...de mais um destes Setembrinhos anunciantes da restauração da ordem, ainda com a flutuante caganita Solar daquele mês que não acabou. Digno de registo, caros igualmente desocupados, apresento esta sombrinha de palavras que tenta ser muito pouco pessoal – quiçá jornalística - para se refrescarem à sombra do meu infame timbre. Redondamente falharei na imparcialidade, mas, e afinal de contas, o livre jornalismo também tem falhado, não é Manuela?
a) Debate televisivo de Francisco Louça e Jerónimo de Sousa
Confesso que esperava muito mais luta e sangue e desmembramento desumano – os nossos pseudo-herdeiros directos do gene revolucionário desiludiriam o barbudo, na sua passividade compreensível – afinal, o inimigo está mais à direita, na ignóbil personificação que esta extremada esquerda fez (faz, fará) do abominável Sócrates e da bruxa Ferreira Leite, para não falar do narigudo dos submarinos. Ouve lugar neste barco para os comunistas da ruptura de Marx e debatistas duma esquerda muito reformista (sem opção ideológica assumida) esconderem seus ódios e remarem na mesma direcção, o que, claro, teve uma consequência gravíssima: tirou a piada toda ao confronto. Não que eu aposte em alguma destas cristas , filhos da Mentira: gosto igualmente pouco de ambos.
Lançaram-se aqueles temas óbvios e que foram debatidos sem causar o mínimo interesse para a minha pessoa, como nacionalização da banca, (in)justiça na economia, sector energético, “os poderosos” de Jerónimo e “os intocáveis” de Louça, seus impostos discriminatórios (assentes em generalizações que não aceito) de nacionalização da riqueza privada, os lucros de determinadas empresas e seus empresários, sustentantes de teorias de asfixia e controlo legislativo do tecido empresarial, enfim, mais do mesmo, a conversa de sempre, do discurso martelante e repetitivo que a política portuguesa já nos acostumou. O Plano de Reabilitação Urbano proposto pelo bloco de Louça parece-me uma medida necessária (avivaria a velha Lisboa) e interessante enquanto incentivo económico e medida de promoção de emprego, e embora não conheça as entranhas de tal projecto, imagino que não se compatibilize com as directrizes que defenderia para sua execução, tamanha a alergia da contemporânea esquerda verdadeiramente esquerda pelo sector privado e pelas parcerias público/privado. Estes assuntos, para quem os entende verdadeiramente.
Obviamente estes especialistas na radiografia da podridão e contestação social não iriam deixar escapar os Professores, claro que não. Sentem muito orgulho na força e dedicação e vontade dos professores em contestar mais do que o plano de avaliação e suas respectivas tretas, o partido socialista, o que não deixa de ser curioso: sabem perfeitamente que qualquer alteração significativa que afecte esta classe irá causar contestação e que essa alteração é absolutamente necessária e imperativa para a sociedade. Orgulho é certamente o que não sinto pela generalidade dos nossos professores (não me refiro a si, e você sabe), embora reconheça o maior dos méritos a quem dedicadamente desempenha este papel com o brio e a responsabilidade necessários. A politização desta situação é inevitável, mas o nosso avant-garde primeiro ministro já se tem vindo a coordeirizar - novidade? Talvez não. De qualquer forma, esta esquerda não pastará com o Zé.
No plano pessoal e humano daquelas criaturas, nada de novo. O inteligentíssimo (sem a ponta de ironia) do Louça disse as palavras certas, politicamente correcto e educado, focado nos chavões do seu partido que não deixou de deixar escapar para o escrutínio pessoal do confuso eleitorado suas enumeradas medidas de combate ao capitalismo (com os mesmos dedos que contorce nas nossas feridas de bala), ao neo-liberalismo dos burgueses que sua imagem até aparenta, mas que suas palavras veementemente contradizem. Aproveitou a deixa para afirmar inocentemente que “não interrompo” o discurso do Sr. Jerónimo, mesmo sendo sua vez de tomar a palavra, em cheirinho de pissada ao debate de ontem, como diriam os superiores politólogos. Sussurrou uns beijinhos ao Alegre, que os deve ter ouvido bem (pudera) e certamente ficou… contente. O que me verdadeiramente incomoda é aquela expressividade de prisão de ventre dos possantes palavrões que escolhe – o “horror” o “desastre” a “guerra” a “arrogância” o “agressivo” o “absolutista”o “gravíssimo”, contorcidos e tão apocalipticamente expressados. Eu percebo, mas ai, incomoda-me. Desculpa aí.
O avô cantigas, enfim. Nada a dizer de especial: o clássico, o de sempre. O que pede desculpa por parecer rude em determinada explicação, porém é continuamente rude. Não tem a genialidade do Louça, nem o seu discurso retoricamente perfeito: hesita, pensa no meio das frases - não tem a política na ponta da língua, mas sim no sangue que lhe dá cor. Cumpre o seu papel de líder do seu velho partido, nada mais. Não apela como os rivais “comunistas” urbanos.
A consonância desta esquerda que se choca foi imperativa, e os galos não lutaram, nem sendo espicaçados sem rodeios. Acabaram até por namorar uma horita no ringue público, vejam só. Chikens!
b) O assunto verdadeiramente importante do dia
Os bilhetes para a maravilhosa Diana Krall estão a esgotar. Mas eu já tenho.
Peço desculpa pela extensão da minha idiota palavra. Sei que o nosso espaço é feito por jovens, e para jovens, e para a troca de ideias que interessam a esta faixa etária. Sei que tal tema não costa na agenda da maioria das nossas donzelas e mancebos, mas quem sabe um dia brote no programa eleitoral do Partido Moranguista Açucarado (em coligação com o Movimento dos Trabalhistas da Vaidade – MTV), e a nossa sociedade evolua um pouquinho, um nadinha, um cheirinho, desta dormência cerebral, desta escandalosa e cabeluda Mentira.
E em meia duzia de linhas (não percebo as desculpas pela extensão, mas está bem, tu lá deves saber!) está resumido (e muito bem resumido! Parabéns!) todo um debate (se é que aquilo se pode chamar debate!) politico entre 2 esquerdistas extremistas!!
ResponderEliminarSó ha uma pequena coisa que tu escreveste e que eu não acredito que seja verdade: (lá estou eu a usar a «palavra chave» desta campanha para estas legislativas!, mas enfim...) "Confesso que esperava muito mais luta e sangue e desmembramento desumano"
E quem és tu, nobre anónimo?
ResponderEliminarNão esperava doçura do teu ponto-de-vista. Um debate de admiráveis tem as suas virtudes visíveis aos olhos de quem esconde a teimosia no bolso e se deixa envolver na razão. Em primeiro lugar, é com relutância que encontrou na tua análise o vocábulo pseudo, a anteceder a herança do gene revolucionário. Não temas dize-lo, o gene está vincado... Adiante.
ResponderEliminarNão compreendo porquê tanto mal-estar na falta de uma ideologia de orientação no partido do Dr. Lousã. Quando a oposição acorda do lado direito da cama, o partido é de extremo-ultra-trotskismo. Quando tem insónias a pensar na esquerda, aí não existe no bloco uma definição política. Nem comento a primeira, e nem concordo com o pejorativo da segunda. Nessa indefinição teimam em encontrar um ponto negativo. Existe um programa eleitoral, e um programa de governo definido, com propostas definidas e justificadas. Mas enfim, parece haver mais obsessão em catalogar ortodoxias ideológicas da parte de simpatizantes de outros partidos do que da parte de militantes do próprio.
(Qual é a ideologia de um PS ou PSD? Com que “ismo” ideológico foram fundados tais partidos? )
Desculpa ainda não entender o conceito que almejas atribuir a justiça económica.
Falaste em intocáveis... ah, os intocáveis. Mas há um equívoco nessa análise. O projecto que vai do Jerónimo ao Loucã passa por garantir que não há intocáveis. E esse, é o mal das vozes que tentam arranjar caminhos que contornem os pilares da oligarquia, sem lhe tocar.
Não falo da avaliação dos professores, não conheço o processo e tenho preguiça de conhecer. Mas um dos pontos onde divergiram os opositores no debate, foi na apresentação e não apresentação de modelos de avaliação. O Jerónimo só disse que não concordava com o modelo, mas não apresentou alternativa. Para mim, é algo óbvio e sem volta-a-dar: a avaliação nos professores tem que existir. Assim como em restantes serviços públicos. E não ouviste no debate ninguém dizer o contrário.
O debate deu-se sem conflito PCP/BE. Compreendo, os inimigos (vais-me bater por usar uma palavra tao VIOLENTA?) estão bem identificados. Podiam traçar-se divergências de maneira a captar algum eleitorado indeciso entre forças de esquerda... E julgo que isso devia ter sido levado a cabo pelo Jerónimo, não por imperativo de razão, mas por necessidade.
Não nego que talvez por algum fetichismo histórico para com o partido comunista, este era o debate que mais me punha água na boca. Engoli em seco.
Não me conheces Sr. Felipe?? Sou o Gordo, o Bermardo!!
ResponderEliminar"Para mim, é algo óbvio e sem volta-a-dar: a avaliação nos professores tem que existir. Assim como em restantes serviços públicos. E não ouviste no debate ninguém dizer o contrário."
ResponderEliminarCamarada Fernando Pedro, isso nem os professores põem em questão: Todos querem ser avaliados!! (Tirando um ou outro bloquistas que não gostam de ser professores, que não têm gosto em dar aulas, que para eles é um sacrifio do caralho ter que levantar o cu da cama de manhazinha para ir ensinar putos irritantes!!)
Mas a questão não é essa...
O problema é que o Sr José Sócrates apareceu (e mais do que uma vez!!) na comunicação social a afirmar que o modelo de avaliação dos professores que ele e que a sua apaixonada "MILU" contruiram É BOM e que se TINHA DE SE POR EM PRÁTICA, porque os professores tinham de ser avaliados MESMO CONTRA A SUA VONTADE!!!!!!!!!!
Ou seja, a mensagem que esse filho da mãe passou aos portugueses é que os professores não queriam ser avaliados e que esse era o motivo de virem 120.00 para as ruas manifestarem-se!
ERRADO! A AVALIAÇÃO TEM QUE EXISTIR (CLARO!) E OS PROFESSORES QUEREM SER AVALIADOS, SÓ QUE QUEREM OUTRO MÉTODO DE AVALIAÇÃO!!
GORDO
Muito feio, ó "Gordo".
ResponderEliminarNa Mentira encorajamos cada qual a manifestar a sua opinião pessoal sempre que queira, mas regradamente e sem ataques pessoais e descabidos - sem tanta raiva latente em seus dedos gorditos, amigo. Seria lamentável tirar a caneta azul do estojo.
Meu caro Filipe, "ataques pessoais e descabidos"??
ResponderEliminarPeço desculpa pela minha ignorância mas não entendi o seu comentário.
Está perdoado pela sua ignorância, então.
ResponderEliminareu não disse que concordava com o modelo de avaliação do eng. Sócrates. disse que concordava que a avaliação tem que existir!
ResponderEliminardaí que, pondo de parte as palavras pueris com que retratou características falsas acerca de professores de qualquer forma ligados ao bloco, só posso ver no ser extenso comentário um elogio ao meu post.
post nao, comentário ao post do felipe (ou parte desse comentário).
ResponderEliminarHEY! O GORDO AQUI É O FELIPE
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