos Tempos de Cólera, mas bem, fica para a próxima quarta.
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